Café: Preços no Brasil retomam patamar de R$ 500 a saca, mas negócios ainda seguem limitados, aponta analista da FCStone
Com os recentes avanços no mercado internacional, as cotações internas do café arábica brasileiro retomaram os R$ 500,00 a saca de 60 kg nos tipos mais negociados, patamar considerado interessante pelo produtor. Ainda assim, os negócios com o grão nas principais praças de comercialização do país seguem limitados. Com isso, há quem acredite em leve valorização os estabilidade para os preços ao longo do ano.
"Apesar do preço atrativo, são registrados poucos negócios neste momento no Brasil. Muitos produtores já venderam seus cafés em momentos que os patamares eram mais interessantes que o atual. Alguns por quase R$ 600,00 a saca. Levando em conta os custos de produção, o valor de R$ 500,00 registrado agora é um bom preço para o produtor", o especialista em café da INTL FCStone Brasil, Thiago Ferreira.
As cotações internas do café avançaram acompanhando o cenário externo, impactado por movimentos técnicos, mas também acompanha a escassez de conilon, que tem prejudicado o trabalho das indústrias que aumentaram a porcentagem de arábica em seus blends. "A safra 2017 de arábica do Brasil será de bienalidade baixa na maioria das regiões e o robusta também deve apresentar queda", pondera Ferreira.
Diante desse cenário, o especialista da INTL FCStone acredita que nos próximos meses os preços não devem subir muito mais do que os valores registrados no momento. "Vamos ter o retorno da indústria às compras, com isso os tipos médios e inferiores podem ganhar força e os melhores podem ter maior concorrência. Com a oferta próxima da demanda, os preços em reais não devem cair tanto, podemos ver um cenário de leve valorização ou estabilidade nos primeiros meses do ano", afirma Ferreira.
A Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), maior do mundo, estima queda na produção de café do Brasil em 2017 em cerca de 17%. "Estamos prevendo uma safra menor neste ano por conta da bienalidade baixa das lavouras na maioria das regiões produtoras de café arábica. O conilon também não se recuperou das perdas recentes, então em 2017 esse problema de desabastecimento será ainda maior", explicou o presidente da cooperativa, Carlos Paulino. A produção na área de abrangência da cooperativa em 2016 foi de 20 milhões de sacas.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima que o Brasil fechou o ano de 2016 com produção recorde de café, foram 51,37 milhões de sacas entre arábica e conilon, variedade brasileira do robusta.
Segundo reporte recente do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP) nesta quarta-feira, o clima tem sido favorável, mas a bienalidade negativa deve resultar em menor produção de café na temporada brasileira 2017/18, com isso os preços devem se manter firmes ao longo do ano. Na quinta-feira (5), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 501,39 com alta de 1,96%.
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