Café: Com expectativa de melhora no clima, Bolsa de NY desaba 700 pts; maior baixa em cinco meses

Publicado em 16/10/2015 17:41

As cotações do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) tiveram a maior queda desde março no pregão desta sexta-feira (16) e voltaram ao patamar do início do mês, revertendo todos os ganhos dos últimos dias. Em uma semana, de sexta-feira passada para esta, o recuo no vencimento dezembro/15 foi de 4,37% ou 575 pontos. O mercado foi pressionado pelas especulações de chuva na próxima semana, câmbio e vendas generalizadas de outras origens produtoras. 

Os lotes com vencimento para dezembro/15 encerraram o pregão de hoje cotados a 125,85 cents/lb com baixa de 785 pontos, o março/16 registrou 129,20 cents/lb com recuo de 790 pontos. O contrato maio/16 anotou 131,15 cents/lb com 785 pontos de desvalorização, enquanto o julho/16 perdeu 775 pontos, cotado a 133,00 cents/lb.

No Brasil, os preços recuaram em algumas praças verificadas pelo Notícias Agrícolas nesta sexta-feira acompanhando a movimentação de Nova York. As negociações que estavam lentas, pioraram ainda mais. Os produtores estavam em compasso de espera por melhores preços, mas muitos também já realizaram vendas futuras.

De acordo com o analista Gilson Fagundes, após o mercado repercutir nos últimos dias os possíveis impactos do clima seco na safra de café 2016/17, traders acreditam que a mudança no padrão climático, com possibilidade de chuva em algumas áreas produtoras na próxima semana, pode beneficiar o desenvolvimento dos chumbinhos nas lavouras. Até ontem (15/10), os futuros do café arábica na ICE, no vencimento dezembro/15, acumulavam alta de 4,09% ou 525 pontos, justamente apoiado pela falta de chuva nas cidades produtoras do Brasil.

O agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antônio dos Santos relatou hoje em seu boletim diário que a frente fria que provoca chuva desde a quarta-feira no Rio Grande do Sul deve avançar pelos demais Estados da região Sul do Brasil. Mas mesmo não avançando pelo Sudeste, pois já perderá forças no Paraná, o tempo pode ficar mais instável em algumas localidades da região. "Áreas de instabilidade poderão vir a se formar sobre o Centro-oeste e partes do Sudeste e com isso, há a possibilidade de ocorrência de pancadas de chuvas nessas regiões", disse.

Segundo informações reportadas pelo CNC (Conselho Nacional do Café), em seu informativo divulgado hoje, informações da Climatempo dão conta que um sistema de alta pressão atmosférica dificulta a formação de chuvas no interior da Região Sudeste. Entre os dias 19 e 23 de outubro, os volumes acumulados para a maioria das áreas produtoras de café não devem ultrapassar os 30 milímetros.

Ainda segundo Fagundes, outro fator que também pressionou as cotações no mercado externo hoje foram vendas de outras origens produtoras, como o Vietnã. Além do dólar que voltou a subir ante o real nesta sexta-feira, refletindo as incertezas sobre as contas públicas do Brasil e o atual cenário político.

A moeda norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 3,8735 na venda com avanço de 1,92%. O dólar mais alto dá maior competitividade às exportações da commodity. Em contrapartida, os operadores derrubam as cotações porque as transações são realizadas na moeda estrangeira e não querem que as origens produtoras se apropriem dos ganhos.

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Estoques americanos

De acordo com informações do relatório divulgado ontem (15/10) pela GCA (Green Coffee Association), com sede em Nova York, os estoques de café verde sem torrar dos Estados Unidos caíram 6.055 sacas de 60 kg em setembro, totalizando 6.117.108 sacas.

Em 31 de agosto, o número atingiu 6.123.163 sacas de 60 kg, maior volume armazenado em 12 anos de acordo com informações reportadas pela Bloomberg. Até o mês passado, os estoques de café verde do maior consumidor do mundo, registravam o quinto acréscimo mensal consecutivo, a sequência mais prolongada desde julho de 2014.

» GCA: Estoques de café verde dos EUA caíram em setembro após cinco meses seguidos de alta

Mercado interno

No mercado físico nacional, os preços continuam em cerca de R$ 500,00 a saca para os tipos mais negociados, apesar de terem recuado bastante nesta sexta-feira com a baixa de Nova York. Ainda assim, os produtores seguem retraídos dos negócios à espera de melhor definição entre oferta e demanda.

Os indicadores calculados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem (15/10), a R$ 500,81 a saca e a R$ 363,47 a saca, respectivamente, com altas de 2,4% e 1,1% em relação ao fechamento da semana anterior. As informações são do CNC.

Nesta sexta-feira, o tipo cereja descascado teve maior valor de negociação nas cidades de Espírito Santo do Pinhal (SP) e Varginha (MG), ambas com saca cotada a R$ 560,00, queda de 3,45% na primeira e estabilidade no município mineiro. A maior oscilação no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG), onde a saca caiu 4,52%, para R$ 549,00.

Da sexta-feira passada para esta, a cidade que registrou maior variação foi Espírito Santo do Pinhal (SP) com queda de R$ 20,00 (-3,45%), saindo de R$ 580,00 para R$ 560,00 a saca.

Hoje, o tipo 4/5 registrou maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 550,00 a saca e baixa de 4,35%. Foi a maior variação dentre as praças de comercialização.

Para o tipo, conforme o gráfico, a maior oscilação na semana foi registrada em Varginha (MG), que tinha na semana passada saca cotada a R$ 505,00, mas subiu R$ 25,00 (+4,95%) e agora vale R$ 530,00.

Nesta sexta, o tipo 6 duro teve maior valor de negociação na cidade de Varginha (MG) com R$ 525,00 a saca - estável. A maior oscilação no dia ocorreu em Franca (SP) com queda de 5,88% e R$ 480,00 a saca.

A variação mais expressiva de preço na semana para o tipo 6 também foi registrada em Varginha (MG), por lá a saca estava cotada a R$ 500,00 na sexta passada, mas teve valorização de R$ 25,00 (+5,00%), e agora está em R$ 525,00.

Bolsa de Londres

As cotações do café robusta na ICE Futures Europe fecharam com forte queda nesta sexta-feira, acompanhando a movimentação de Nova York. O vencimento novembro/15 encerrou a sessão cotado a US$ 1610,00 por tonelada com queda de US$ 57, o janeiro/16 teve US$ 1617,00 por tonelada com desvalorização de US$ 44, enquanto o contrato março/16 registrou US$ 1629,00 por tonelada e US$ 47 de recuo.

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Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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