Em meio a maior seca dos últimos 50 anos, cafeicultura capixaba tem prejuízo de mais de R$ 800 mil
A produção de café robusta (conillon) no Espírito Santo está ameaçada pelo segundo ano consecutivo. O estado que é o maior produtor da variedade no Brasil enfrenta uma das maiores secas dos últimos 50 anos. Em alguns munícipios, a irrigação nas lavouras foi proibida pelo governo com ameaça no fornecimento de água para a população. Na região de Rio Bananal (ES), norte do estado, os produtores já estimam quebra de 70% na safra de robusta.
A foto enviada ao Notícias Agrícolas pelo produtor rural Sérgio Nunes mostra os prejuízos causados às lavouras de café em Rio Bananal devido a falta de chuvas e as altas temperaturas (veja abaixo). Com a proibição na captação de água, a situação só tende a piorar, afirma Nunes. Mais de 70% das lavouras no estado são irrigadas. "Quando a lavoura fica muito fraca, compensa plantar de novo porque nessas condições os pés demoram muito para se recuperar", explica.
Lavoura de café prejudicada pela forte seca na cidade de Rio Bananal (ES)
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Em levantamento divulgado pelo governo do Espírito Santo na segunda-feira (9), a seca já causa na agropecuária do estado prejuízo de aproximadamente R$ 1,2 bilhão. Na cafeicultura, a quebra na produção é estimada em 22,6% com 2,8 milhões de sacas de 60 kg a menos colhidas e prejuízo de R$ 824 milhões.
Na região de abrangência da Cooabriel (Cooperativa Agrária de Cafeicultores de São Gabriel), em São Gabriel da Palha (ES), noroeste do estado, a situação também é complicada. "Cerca de 30% das lavouras na nossa região de abrangência estão comprometidas. No entanto, ainda temos algumas plantas que estão em condições razoáveis e esperamos as chuvas para ver como elas vão reagir. Mas com certeza teremos mais uma quebra", ressalta o engenheiro agrônomo da Cooabriel, Edmilson Calegari.
O Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural) deve divulgar os primeiros números da safra 2016/17 de café robusta apenas no início de 2016. Porém, de acordo com o coordenador de cafeicultura do órgão, Romário Ferrão, as perdas na produção do estado já são bem significativas. "Estamos passando por uma das maiores secas dos últimos 50 anos, e isso, em um momento importante no desenvolvimento das plantações que é o período de formação e enchimento de grãos", explica.
Em setembro, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estimou a safra 2015/16 de café robusta em 10,9 milhões de sacas de 60 kg beneficiadas com uma redução de 16,7%. Esse resultado deve-se, principalmente, à queda da produção no Espírito Santo também por conta da seca em 2014 e início de 2015.
As informações sobre as condições climáticas no Espírito Santo têm repercutido na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe. A cotação do café robusta atingiu em 5 de novembro máximas de dois meses e meio, a US$ 1684,00 por tonelada com operadores esperando ofertas reduzidas. A Indonésia, terceiro maior produtor da variedade, também enfrenta forte seca relacionada ao El Niño. As informações são da Reuters.
Na quinta-feira (12), o Indicador CEPEA/ESALQ do robusta tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 375,54.