Café arábica estende ganhos na Bolsa de Nova York e inicia semana com altas de mais de 100 pts
O mercado do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fechou a sessão desta segunda-feira (8) com alta próxima de 100 pontos nos principais vencimentos e estendeu os ganhos registrados no acumulado da semana passada, que foram de quase 2%. As cotações da variedade registraram valorização ainda em ajustes técnicos e com os operadores bastante atentos ao clima no Brasil diante da colheita que já acontece em algumas áreas do país. Com esse novo avanço, os lotes mais próximos voltam a ficar em cerca US$ 1,35 por libra-peso e podem subir mais.
O contrato maio/17 fechou a sessão cotado a 134,55 cents/lb com alta de 145 pontos, o julho/17, referência de mercado, registrou 136,90 cents/lb com avanço de 120 pontos. Já o vencimento setembro/17 encerrou o dia com 139,20 cents/lb e valorização de 120 pontos e o dezembro/17, mais distante, subiu 115 pontos, fechando a 142,65 cents/lb. Essa é a segunda sessão consecutiva de valorização no mercado.
Gráfico do mercado do café na Bolsa de Nova York nesta 2ª feira - Fonte: Investing
Apesar da baixa na quinta-feira da semana passada, parece que o tom positivo do mercado deve continuar nesta semana, já que essa é a segunda alta seguida nas cotações do arábica dando sequência aos fortes ganhos nos últimos dias. "Os gráficos semanais sugerem que a tentativa de rali atual é um esforço de recuperação a curto prazo e que o mercado testou e realizou áreas de apoio por conta de uma grande baixa durante o inverno", explicou em relatório o vice-presidente e analista da Price Futures Group, Jack Scoville.
A trader sul-africana I&M Smith confirma que o mercado tem se baseado mais em fatores técnicos e indicadores gráficos nos últimos dias, já que os mercados do café arábica e robusta seguiram em alta na semana passada ainda que "não haja atualmente nenhum fator fundamental para elevar e apoiar os mercados, mas não há dúvida de que este é um ano de déficit global no fornecimento de café". A empresa acrescenta que esse fator deve, provavelmente, apoiar o grão e manter algum grau de oscilação nos preços.
De acordo com o analista de mercado e diretor da Comexim nos Estados Unidos, Rodrigo Costa, a abertura no positivo e acima e 135,00 cents/lb nesta segunda-feira já é o suficiente para animar o pessoal de curto-prazo a testar 137,75 cents/lb e então empurrar as cotações para cima de 140,00 cents/lb, onde stops de compra devem acelerar novas altas.
"Acredito termos no máximo mais dois meses para ver uma aproximação entre compradores e vendedores, quando então não haverá mais ofertas “baratas” no spot e os agentes que hoje ainda estão comprados em diferenciais terão escoado seus cafés. Se os embarques doBrasil nos próximos três meses não ultrapassarem um total de 6,5 milhões de sacas a sensação de abundância de café no destino sofrerá uma alteração, justamente quando estaremos no pico do inverno brasileiro.", disse Costa em relatório.
Além das questões mais técnicas, o mercado também tem encontrado apoio nas condições climáticas recentes no Brasil diante colheita da variedade que já acontece em algumas regiões produtoras do país. Nos últimos dias não fez tanto frio nas origens produtoras como nos últimos dias de abril, de acordo com mapas climáticos, mas o temor com geadas repercute entre os operadores. Até o dia 10/04 não há perspectiva de frio intenso para as áreas cafeeiras. As informações são da Climatempo.
"O clima no Brasil entra no radar dos operadores, tanto no monitoramento das chuvas durante o período de colheita como também das temperaturas no cinturão de café. Uma perda de qualidade causada por precipitações tem um potencial altista para as cotações, assim como chegadas de frentes-frias a partir de junho desencorajarão uma venda agressiva por parte dos especuladores.", Rodrigo Costa
Mercado interno
Diante das altas externas, os preços do café registraram valorização também nas praças de comercialização do Brasil nos últimos dias. Ainda assim, os negócios da variedade seguem isolados. Segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP), a proximidade da colheita da temporada 2017/18 e as quedas externas nas últimas semanas contribuíram para afastar os produtores de arábica do mercado. Além disso, os preços pedidos pelo cafeicultor e os ofertados estão distantes.
O café tipo cereja descascado registrou maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com saca cotada a R$ 510,00 e alta de 2%. A maior oscilação no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG) com alta de 3,25% e R$ 509,00 a saca.
O tipo 4/5 anotou maior valor de negociação em Franca (SP) com 480,00 a saca e alta de 2,13%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.
O tipo 6 duro anotou maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com saca a R$ 470,00 e alta de 2,17%. Foi a maior variação no dia dentre as praças.
Na sexta-feira (5), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 459,44 e alta de 0,84%.