Café: Bolsa de Nova York completa quarta alta consecutiva com operadores atentos ao Brasil; Londres testa máximas de 2 anos
Após trabalharem dos dois lados da tabela durante o dia, as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam a sessão desta segunda-feira (17) com alta próxima de 200 pontos nos principais vencimentos e estenderam os ganhos acumulados de cerca de 5% da semana passada. Esse é o quarto pregão consecutivo de valorização no terminal externo. O mercado segue atento às condições climáticas no Brasil, que podem impactar a safra comercial 2017/18 do país, e também o câmbio.
O contrato dezembro/16 fechou a sessão de hoje cotado a 157,10 cents/lb com alta de 170 pontos, o março/17 teve 160,55 cents/lb com 175 pontos de valorização. Já o vencimento maio/17 registrou 162,55 cents/lb com avanço de 165 e o julho/17, mais distante, subiu 170 pontos, negociado a 164,50 cents/lb. No início do mês, os preços externos do grão estavam até 5% mais baixos do que os registrados atualmente.
Apesar de o mercado subir bastante no acumulado da semana passada, segundo o analista de mercado da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach, as cotações devem encontrar dificuldades para se manterem acima de US$ 1,50/lb, pois esse é um patamar que atrai bastante os vendedores.
O cinturão produtivo do Brasil tem recebido nos últimos dias chuvas isoladas, que até contribuíram para a abertura da florada da safra comercial 2017/18 do Brasil em diversas regiões. No entanto, segundo mapas climáticos, no sábado, o clima quente e seco deve voltar. Além disso, os envolvidos no mercado já estão bastante preocupados com a condição das lavouras nos próximos dias. Mesmo com a florada, elas estão bastante desgastadas por conta da bienalidade alta neste ano.
"Chuvas no fim de semana trouxeram pequena melhora na umidade no solo de áreas de café do Sul e chuvas moderadas para os próximos dias não devem melhorar significativamente as condições das lavouras brasileiras", disseram meteorologistas da MDA Information Services à agência de notícias Reuters. "O clima seco retorna em áreas do Norte do país durante os próximos 10 dias e a umidade do solo a diminuirá novamente, prejudicando a floração do café".
A Bloomberg confirma a condição climática para o Brasil nos próximos dias. Segundo a agência, a previsão do tempo aponta baixas possibilidades de chuvas nas áreas produtoras do Brasil nos próximos sete dias. Apenas partes do Paraná e Oeste de São Paulo devem ter maior umidade no período.
O câmbio iniciou a semana sem muitas novidades. A divisa apenas acompanhou as movimentações externas, mas sempre acaba impactando sobre as commodities. O dólar comercial avançou 0,09%, cotado a R$ 3,2076 na venda, mas chegou a cair quase 0,5% durante o dia. Na semana passada, a moeda estrangeira caiu 0,38%. As oscilações do dólar ante o real impactam diretamente nas exportações da commodity pelo Brasil, que é o maior produtor e exportador do grão no mundo.
Em setembro, as exportações de café pelo Brasil totalizaram 2,5 milhões de sacas, de acordo com o relatório mensal produzido pelo Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). O resultado é reflexo do segundo mês consecutivo da greve alfandegária no Porto de Santos, que impacta diretamente na liberação dos certificados de exportações emitidos no período.
Mercado interno
No Brasil, os negócios com café seguem isolados com os produtores à espera de melhores patamares diante da atual situação mercadológica e das expectativas para o próximo ano. "Sem estoques de safras anteriores e preocupados com o estado dos cafezais, exauridos com a colheita de ciclo alto após dois anos de secas fortes e atípicas, os cafeicultores vendem o suficiente para cumprir seus compromissos de curto prazo", reportou o Escritório Carvalhaes em seu informativo mais recente.
O tipo cereja descascado fechou o dia com maior valor de negociação em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 590,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com alta de 3,69% e saca a R$ 562,00.
O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 537,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Varginha (MG) com avanço de 0,94% e saca a R$ 535,00.
O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação na cidade de Franca (SP) com R$ 540,00 a saca e alta de 4,89%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.
Na sexta-feira (14), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 509,27 e valorização de 2,11%.
Bolsa de Londres
A Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, para o café robusta fechou o pregão desta segunda-feira com alta expressiva. Durante o dia, os preços externos da variedade no terminal externo testaram máximas de dois anos repercutindo o câmbio e, principalmente, as incertezas em relação à próxima safra do Brasil, impactada pelo clima adverso.
O contrato novembro/16 anotou US$ 2086,00 por tonelada com alta de US$ 42, o janeiro/17 teve US$ 2109,00 por tonelada com avanço de US$ 35 e o março/17 anotou US$ 2108,00 por tonelada com US$ 34 positivos.
Na sexta-feira (14), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 495,10 com avanço de 1,47%.