Café: Bolsa de NY cai mais de 10% na semana e devolve todos os ganhos da primeira quinzena de outubro

Publicado em 23/10/2015 17:17

Nesta semana, os futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), referência para os negócios com a variedade no mercado brasileiro, recuaram mais de 10% devido as condições climáticas mais favoráveis no Brasil e as indicações de melhor produção na Colômbia nesta temporada. Na semana passada, quando ainda não haviam confirmações sobre chuvas no Sudeste e os cafezais enfrentavam altas temperaturas, o mercado externo chegou a avançar cerca de 5%.

No mercado físico do Brasil, o ritmo de negócios na semana foi lento. Os produtores seguem retraídos das praças de comercialização à espera de melhor definição entre oferta e demanda no mercado. O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 caiu 6,30% nos últimos seis dias.

Nesta sexta-feira, em Nova York, os lotes de café arábica com vencimento para dezembro/15 fecharam cotados a 118,45 cents/lb e baixa de 140 pontos, o março/16 registrou 121,80 cents/lb com recuo de 135 pontos. O contrato maio/16 fechou o dia com 124,00 cents/lb e desvalorização de 130 pontos, enquanto o julho/16 teve 125,95 cents/lb com 125 pontos negativos.

Segundo informações de agências internacionais, os operadores no terminal norte-americano acreditam que as precipitações que caem no cinturão produtivo brasileiro, mesmo que de forma irregular ainda, devem melhorar a situação dos cafezais que enfrentaram altas temperaturas em plena florada. "A chuva parece ser suficiente no Brasil, maior produtor de café do mundo", disse um trader à agência de notícias Bloomberg na quarta-feira.

A previsão dos principais institutos meteorológicos para os próximos dias aponta uma maior regularidade e volume de precipitações, principalmente em Minas Gerais, maior estado produtor da variedade arábica. Segundo previsões estendidas da Somar Meteorologia, no início de novembro os volumes podem chegar a 50 milímetros no estado.

De acordo com informações da Climatempo, uma grande frente fria avança sobre o Brasil neste fim de semana e promete causar uma revolução na atmosfera. Com isso, toda a região Sudeste, principalmente Minas Gerais, podem ter dias seguidos de chuva. "As precipitações não acabam com a seca, mas aliviam o calor extremo", ponderou o instituto.

Já no Espírito Santo, maior produtor de robusta e que enfrenta forte estiagem, os volumes de chuva deverão ficar no intervalo de 10 mm a 30 mm nos próximos dias.

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Apesar da bolsa norte-americana repercutir essa melhora climática no cinturão produtivo do Brasil, os cafeicultores permanecem atentos aos reflexos do clima nas lavouras da safra 2016/17, e relatam que é cedo para confirmar que estas chuvas vão recuperar as plantas danificadas pelas altas temperaturas. "A possibilidade de chuva é grande na região produtora, mas elas dificilmente terão forças para reverter todo o estresse hídrico vivido no interior", disse Marcus Magalhães ontem.

Informações reportadas recentemente pelo Rabobank relataram as condições das lavouras de café no Brasil. "A seca tem sido um importante fator para o mercado do café arábica. Alguns cafezais receberam poucas chuvas já no período de floração principal, por volta de julho e agosto", informou o banco.

Durante a semana, outro fator que contribuiu para a queda no mercado foram as vendas especulativas. Além disso, as expectativas dos operadores com informações positivas da produção na Colômbia, também pressionaram as cotações. De acordo com agências internacionais, o país deve ter uma colheita maior do que se esperava devido às condições climáticas favoráveis.

Segundo analistas, apesar do mercado basear-se mais em questões fundamentais nos últimos dias, o câmbio ainda deve influenciar nas negociações. Nesta sexta-feira, o dólar recuou 0,43%, cotado a R$ 3,8906 reais na venda. A moeda norte-americana menos valorizada ante o real inibe as exportações.

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O comportamento do câmbio continua volátil, principalmente em função da crise política e econômica do Brasil. Outro fator importante para a precificação do dólar são as expectativas quanto ao momento da alta dos juros da economia norte-americana, cujos dados recentes indicam que não ocorrerá neste ano. As informações são Conselho Nacional do Café (CNC).

Mercado interno

No mercado físico nacional, os negócios foram lentos. Os preços caíram um pouco acompanhando o cenário externo, mas continuam em cerca de R$ 500,00 a saca para os tipos mais negociados devido à retração vendedora.

De acordo com informações do site internacional Agrimoney, os preços do café arábica no Brasil também têm sido influenciados fortemente pela chegada das chuvas. Nos últimos sete dias, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 caiu 6,30%, saindo de R$ 500,81 a saca em 15 de outubro, para R$ 469,24 a saca de 60 kg ontem (22/10).

Nesta sexta-feira, o tipo cereja descascado teve maior valor de negociação na cidade de Guaxupé (MG) com saca cotada a R$ 545,00 e queda de 0,91%. A maior oscilação no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG), onde a saca caiu 4,75%, para R$ 501,00.

Da sexta-feira passada para esta, a cidade que registrou maior variação para o tipo foi Poços de Caldas (MG) com queda de R$ 48,00 (-8,74%), saindo de R$ 549,00 para R$ 501,00 a saca.

Hoje, o tipo 4/5 registrou maior valor de negociação também em Guaxupé (MG) com R$ 545,00 a saca e baixa de 0,91%. A maior variação dentre as praças de comercialização ocorreu em Poços de Caldas, onde a saca está cotada a R$ 476,00 com baixa de 3,05%.

Para o tipo, conforme o gráfico, a maior oscilação na semana foi registrada em Varginha (MG), que tinha na semana passada saca cotada a R$ 530,00, mas caiu R$ 40,00 (-5,18%) e agora vale R$ 530,00.

Nesta sexta, o tipo 6 duro teve maior valor de negociação na cidade de Araguari (MG) com R$ 500,00 a saca e queda de 2,91%. A maior oscilação no dia ocorreu em Varginha (MG) com queda de 6,06% e R$ 465,00 a saca.

A variação mais expressiva de preço na semana para o tipo 6 também foi registrada em Varginha (MG), por lá a saca estava cotada a R$ 525,00 na sexta passada, mas teve desvalorização de R$ 60,00 (-11,43%), e agora está em R$ 465,00.

Bolsa de Londres

As cotações do café robusta na ICE Futures Europe fecharam com forte queda nesta sexta-feira, acompanhando a movimentação de Nova York. O vencimento novembro/15 encerrou a sessão cotado a US$ 1529,00 por tonelada com queda de US$ 33, o janeiro/16 teve US$ 1566,00 por tonelada com desvalorização de US$ 20, enquanto o contrato março/16 registrou US$ 1576,00 por tonelada e US$ 23 de recuo.

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Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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