CNC: Futuros do café foram pressionados em NY pelo dólar valorizado ante o real nesta semana
Em 8 de setembro, o presidente executivo e o coordenador do Conselho Nacional do Café, deputado Silas Brasileiro e Maurício Miarelli, respectivamente, reuniram-se com o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, para buscar soluções a algumas dificuldades referentes à preservação e à conservação do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) relatadas por pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).
Após a exposição dos diversos problemas para a preservação desse patrimônio da cafeicultura nacional e o alerta que geram muita preocupação no setor produtivo, haja vista que podem ocasionar a erosão de nossos recursos genéticos, os quais são a base para o fortalecimento da competitividade da cafeicultura brasileira, solicitamos a conjugação de esforços para solucionar as dificuldades, já que os países concorrentes vêm investindo na ampliação das bases genéticas para as pesquisas cafeeiras, objetivando ampliar o market share, e consideramos que não era compreensível o Brasil caminhar na contramão e criar dificuldades burocráticas para preservar e ampliar a diversidade de seus recursos genéticos cafeeiros.
Em 7 de dezembro, no intuito de obtermos êxito para a preservação do Banco de Germoplasma, encaminhamos o Ofício CNC nº 215/12/2015 ao governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, solicitando a prorrogação do convênio SICONV nº 744.012/2010 (período de 15/12/2010 a 31/12/2015), entre a Secretaria de Agricultura e a Embrapa Café, para viabilizar o repasse de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) ao IAC, mantenedor do BAG.
A medida foi adotada porque tivemos ciência que a Embrapa havia encaminhado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e à Secretaria um termo aditivo contendo alteração no plano de trabalho e prorrogação da vigência do convênio. E, para tornar efetiva a prorrogação desse convênio, fazia-se necessária a assinatura de termo aditivo pelo secretário Arnaldo Jardim, antes do dia 31/12/2015, caso contrário o convênio teria seu prazo encerrado e os recursos financeiros seriam perdidos.
Nesse período, a revista STIR Tea&Coffee, que visitou as instalações e se deparou com a realidade do BAG, tornou-se uma grande parceira no sentido de angariar fundos para a manutenção desse patrimônio genético mundial, iniciando uma série de reportagens e de contatos com o setor privado para tentar levantar receitas, além das oficiais, as quais permitam a conservação do banco. A primeira dessas reportagens está disponível no site do CNC e pode ser acessada pelo link https://www.cncafe.com.br/site/interna.php?id=11645.
Como resultado de todos os esforços realizados pelo Conselho Nacional do Café para a prorrogação do prazo de vigência do referido convênio, de forma que os recursos do Funcafé sejam repassados ao IAC, viabilizando as atividades de manutenção e conservação do mais completo Banco Ativo de Germoplasma do Brasil, o secretário de Agricultura de SP fez contato com o CNC, no dia 9 de dezembro, comunicando que o plano de trabalho referente ao aditamento de prazo proposto já havia sido assinado por ele e remetido à Embrapa Café. Além disso, Arnaldo Jardim, a quem agradecemos por todo o trabalho empenhado nesse sentido, informou que a Administração da APTA, após comunicação com a Embrapa Café, confirmou que o termo de aditamento ao convênio havia sido encaminhado para a Secretaria e que, agora, resta aguardar o desfecho positivo da prorrogação.
BROCA DO CAFÉ — No dia 10 de dezembro, o presidente executivo do CNC, deputado federal Silas Brasileiro, convocou e presidiu uma audiência pública para abordar as preocupações do setor relacionadas à falta de inseticidas eficientes ao combate à broca do café e que contou com a participação do setor produtor, representado pelo próprio Conselho, pela Comissão Nacional do Café da CNA, pela Gerência Técnica e Econômica da OCB, com Pedro Silveira, pelo gerente do Departamento Técnico da Cooxupé, Mário Ferraz de Araújo, pelo vice-presidente e pelo trader da Expocaccer, Ricardo Bartollo e Joel Borges, respectivamente, por Marcelo Queiroz, presidente da Acarpa, Osmar Pereira Junior, presidente do Sindicato Rural de Patrocínio, Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Abic; Girabis Evangelista Ramos, diretor do Departamento de Fiscalização de Insumos Agrícolas do Mapa; Kênia Godoy, coordenadora de Avaliação Ambiental de Substâncias e Produtos Perigosos do Ibama; e de João Tavares Neto e Silvia Cazenave, superintendentes de Correlatos e Alimentos e de Toxicologia da Anvisa, respectivamente.
