Consumo mundial de café deverá crescer 25 milhões de sacas na próxima década, aponta OIC

Publicado em 20/11/2015 14:11

Esta edição do Relatório Internacional de Tendências do Café (vol.4 nº9), do Bureau de Inteligência Competitiva do Café, com base nos números globais de consumo do café projetados para os próximos dez anos pela Organização Internacional do Café – OIC, aponta o desafio dos países produtores em atender à crescente demanda mundial.

De acordo com a OIC, no ritmo atual do aumento de consumo, em média 2% ao ano, isso pode representar um adicional de 25 milhões de sacas no próximo decênio. O Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, todavia, graças aos avanços da pesquisa cafeeira brasileira, possui condições de atender grande parte dessa demanda adicional. Para isso, de acordo com os analistas do Bureau, o País terá que continuar sendo competitivo, em termos de sustentabilidade, eficiência e, principalmente, gestão.

As edições do Relatório do Bureau estão disponíveis no Observatório do Café do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café e apresentam periodicamente, em nível mundial, destaques do agronegócio café e tendências do setor com foco na produção sustentável, nas principais indústrias e torrefadoras e cafeterias em nível mundial, entre outros temas relevantes para o setor. O relatório é produzido na Universidade Federal de Lavras – Ufla, uma das dez instituições fundadoras do Consórcio.

Produção - Nas suas análises do setor cafeeiro, o Bureau de Inteligência Competitiva do Café, nesta 9ª edição publicada em novembro de 2015, destaca que a produção de café no mundo enfrenta inúmeros desafios. Entre eles, ferrugem na América Central, calor e chuvas insuficientes no Brasil e a falta de tecnologia na África são alguns dos problemas que afetam a oferta do grão, segundo o relatório. Ao considerar o crescimento constante do consumo global de café, começam a surgir preocupações quanto à capacidade de os principais produtores garantirem a oferta para os próximos anos e décadas.

O documento analisa pontos importantes da produção mundial, como o desafio de atendimento do crescimento do consumo mencionado, como a produção na América Central, especialmente no México, Guatemala, Honduras e El Salvador. E, ainda, na América do Sul, com destaque para a Colômbia; Quênia, na África, e Indonésia – Ásia.

Café robusta - Em relação especificamente a essa espécie, o Bureau com base em projeções de um grande grupo empresarial do setor cafeeiro, destaca que o consumo mundial do robusta, em 2030, deverá corresponder a 55% da produção mundial. E ainda que o crescimento na oferta dessa espécie se deve ao menor custo de produção em relação ao arábica, o que é atrativo tanto para cafeicultores quanto para as indústrias de torrefação. Nesse caso, poderá ocorrer valorização dos grãos de café arábica de melhor qualidade, mas também pode ocorrer um nivelamento de preços entre arábicas de baixa qualidade e robustas, tendo em vista que novas tecnologias têm melhorado a qualidade dos robustas ultimamente.

Indústria – No que diz respeito a esse tópico do Relatório, as análises sugerem que novas oportunidades de negócios do café surgem como consequência do aparecimento de novas tendências de consumo. A partir dessas tendências, as empresas têm criado produtos e serviços para satisfazer as necessidades dos seus consumidores. Como exemplo, o Relatório ressalta que a indústria de cápsulas de café tem desenvolvido novos produtos - como bebidas geladas - para serem utilizados em máquinas que antes eram exclusivas para a preparação de café. As novas tendências impactam o mercado e requerem pesquisa e inovação, o que levam a indústria do café a reavaliar as estratégias usadas para promover e impulsionar o aumento de suas vendas.

Cafeterias – O Bureau de Inteligência Competitiva do Café, em relação ao comércio do varejo do café, aponta no relatório que "Nota-se uma maior preocupação por parte das empresas em demonstrar seu auxílio e suporte aos produtores, seja durante a produção ou em momentos de crise, o que beneficia a imagem da empresa perante seus consumidores. Quanto aos clientes, percebe-se uma maior preocupação em consumir produtos que sejam certificados e que beneficiem a sociedade e o meio ambiente, tornando-os mais exigentes e fazendo com que a certificação não seja uma vantagem competitiva, mas sim, um pré-requisito para a sua compra".

O Bureau, ainda em relação ao varejo, observa também que "a indústria de café passa a investir cada vez mais em patrocínios de grandes eventos esportivos ou em atletas e times com grande visibilidade, principalmente para gerar maior conhecimento do público quanto ao seu produto. Essa ação estimula a compra da marca por aficionados pelo esporte, gerando assim uma maior identificação com seus produtos, podendo alavancar suas vendas devido à exposição midiática". Com relação às cafeterias, são destacadas algumas grandes empresas do setor que atuam no Reino Unido, na China, no Quênia, além da comercialização de cafés certificados especificamente do Brasil, que é o maior produtor e fornecedor desse tipo de café no mundo.

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Fonte: Embrapa Café

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