Café arábica sobe mais de 100 pts em NY nesta 2ª com mercado preocupado com qualidade da safra no Brasil
As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam a sessão desta segunda-feira (31) com alta de mais de 100 pontos. Os operadores no terminal externo seguem repercutindo as preocupações com a qualidade da safra 2017/18 do Brasil, que está em plena colheita. Os principais vencimentos já estão próximos de US$ 1,40 por libra-peso. Patamar mais alto desde 20 de abril.
O contrato setembro/17 fechou a sessão cotado a 139,25 cents/lb com alta de 140 pontos, o dezembro/17, referência de mercado, registrou 142,75 cents/lb com avanço de 135 pontos. Já o vencimento dezembro/17 encerrou o dia com 146,30 cents/lb e valorização de 135 pontos e o março/18, mais distante, também subiu 135 pontos, fechando a 148,55 cents/lb.
Gráfico do mercado do café na Bolsa de Nova York nesta 2ª feira – Fonte: Investing
"Há certa preocupação sobre possíveis problemas climáticos e preocupações sobre a qualidade da colheita do Brasil", disse à agência de notícias Reuters a analista de mercado e presidente da J. Ganes Consulting, Judith Ganes-Chase. Esses temores do mercado com a safra já repercutem desde a semana passada, com relatos de casos de broca em importantes regiões produtoras.
De acordo com o analista de mercado do Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes, exportadores do grão estão bastante assustados com a situação. "Temos relatos de incidência de broca em quase todas as regiões. Exportadores têm relatado porcentagem de até 30% de grãos brocados, quando o índice de 5% a 10% já seria considerado alto para o Brasil", diz.
Para Carvalhaes, os preços do café não têm estimulado os produtores nos cuidados com as lavouras.
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Conforme a colheita avança no Brasil, a consultoria Safras & Mercado aponta que os trabalhos estavam em 73% até o dia 25 de julho, os problemas começam a aparecer e repercutir no mercado. Além dos relatos de broca, também há informações de quebra e questões que envolvem a granação nesta temporada.
"A safra deixou a desejar, com bastante café miúdo, rendimento ruim e uma quebra de 10% a 20%, além da incidência elevada de broca", afirma o presidente do CCCMG (Centro do Comércio de Café do Estado de Minas Gerais), Archimedes Coli Neto.
O câmbio também segue impactando o mercado, uma vez que influencia as exportações da commodity. O dólar comercial recuou 0,52% nesta sexta, a R$ 3,1183 na venda, repercutindo um cenário político mais calmo. Esse é o menor patamar desde 16 de maio. A moeda estrangeira mais baixa tende a desencorajar os embarques do grão pelo Brasil, por isso tende a dar suporte aos preços externos.
Mercado interno
Os negócios com café seguem lentos nas praças de comercialização do Brasil. O Cepea (Centro de Estados Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP) informou na semana passada que a retração de compradores e vendedores mantém liquidez baixa no mercado.
"O clima mais frio tem atrasado o beneficiamento dos grãos, principalmente a secagem, limitando a oferta no mercado físico. Além disso, muitos produtores estão concentrados nas entregas futuras, em detrimento das negociações no spot, cenário que também tem travado as negociações do arábica", disse o Centro.
O café tipo cereja descascado registrou maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com saca a R$ 515,00 – estável. A maior oscilação dentre as praças no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG) que teve alta de 1,04% e saca a R$ 486,00.
O tipo 4/5 registrou maior valor de negociação em Franca (SP) com saca a R$ 500,00 – estável. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com alta de 1,06% e saca a R$ 475,00.
O tipo 6 duro anotou maior valor de negociação em Varginha (MG) com R$ 478,00 a saca e alta de 0,63%. A maior oscilação no dia dentre as praças verificadas ocorreu em Espírito Santo do Pinhal (SP) com queda de 2,17% e saca a R$ 450,00.
Na sexta-feira (28), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 464,11 e alta de 1,15%.