CNC: Futuros do café foram pressionados em NY pelo dólar valorizado ante o real nesta semana

Publicado em 18/12/2015 12:55

Em 8 de setembro, o presidente executivo e o coordenador do Conselho Nacional do Café, deputado Silas Brasileiro e Maurício Miarelli, respectivamente, reuniram-se com o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, para buscar soluções a algumas dificuldades referentes à preservação e à conservação do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) relatadas por pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

Após a exposição dos diversos problemas para a preservação desse patrimônio da cafeicultura nacional e o alerta que geram muita preocupação no setor produtivo, haja vista que podem ocasionar a erosão de nossos recursos genéticos, os quais são a base para o fortalecimento da competitividade da cafeicultura brasileira, solicitamos a conjugação de esforços para solucionar as dificuldades, já que os países concorrentes vêm investindo na ampliação das bases genéticas para as pesquisas cafeeiras, objetivando ampliar o market share, e consideramos que não era compreensível o Brasil caminhar na contramão e criar dificuldades burocráticas para preservar e ampliar a diversidade de seus recursos genéticos cafeeiros.

Em 7 de dezembro, no intuito de obtermos êxito para a preservação do Banco de Germoplasma, encaminhamos o Ofício CNC nº 215/12/2015 ao governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, solicitando a prorrogação do convênio SICONV nº 744.012/2010 (período de 15/12/2010 a 31/12/2015), entre a Secretaria de Agricultura e a Embrapa Café, para viabilizar o repasse de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) ao IAC, mantenedor do BAG.

A medida foi adotada porque tivemos ciência que a Embrapa havia encaminhado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e à Secretaria um termo aditivo contendo alteração no plano de trabalho e prorrogação da vigência do convênio. E, para tornar efetiva a prorrogação desse convênio, fazia-se necessária a assinatura de termo aditivo pelo secretário Arnaldo Jardim, antes do dia 31/12/2015, caso contrário o convênio teria seu prazo encerrado e os recursos financeiros seriam perdidos.

Nesse período, a revista STIR Tea&Coffee, que visitou as instalações e se deparou com a realidade do BAG, tornou-se uma grande parceira no sentido de angariar fundos para a manutenção desse patrimônio genético mundial, iniciando uma série de reportagens e de contatos com o setor privado para tentar levantar receitas, além das oficiais, as quais permitam a conservação do banco. A primeira dessas reportagens está disponível no site do CNC e pode ser acessada pelo link https://www.cncafe.com.br/site/interna.php?id=11645.

Como resultado de todos os esforços realizados pelo Conselho Nacional do Café para a prorrogação do prazo de vigência do referido convênio, de forma que os recursos do Funcafé sejam repassados ao IAC, viabilizando as atividades de manutenção e conservação do mais completo Banco Ativo de Germoplasma do Brasil, o secretário de Agricultura de SP fez contato com o CNC, no dia 9 de dezembro, comunicando que o plano de trabalho referente ao aditamento de prazo proposto já havia sido assinado por ele e remetido à Embrapa Café. Além disso, Arnaldo Jardim, a quem agradecemos por todo o trabalho empenhado nesse sentido, informou que a Administração da APTA, após comunicação com a Embrapa Café, confirmou que o termo de aditamento ao convênio havia sido encaminhado para a Secretaria e que, agora, resta aguardar o desfecho positivo da prorrogação.

BROCA DO CAFÉ — No dia 10 de dezembro, o presidente executivo do CNC, deputado federal Silas Brasileiro, convocou e presidiu uma audiência pública para abordar as preocupações do setor relacionadas à falta de inseticidas eficientes ao combate à broca do café e que contou com a participação do setor produtor, representado pelo próprio Conselho, pela Comissão Nacional do Café da CNA, pela Gerência Técnica e Econômica da OCB, com Pedro Silveira, pelo gerente do Departamento Técnico da Cooxupé, Mário Ferraz de Araújo, pelo vice-presidente e pelo trader da Expocaccer, Ricardo Bartollo e Joel Borges, respectivamente, por Marcelo Queiroz, presidente da Acarpa, Osmar Pereira Junior, presidente do Sindicato Rural de Patrocínio, Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Abic; Girabis Evangelista Ramos, diretor do Departamento de Fiscalização de Insumos Agrícolas do Mapa; Kênia Godoy, coordenadora de Avaliação Ambiental de Substâncias e Produtos Perigosos do Ibama; e de João Tavares Neto e Silvia Cazenave, superintendentes de Correlatos e Alimentos e de Toxicologia da Anvisa, respectivamente.