Em sua explanação, Bartollo citou a preocupação do setor com relação à forte elevação dos custos ocorrida após a proibição da comercialização do endosulfan, em julho de 2013, que chega a US$ 11 a mais por saca de 60 kg, e recordou que o produto foi excluído do mercado antes mesmo que houvesse um substituto disponível. O diretor do Departamento de Fiscalização de Insumos Agrícolas do Mapa, Girabis Ramos, concordou que esse posicionamento é legítimo e que o banimento do endosulfan foi mais judicial do que ideológico. Segundo ele, “os órgãos responsáveis deveriam ter tido uma melhor compreensão, com o inseticida ficando mais tempo no mercado até que houvesse outras opções de controle da broca”.
O diretor contou, ainda, que, com dados de mais de trinta anos — o endosulfan chegou ao Brasil na década de 70 —, o Ministério Público entrou com ação civil pública para a suspensão da avaliação toxicológica do produto antes mesmo de consultar os demais órgãos responsáveis pela análise, como o Ibama e o Mapa, o que acabou desencadeando o retorno da broca aos cafezais, praga que estava contida até 2013.
O assessor técnico da CNA, Fernando Rati, apresentou números que demonstraram uma perda, somente na safra 2014, de R$ 1,7 bilhão em função da broca, informação que foi ratificada pelo trader da Expocaccer, Joel Borges, o qual alertou que a falta de registro de inseticidas para o controle da praga é o motivador do não recebimento desses valores por parte do setor.
Atualmente, apenas produtos à base da molécula ciantraniliprole estão disponíveis para combater o inseto e somente nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo, que decretaram estado de emergência fitossanitária. Em função disso, Bartollo completou citando a necessidade de urgência na aprovação de mais moléculas para o registro de novos produtos, de maneira que sejam reduzidos os custos de produção e, principalmente, porque a broca não espera para atacar a lavoura. O vice-presidente da Expocaccer alertou, ainda, que, depois de dois anos de uso de um inseticida com eficácia baixa, como os disponíveis, a praga torna-se resistente.
Demonstrando nossa preocupação com o que pode acontecer no futuro caso os órgãos responsáveis do Governo Federal não adotem as medidas emergenciais necessárias, recordamos aos presentes que a broca é um inseto que pode ser controlado, tanto que assim o era até a proibição do endosulfan. Dessa forma, defendemos a união de esforços para alcançar um cenário que possibilite mais diversidade de produto, com a concorrência comercial reduzindo naturamente os preços, e possamos tratar dos nossos cafezais com a atenção devida e inseticidas eficazes, os quais eliminem o problema e possibilitem que a população brasileira continue bebendo bons cafés, atendendo, assim, ao posicionamento da Abic, que demonstrou temeridade com relação às normas existentes para análise do produto final e também com o prejuízo na cadeia produtiva como um todo que a falta de insumos para combater a praga na lavoura poderá trazer.
MERCADO — Os futuros do café foram pressionados, nesta semana, pelo dólar valorizado ante o real, que estimula o acúmulo de posições vendidas pelos fundos.
Em relação ao clima no Brasil, para os próximos dez dias a Somar Meteorologia prevê chuvas sobre Paraná, São Paulo e sul de Minas Gerais. Porém, no Espírito Santo, Cerrado e Zona da Mata de Minas e Sul da Bahia, um sistema de alta pressão manterá o clima quente, com precipitações irregulares e pouco significativas.
O dólar comercial foi cotado, ontem, a R$ 3,8893, registrando valorização de 0,4% ante o fechamento da última sexta. A elevação da taxa de juros da economia dos Estados Unidos, pela primeira vez desde 2006, e a perda do grau de investimento do Brasil pela agência Fitch foram os fatos mais relevantes no mercado cambial.
Na ICE Futures US, o vencimento março do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,183 por libra-peso, acumulando variação negativa de 290 pontos ante fechamento da semana antecedente. Na ICE Futures Europe, o contrato futuro do café robusta com vencimento em janeiro/2016 encerrou o pregão a US$ 1.482 por tonelada, com queda de US$ 17 em relação ao final da semana anterior.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, as negociações foram fracas no mercado físico nacional. Os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 476,53/saca e a R$ 379,97/saca, respectivamente, sem variação significativa em relação ao fechamento da semana passada.