Importação brasileira de café faz oscilarem as curvas futuras, afirma diretor do IEA
Sinais de que a economia brasileira retoma o crescimento econômico se tornaram mais consistentes no primeiro trimestre de 2017. Os mais de R$ 30 bilhões a serem liberados das contas inativas do FGTS, associados à excepcional safra agrícola e a retomada das importações de bens de capital, formam um conjunto capaz de oxigenar a economia, resgatando-a do processo recessivo em que se encontra, observa o pesquisador Celso Luis Rodrigues Vegro, diretor do Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Vegro afirma que, não obstante o cenário exposto acima, “não houve arrefecimento na curva futura das cotações do dólar na BM&F. A possibilidade de que o governo americano promova política fiscal expansionista e de que os juros básicos assumam trajetória ascendente tornam mais atraente os investimentos financeiros no próprio EUA, enxugando sua oferta em outros mercados”. Os investidores da BM&F-BOVESPA, cientes dessa possibilidade, alavancaram as cotações do dólar futuro, ressalta o pesquisador. “Expectativas de alta para as cotações futuras do dólar são benéficas para a rentabilidade dos cafeicultores, pois grande parte dos insumos foi comprada com dólar mais baixo e a comercialização se dará com a valorização daquela moeda, incrementando os reais que receberá pelo produto”, comenta.
Os contratos futuros negociados para entrega na última semana de setembro registraram cotação média de US$¢ 154,28/lbp. Efetuadas as devidas conversões e empregando a média futura das cotações do dólar para a mesma posição, ter-se-ia R$ 675,44/sc. Assumindo diferencial de 25% para o natural brasileiro sobre o contrato em Nova York acrescido das despesas financeiras e de logística, alcança-se valor de R$ 506,58/sc., montante insuficiente para que os cafeicultores procurem o mercado futuro para proteger sua renda, uma vez que o preço médio recebido em fevereiro pelos cafeicultores na região de Franca, Estado de São Paulo, foi de R$505,87/sc. para o tipo 6, esclarece Vegro.
A explicação para as oscilações nas cotações do arábica também se aplica ao movimento dos preços do robusta na Bolsa de Londres. Impulsionado pela perspectiva de importação por parte do Brasil, na média da primeira semana, houve forte elevação nas cotações. Com a suspensão da decisão, desabam as cotações na média da segunda semana com ligeiros ajustes altistas nas médias das semanas seguintes. Com a proximidade da colheita do conilon brasileiro (início em maio), pode-se esperar reacomodação das cotações em patamar inferior ao praticado nas duas últimas semanas do mês.
Importante trader do mercado de café apresentou expectativa de colheita para o Brasil de 47,1 milhões de sacas. Essa quantidade é inferior às necessidades domésticas e o escoamento internacional que ronda 4,2 milhões de sacas ao mês (verde, solúvel e T&M). “Um déficit de 2 a 3 milhões de sacas, em um contexto de escassez de estoques e crescimento da demanda global, poderá fortalecer as cotações já no período de colheita, tornando-as muito elevadas na entressafra brasileira”, conclui Vegro.
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