Café arábica sobe 4% na semana em NY e busca patamar de US$ 1,55/lb acompanhando clima no Brasil e câmbio

Publicado em 13/01/2017 16:49

Apesar das cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharem a sessão desta sexta-feira (13) com leve baixa, no acumulado da semana os preços externos da variedade tiveram valorização de cerca de 4% nos principais vencimentos. O mercado avançou nos últimos dias com suporte do câmbio, em ajustes técnicos e com os operadores repercutindo as informações sobre o clima no cinturão produtivo do Brasil, maior produtor e exportador da commodity no mundo. Com o avanço externo, os preços no Brasil também subiram.

Com a valorização por quatro dias seguidos durante a semana, os futuros do arábica consolidaram o patamar de US$ 1,50 por libra-peso e os vencimentos mais distantes já buscam o nível de US$ 1,55/lb. Nesta sexta, o contrato março/17 registrou 149,30 cents/lb com 30 pontos de queda, o maio/17 anotou 151,70 cents/lb com 30 pontos de desvalorização. Já o vencimento julho/17 encerrou o dia negociado a 154,00 cents/lb com 30 pontos de baixa e o setembro/17, mais distante, recuou 25 pontos, cotado a 156,25 cents/lb.

Na quinta-feira, os futuros do arábica atingiram máxima de seis semanas, chegando a US$ 1,516/lb. O maior patamar desde 29 de novembro. O clima no cinturão produtivo do Brasil voltou a chamar a atenção dos operadores, segundo agências internacionais. "A seca continua sendo uma ampla preocupação ao redor de grande parte do cinturão cafeeiro", disse o serviço de meteorologia MDA Information Systems em reportagem da agência de notícias Reuters.

"Chuvas durante o fim de semana devem dar algum alívio, mas mais chuvas ainda serão necessárias mais adiante na próxima semana".

"Os futuros estão mais altos com relatórios apontando o retorno no tempo seco no Brasil, que pode afetar o potencial produtivo. O clima segue seco em áreas de robusta e em áreas de arábica está regular no momento. Existem especulações de uma produção no país em até 55 milhões de sacas em 2016, com quase todas as estimativas apontando produção entre 50 e 55 milhões de sacas em 2016. O mercado também tem apoio de especuladores, com recompras de fundos", disse em relatório na quarta-feira o vice-presidente da Price Futures Group e analista de mercado, Jack Scoville.

A exportadora Terra Forte estima a produção de café do Brasil na safra 2017/18 em 48,055 milhões de sacas de 60 kg, com uma queda de 11,7% na comparação com a temporada anterior, principalmente devido à bienalidade negativa do arábica e menor produção de robusta.

A Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), maior do mundo, estima queda na produção de café do Brasil em 2017 em cerca de 17%. A produção na área de abrangência da cooperativa em 2016 foi de 20 milhões de sacas. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima que o Brasil fechou o ano de 2016 com produção recorde de café, foram 51,37 milhões de sacas entre arábica e conilon, variedade brasileira do robusta.

Alguns envolvidos no mercado do café acreditam que as melhores condições climáticas no fim de 2016 devem contribuir para minimizar os efeitos da bienalidade negativa. No entanto, segundo reporte recente do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP) nesta quarta-feira, o clima tem sido favorável, mas a bienalidade negativa deve resultar em menor produção de café na temporada brasileira 2017/18, com isso os preços devem se manter firmes ao longo do ano.

Além dos fundamentos, o arábica também teve suporte durante a semana de indicadores, após cair bastante no fim de 2016, e também seguiu o câmbio. Nesta sexta, no entanto, o dólar comercial avançou 1,45%, cotado a R$ 3,2216 na venda. Na semana, a divisa fechou praticamente estável com recuou de 0,01%, após três baixas semanais seguidas. As informações são da Reuters. O dólar mais baixo desencoraja os embarques do grão brasileiro e podem contribuir para um ajuste na oferta global de café.

O Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) divulgou na quarta os números finais das exportações do país em 2016, que totalizaram 34 milhões de sacas de 60 kg em 2016. O número representa uma queda de 8,1% em relação ao volume exportado em 2015 (37,02 milhões de sacas). A receita com as exportações também teve um decréscimo, de 12,3%, com US$ 5,4 bilhões.

Para 2017, o Cecafé acredita que os números de exportação devem ficar estáveis mesmo com as indicações de que a safra de arábica será mais baixa em algumas regiões produtoras e a de robusta possa enfrentar mais um ano de queda. "Não sei se ela será bem menor (safra 2017), a gente precisa esperar os dados e as estatísticas. Eu acredito que vamos ter um ano semelhante a esse desempenho de 2016. As exportações devem reduzir na entressafra, mas voltam a subir no terceiro trimestre de 2017. Já em 2018, tudo indica que será um ano mais difícil", explica o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes.

De acordo com o Escritório Carvalhaes, com sede em Santos (SP), os fundamentos são altistas para o mercado. Por outro lado, o cenário político e econômico mundial também traz incertezas para o mercado da commodity. "No café, os fundamentos: consumo em alta, baixos estoques mundiais, incertezas climáticas, término dos estoques brasileiros - maior produtor e exportador mundial, além de segundo maior consumidor, que agora passa a depender apenas de sua produção anual – apontam para mais um ano de preços sustentados e em alta. O cenário político e econômico dificulta uma visão mais clara do que acontecerá com o mercado", explicou em relatório.

Na próxima segunda-feira (16), não haverá pregão devido ao Feriado de Martin Luther King Jr. As negociações serão retomadas na próxima terça-feira (17).

Mercado interno

Durante a semana no Brasil, os negócios com café seguiram isolados mesmo com os preços dos tipos mais negociados voltando a patamares mais interessante para o produtor. O Indicador Cepea do arábica voltou a superar o do robusta. "A alta nos preços do arábica está atrelada à baixa oferta de robusta no mercado interno e aos estoques justos", reportou o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP) em nota à imprensa.

"Contudo, os atuais patamares de preços ainda não agradam boa parte dos vendedores, principalmente os de cafés mais finos. Quanto ao robusta, as elevações refletem principalmente a baixa oferta e a retração de vendedores, que estão à espera de preços maiores para negociar", acrescenta o Centro da USP. De acordo com levantamento do Notícias Agrícolas, os preços de algumas variedades nas praças de comercialização do Brasil subiram até R$ 30,00 a saca no acumulado da semana.

O tipo cereja descascado anotou maior alta na semana em Guaxupé (MG) com avanço de 6,04% (+ R$ 32,00), encerrando a R$ 562,00 a saca. O maior valor de negociação dentre as praças no período foi registrado em Espírito Santo do Pinhal (SP) com alta acumulada de 0,89% (+ R$ 5,00) e saca a R$ 565,00.

No tipo 4/5, a maior variação na semana foi registrada em Franca (SP) com valorização de 5,77% (+ R$ 30,00) e saca a R$ 550,00. Em Guaxupé (MG), foi registrado o maior valor na semana com R$ 574,00 e avanço de 5,13% (+ R$ 28,00).

Para o tipo 6 duro, o maior avanço ocorreu na semana ocorreu em Guaxupé (MG) com alta de 6,52% (+ R$ 32,00) e saca cotada a R$ 523,00. Em Franca (SP), foi registrado o maior valor da saca com R$ 540,00 e alta de 5,88% (+ R$ 30,00).

Na quinta-feira (12), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 515,74 com alta de 0,41%.

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Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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