Café: Bolsa de Nova York reage na sessão desta 5ª após recentes baixas, mas julho/17 segue abaixo US$ 1,30/lb

Publicado em 25/05/2017 17:50

As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) reagiram na sessão desta quinta-feira (25) após registrarem três quedas consecutivas. O mercado repercutia nos últimos dias, e chegou a acompanhar também na sessão de hoje, as informações de ampla oferta na safra 2017/18 e o câmbio. No entanto, os ajustes prevaleceram no fim dos trabalhos. O clima no Brasil diante dos prejuízos com a colheita segue no foco dos operadores.

O contrato julho/17, referência de mercado, fechou a sessão cotado a 129,30 cents/lb com alta de 75 pontos, o setembro/17 registrou 131,65 cents/lb com avanço de 70 pontos. Já o vencimento dezembro/17 encerrou o dia com 135,20 cents/lb e valorização de 70 pontos e o março/18, mais distante, subiu 65 pontos, fechando a 138,60 cents/lb.


Gráfico do mercado do café na Bolsa de Nova York nesta 5ª feira – Fonte: Investing

Apesar da leve alta vista no mercado, a cotação para o vencimento julho/17 está abaixo do patamar de US$ 1,30 por libra-peso, que conseguiu ser mantido nos últimos dias. "Ideias de melhor produção mundial são vistas uma vez já que muitos olham para a cultura com maior otimismo com a colheita próxima. Também há ideias de que a demanda permaneça fraca uma vez que a maioria das torrefadoras ainda não está comprando muito em mercados à vista no mundo", disse o analista e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville.

Sem muitas informações para repercutir, os preços externos do grão chegaram a recuar e estender as perdas das últimas três sessões ainda acompanhando as informações sobre a oferta na safra 2017/18, que deve ser maior do que se esperava inicialmente uma vez que a produção no Brasil é de bienalidade negativa.

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou na sexta-feira, em relatório, que a produção do Brasil deve ficar em 52,1 milhões de sacas neste ano. O número representa uma queda de 4 milhões de sacas ante a safra anterior. O adido traz que as "floradas adequadas e condições climáticas favoráveis na maior parte das regiões produtoras provavelmente vão contribuir para boas produtividades", mesmo em ciclo de bienalidade negativa.

O câmbio também atuou como fator baixista na Bolsa de Nova York durante a tarde desta quinta-feira. O dólar comercial fechou o dia com alta de 0,12%, cotado a R$ 3,2830 na venda, com investidores de olho na política que podem repercutir nas reformas em andamento no Congresso. O dólar mais alto em relação ao real tende a dar maior competitividade às exportações da commodity.

O clima que afetou a colheita no Brasil também segue repercutindo, em menor intensidade, no mercado do arábica. Chuvas afetaram a colheita do grão em importantes regiões produtoras, conforme reportamos no início da semana, e isso pode afetar a secagem do produto e também prejudicar a qualidade, que tem impacto no momento da comercialização.

De acordo com estimativa da consultoria Safras & Mercado, até o dia 23 de maio a colheita da safra 2017/18 do Brasil estava em 15%. Na semana passada, a colheita estava em 11%. Levando em conta a estimativa da consultoria, de produção de 51,1 milhões de sacas de 60 kg neste ano no Brasil, já foram colhidas pelos produtores 7,44 milhões de sacas.

Segundo o analista de mercado da Safras, Gil Carlos Barabach, as chuvas atrapalharam o andamento da colheita na última semana. "Além de interromperem o trabalho de retirada do café dos cafeeiros, o excesso de umidade também prejudica a secagem. Muito café acabou caindo no chão, mas ainda é cedo para dimensionar prejuízos. Talvez, o principal impacto seja mesmo na qualidade da bebida. E, assim deve começar a aparecer mais café de bebida mais fraca no mercado", afirma.

» Café: Colheita da safra 2017/18 do Brasil avança para 15% até 23/05, estima Safras & Mercado

Mercado interno

Os negócios com café são isolados nas praças de comercialização do Brasil mesmo com os preços internos esboçando reação nos últimos dias diante da recente valorização do dólar frente ao real. Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP), a retração vendedora ainda está presente no mercado e as incertezas econômicas e políticas no Brasil também assustam os produtores.

O café tipo cereja descascado registrou maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com alta de 1% e saca cotada a R$ 505,00. Poços de Caldas (MG) teve a maior oscilação no dia dentre as praças com alta de 4,46% e saca a R$ 492,00.

O tipo 4/5 anotou maior valor de negociação em Franca (SP) (-2,08%) e Varginha (MG) (-2,08%), ambas com 470,00 a saca. As cidades tiveram as maiores oscilações no dia.

O tipo 6 duro anotou maior valor de negociação em Araguari (MG) com R$ 470,00 a saca e estabilidade. A maior oscilação no dia ocorreu em Franca (SP) com queda de 2,13% e saca a R$ 460,00.

Na quarta-feira (24), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 453,09 e queda de 0,15%.

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Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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