Meteorologia prevê chuvas regulares nos próximos dias nas áreas produtoras de café do Brasil

Publicado em 23/10/2015 15:12

O cinturão produtivo de café do Brasil voltou a receber chuvas nos últimos dias, ainda de forma irregular.  Porém, a previsão dos principais institutos meteorológicos para os próximos dias aponta uma maior regularidade e volume de precipitações, principalmente em Minas Gerais, maior estado produtor da variedade arábica. Segundo previsões estendidas da Somar Meteorologia, no início de novembro, os volumes que podem chegar a 50 milímetros no estado.

De acordo com informações da Climatempo, uma grande frente fria avança sobre o Brasil neste fim de semana e promete causar uma revolução na atmosfera. Com isso, toda a região Sudeste, principalmente Minas Gerais, podem ter dias seguidos de chuva. "As precipitações não acabam com a seca, mas aliviam o calor extremo", ponderou o instituto.

Desde a segunda metade desta semana algumas cidades produtoras de café recebem chuvas, mas ainda de forma muito irregular e com poucos milímetros. Ontem, porém, algumas localidades de Minas Gerais tiveram precipitações recorde no mês.

Segundo dados diários da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), na quinta-feira (22), todas as cidades verificadas receberam chuvas. O maior volume caiu sobre Nova Resende (MG), com 59,4 milímetros, o que representa quase 80% da chuva acumulada do mês de outubro na cidade. Veja abaixo a tabela completa com as informações da Cooxupé:

Fonte: Cooxupé

"Há muito tempo não se via tantas nuvens, tão carregadas, como as que se espalharam sobre Minas Gerais na tarde e noite de ontem. As pancadas ocorreram em muitos lugares do Triângulo, do Sul de Minas e da Zona da Mata. A chuva veio forte e com ventania", informou a Climatempo em boletim divulgado ontem à noite.

Vale lembrar que, apesar das recentes chuvas e da continuidade delas, as altas temperaturas registradas no cinturão produtivo de café do Brasil nos últimos dias afetaram muito algumas lavouras que, inclusive, perderam todo potencial produtivo da safra 2016/17. No Sul de Minas Gerais, por exemplo, os botões da segunda florada secaram e o desenvolvimento do chumbinho da primeira também foi comprometido.

» Sem chuva, segunda florada do café no Sul de Minas tem perda de botões florais o que pode comprometer produção na próxima safra

Segundo informações reportadas pelo site internacional Agrimoney, na segunda-feira (19), as "chuvas chegaram tarde demais para algumas áreas de café de Minas Gerais que abortaram uma florada após chuvas no início de setembro, mas podem estimular uma segunda, menos produtiva".

Analisando previsões estendidas da Somar Meteorologia, os últimos dias de outubro e início de novembro devem ser marcados por chuvas mais generalizada, com precipitações máximas no centro e sul de Minas Gerais, que inclui sul, Mogiana e Cerrado. Veja abaixo a previsão estendida da Somar:

Fonte: Somar Meteorologia

» Chuvas regulares e generalizadas chegam ao Centro-Oeste na próxima segunda-feira. No Sul do país as precipitações diminuem mas ainda provocam prejuízos para as lavouras

Repercussão na Bolsa de Nova York

Aproveitando as chuvas recentes e a continuidade de clima mais instável para os próximos dias, as cotações do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) têm recuado bastante. Em uma semana, o vencimento março/16 recuou 10,18%, saindo de 137,10 cents/lb em 15 de outubro, para 123,15 cents/lb ontem (22/10). O dólar comercial subiu 2,89% no período, o que também ajuda a pressionar os preços.

Apesar da bolsa norte-americana repercutir essa melhora climática no cinturão produtivo do Brasil, os cafeicultores permanecem atentos aos reflexos do clima nas lavouras da safra 2016/17, e relatam que é cedo para confirmar que estas chuvas vão recuperar as plantas danificadas pelas altas temperaturas. "A possibilidade de chuva é grande na região produtora, mas elas dificilmente terão forças para reverter todo o estresse hídrico vivido no interior", disse o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães, em recente entrevista ao Notícias Agrícolas.

Informações reportadas recentemente pelo Rabobank também relataram as condições das lavouras de café no Brasil. "A seca tem sido um importante fator para o mercado do café arábica. Alguns cafezais receberam poucas chuvas já no período de floração principal, por volta de julho e agosto", informou o banco em recente relatório.

O gráfico abaixo, elaborado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bitencourt Lopes, mostra o comportamento das cotações do café arábica na ICE diante das chuvas no Brasil.

De acordo com informações do site internacional Agrimoney, os preços do café arábica no Brasil também têm sido influenciados fortemente pela chegada das chuvas. Nos últimos seis dias, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 caiu 6,30%, saindo de R$ 500,81 a saca em 15 de outubro, para R$ 469,24 a saca de 60 kg ontem (22/10).

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Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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