Em sua explanação, Bartollo citou a preocupação do setor com relação à forte elevação dos custos ocorrida após a proibição da comercialização do endosulfan, em julho de 2013, que chega a US$ 11 a mais por saca de 60 kg, e recordou que o produto foi excluído do mercado antes mesmo que houvesse um substituto disponível. O diretor do Departamento de Fiscalização de Insumos Agrícolas do Mapa, Girabis Ramos, concordou que esse posicionamento é legítimo e que o banimento do endosulfan foi mais judicial do que ideológico. Segundo ele, “os órgãos responsáveis deveriam ter tido uma melhor compreensão, com o inseticida ficando mais tempo no mercado até que houvesse outras opções de controle da broca”.

O diretor contou, ainda, que, com dados de mais de trinta anos — o endosulfan chegou ao Brasil na década de 70 —, o Ministério Público entrou com ação civil pública para a suspensão da avaliação toxicológica do produto antes mesmo de consultar os demais órgãos responsáveis pela análise, como o Ibama e o Mapa, o que acabou desencadeando o retorno da broca aos cafezais, praga que estava contida até 2013.

O assessor técnico da CNA, Fernando Rati, apresentou números que demonstraram uma perda, somente na safra 2014, de R$ 1,7 bilhão em função da broca, informação que foi ratificada pelo trader da Expocaccer, Joel Borges, o qual alertou que a falta de registro de inseticidas para o controle da praga é o motivador do não recebimento desses valores por parte do setor.

Atualmente, apenas produtos à base da molécula ciantraniliprole estão disponíveis para combater o inseto e somente nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo, que decretaram estado de emergência fitossanitária. Em função disso, Bartollo completou citando a necessidade de urgência na aprovação de mais moléculas para o registro de novos produtos, de maneira que sejam reduzidos os custos de produção e, principalmente, porque a broca não espera para atacar a lavoura. O vice-presidente da Expocaccer alertou, ainda, que, depois de dois anos de uso de um inseticida com eficácia baixa, como os disponíveis, a praga torna-se resistente.

Demonstrando nossa preocupação com o que pode acontecer no futuro caso os órgãos responsáveis do Governo Federal não adotem as medidas emergenciais necessárias, recordamos aos presentes que a broca é um inseto que pode ser controlado, tanto que assim o era até a proibição do endosulfan. Dessa forma, defendemos a união de esforços para alcançar um cenário que possibilite mais diversidade de produto, com a concorrência comercial reduzindo naturamente os preços, e possamos tratar dos nossos cafezais com a atenção devida e inseticidas eficazes, os quais eliminem o problema e possibilitem que a população brasileira continue bebendo bons cafés, atendendo, assim, ao posicionamento da Abic, que demonstrou temeridade com relação às normas existentes para análise do produto final e também com o prejuízo na cadeia produtiva como um todo que a falta de insumos para combater a praga na lavoura poderá trazer.

MERCADO — Os futuros do café foram pressionados, nesta semana, pelo dólar valorizado ante o real, que estimula o acúmulo de posições vendidas pelos fundos.

Em relação ao clima no Brasil, para os próximos dez dias a Somar Meteorologia prevê chuvas sobre Paraná, São Paulo e sul de Minas Gerais. Porém, no Espírito Santo, Cerrado e Zona da Mata de Minas e Sul da Bahia, um sistema de alta pressão manterá o clima quente, com precipitações irregulares e pouco significativas.

O dólar comercial foi cotado, ontem, a R$ 3,8893, registrando valorização de 0,4% ante o fechamento da última sexta. A elevação da taxa de juros da economia dos Estados Unidos, pela primeira vez desde 2006, e a perda do grau de investimento do Brasil pela agência Fitch foram os fatos mais relevantes no mercado cambial.

Na ICE Futures US, o vencimento março do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,183 por libra-peso, acumulando variação negativa de 290 pontos ante fechamento da semana antecedente. Na ICE Futures Europe, o contrato futuro do café robusta com vencimento em janeiro/2016 encerrou o pregão a US$ 1.482 por tonelada, com queda de US$ 17 em relação ao final da semana anterior.

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, as negociações foram fracas no mercado físico nacional. Os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 476,53/saca e a R$ 379,97/saca, respectivamente, sem variação significativa em relação ao fechamento da semana passada.

Tags:

Fonte: CNC

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Café: Safra é mais rápida, mas rendimento no Brasil preocupa e cotações avançam
Sebrae Minas, Senai e Expocacer assinam parceria que beneficiará cafeicultores do Cerrado Mineiro
Confirmando volatilidade esperada, bolsas voltam a subir e arábica avança para 240 cents/lbp
Região do Cerrado Mineiro lança campanha inédita para proteger origem autêntica de seu café
Com safra andando bem no Brasil, café abre semana com estabilidade
Café tem semana de ajustes nos preços e pressão da safra brasileira derrubando preços