Café: Bolsa de Nova York tem queda de mais de 300 pts nesta 2ª feira com câmbio e rolagens
As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerraram o pregão desta segunda-feira (14) com quedas de mais de 300 pontos e o vencimento setembro/17 ficou abaixo do patamar de US$ 1,40 por libra-peso. O mercado sentiu a pressão da valorização do dólar ante o real, mas também realizou ajustes técnicos durante a sessão ante as altas recentes e rolagens de contratos.
O contrato setembro/17, referência de mercado, fechou a sessão de hoje cotado a 136,95 cents/lb com queda de 335 pontos, o dezembro/17 registrou 140,50 cents/lb com recuo de 335 pontos. Já o vencimento março/18 encerrou o dia com 144,00 cents/lb e desvalorização de 340 pontos e o maio/18, mais distante, também caiu 340 pontos, fechando a 146,25 cents/lb.
Depois de testar máximas de quatro meses e meio na semana passada, as cotações do arábica iniciaram a semana com ajustes naturais. Além disso, rolagens de contratos do setembro para o dezembro foram vistas e o câmbio também teve papel importante na formação dos preços externos do grão nesta segunda. As informações são de agências internacionais. Na expectativa do anúncio da meta fiscal, o dólar comercial chegou a testar máxima de R$ 3,2065 na sessão.
A divisa acabou fechando o dia com alta de 0,88%, a R$ 3,2020 na venda, com investidores na defensiva antes do governo anunciar as novas metas para 2017 e 2018. O maior patamar desde 13 de julho. O dólar mais valorizado ante o real tende a impactar as cotações do grão, pois impacta diretamente nas exportações da commodity já que todas as transações são feitas com a moeda estrangeira.
O Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) divulgou na última semana que as exportações de café do Brasil em julho totalizaram 1,75 milhão de sacas, responsáveis por uma receita cambial de US$ 283,4 milhões, mas com uma queda de 8,1% em relação ao mesmo volume embarcado no mesmo período do ano passado.
"As exportações brasileiras de julho totalizaram apenas 1,751,804 sacas, o menor nível desde fevereiro de 2004 e curiosamente os estoques no destino teimam em não cair – há um “atraso” na resposta, natural. O noticiário internacional tem transpirado os problemas com broca que acontecem no Brasil, uma conversa por ora ainda não digerida pelos agentes, os quais acreditam ser menos importante do que acompanhar o clima", disse em relatório o analista de mercado Rodrigo Costa.
Ao que parece, o mercado já deixou mesmo de repercutir no curto prazo as informações sobre a safra 2017/18do Brasil, que apresenta problemas de granação e tem relatos de broca em importantes origens produtoras. Ainda assim, segundo a analista Judith Ganes-Chase, da J Ganes Consulting, o mercado tem espaço para nos altas à frente diante da infestação de broca no país que é o maior produtor e exportador da commodity no mundo.
A próxima temporada, que deve ser de produção recorde no Brasil, segundo a analista internacional, pode ajudar no reabastecimento dos estoques do país. "Há pouca margem de manobra para a questão da produção, tendo em vista os modestos estoques dos países produtores", afirma Ganes-Chase, que ainda alerta que "os futuros estão "vulneráveis a uma corrida ascendente" por causa da praga "e a situação deve ser monitorada cuidadosamente".
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Mercado interno
Nas praças de comercialização do Brasil, os negócios com café seguem acontecendo lentamente, mas com mais negócios do que nas últimas semanas, conforme relataram agentes do setor. Os preços internos, em algumas localidades, tiveram ganhos consideráveis na última semana. "Expectativas de menor oferta no Brasil têm impulsionado as cotações do café arábica nos mercados interno e externo. [...] Nesse cenário, algumas negociações foram observadas no mercado spot", informou o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP).
O café tipo cereja descascado registrou maior valor de negociação em Guaxupé (MG) (-1,89%) e Varginha (MG) (estável), ambas com saca a R$ 520,00. A maior oscilação no dia ocorreu em Patrocínio (MG) com recuo de 4,00% e saca a R$ 480,00.
O tipo 4/5 registrou maior valor de negociação em Franca (SP) com saca a R$ 515,00 - estável. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) queda de 1,24% e saca a R$ 477,00.
O tipo 6 duro anotou maior valor de negociação em Franca (SP) com R$ 500,00 a saca - estável. A maior oscilação no dia ocorreu em Patrocínio (MG) que teve queda de 2,13% e saca a R$ 460,00.
Na sexta-feira (14), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 473,88 e alta de 0,44%.