Café: Bolsa de NY recua 2% na semana, mas baixas são neutralizadas pelo dólar no mercado interno
Após testarem o patamar de US$ 1,25 por libra-peso nos primeiros dias de dezembro, as cotações do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), referência para os negócios no Brasil, recuaram pouco mais de 2% nesta semana com o forte avanço do dólar ante o real. Na semana, a moeda estrangeira comercial avançou 1,88 sobre a brasileira, o que dá maior competividade às exportações e estimula o acúmulo de posições vendidas pelos fundos. Nem mesmo a leve alta registrada nesta sexta-feira (18) na ICE teve força para os futuros do arábica voltarem ao nível de US$ 1,19/lb no março/16, perdido na sessão anterior.
"As bolsas internacionais trabalharam hoje praticamente lateralizadas e sem indicar tendência definida. Os grandes investidores já começam a ajustar suas apostas no mercado com a proximidade do final do ano", explica o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães, que acredita que a Bolsa Nova York deve se consolidar em cerca de 120,00 cents/lb.
Os lotes com vencimento para dezembro/15 fecharam a sessão de hoje cotados a 118,45 cents/lb com avanço de 65 pontos, o março/16 teve 119,00 cents/lb com 70 pontos de valorização. Já o contrato maio/16 anotou 121,30 cents/lb e o julho/16 encerrou o dia com 123,40 cents/lb, ambos com 75 pontos de alta.
Com o mercado ausente de informações fundamentais das origens produtoras, as cotações oscilaram bastante nos últimos dias acompanhando o câmbio. Nesta sexta-feira (18), o dólar comercial avançou 1,48%, cotado a R$ 3,9468 na venda, maior patamar de fechamento desde 1º de outubro, refletindo a cena política no Brasil e os rumores da saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, confirmada após o fechamento das bolsas, e a expectativa sobre sua substituição.
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Apesar de não influenciar tanto no mercado, agências internacionais informam que as dúvidas em relação ao potencial produtivo do Brasil na próxima temporada continuam. As principais regiões produtoras do Sudeste continuam recebendo bons volumes de chuva, o que tem beneficiado o desenvolvimento dos cafezais. No entanto, analistas ponderam que uma colheita menor que 50 milhões de sacas para a próxima temporada seria considerada baixa. O consumo doméstico está em cerca de 20 milhões de sacas de 60 kg e as exportações giram em torno de 30 milhões de sacas. A queda dos estoques de café verde dos Estados Unidos pelo terceiro mês consecutivo reforçou ainda mais a expectativa dos envolvidos que acreditam em preços mais altos para o café em 2016.
Apesar da safra 2015/16 já ter sido colhida no Brasil e estar sendo comercializada, a revisão para cima pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) ontem acabou repercutindo entre os operadores na bolsa externa. O órgão estima que a produção das variedades arábica e robusta deste ano totalize 43,24 milhões de sacas de 60 kg do produto beneficiado, alta de 2,59% em relação a previsão divulgada em setembro de 42,15 milhões de sacas.
O resultado, em período de baixa bienalidade da cultura para a maioria das regiões, com exceção da Zona da Mata Mineira, representa queda de 5,3%, quando comparado à produção de 45,64 milhões de sacas obtidas no ano passado. Vale lembrar que a primeira estimativa da Companhia para a safra 2016/17 deve ser divulgada apenas no início do ano que vem.
Segundo estimativa da Safras & Mercado, também divulgada ontem, a comercialização da safra 2015/16 de café do Brasil está em 68% da produção total estimada, relativa ao final de novembro. Segundo o analista de mercado Gil Carlos Barabach, a comercialização andou bem no último mês de novembro.
Em relação ao clima no Brasil, para os próximos dez dias a Somar Meteorologia prevê chuvas sobre Paraná, São Paulo e sul de Minas Gerais. Porém, no Espírito Santo, Cerrado e Zona da Mata de Minas e Sul da Bahia, um sistema de alta pressão manterá o clima quente, com precipitações irregulares e pouco significativas. As informações são do CNC (Conselho Nacional do Café).
Mercado interno
De acordo com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), as negociações foram fracas no mercado físico nacional nesta semana. No comparativo semanal, a maioria das praças de comercialização teve queda nos preços em relação à semana anterior, mas o dólar ajudou a neutralizar as perdas. "Os produtores não conseguem ofertar suas produções neste nível de preço já que os custos de produção estão a cada dia que passa mais alto", explica Marcus Magalhães.
O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação hoje na cidade de Guaxupé (MG) com saca cotada a R$ 552,00 e alta de 1,85%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com baixa de 3,01% e saca cotada a R$ 515,00.
Da sexta-feira passada para esta, a cidade que registrou maior variação para o tipo foi Poços de Caldas (MG) com queda de R$ 32,00 (-5,85%), saindo de R$ 547,00 para R$ 515,00 a saca.
O tipo 4/5 também teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 557,00 a saca e alta de 1,83%. A maior variação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com valorização de 4,12% e saca cotada a R$ 505,00.
Para o tipo, conforme o gráfico, a maior oscilação na semana foi registrada em Varginha (MG) que tinha saca cotada a R$ 515,00, mas caiu R$ 10,00 (-1,94%) e agora vale R$ 10,00.
O tipo 6 duro teve maior valor de negociação na cidade de Araguari (MG) com R$ 510,00 a saca - estável. A maior oscilação no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG) com avanço de 5,04% e saca cotada a R$ 500,00.
A variação mais expressiva de preço na semana para o tipo 6 foi registrada em Espírito Santo do Pinhal (SP), por lá a saca estava cotada a R$ 480,00 na sexta passada, mas teve valorização de R$ 10,00 (+2,08%), e agora está em R$ 490,00.
Na quinta-feira (17), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 476,53 e queda de 0,16%.
Bolsa de Londres
As cotações do café robusta na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, fecharam praticamente estáveis pela segunda sessão consecutiva. O contrato janeiro/16 teve US$ 1484,00 por tonelada com alta de US$ 2, o março/16 registrou US$ 1509,00 por tonelada e avanço de US$ 1, enquanto o vencimento maio/16 teve US$ 1538,00 por tonelada com valorização de US$ 2.
Na quinta-feira (17), o Indicador CEPEA/ESALQ do robusta tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 379,97 com avanço de 0,19%.
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