Mercado de café: PREÇO FIRMA APESAR DO REAL... E VOLATILIDADE DEVE SUBIR

Publicado em 27/09/2015 13:08
Por *Rodrigo Corrêa da Costa, direto de N. York. (Rodrigo escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting)
 

A presidente do FED tentou acalmar os mercados sobre a situação econômica americana dizendo que um aumento dos juros pode acontecer ainda este ano, mas não foi suficiente para ajudar as ações nos Estados Unidos, aonde a firmeza do dólar preocupa. O crescimento do PIB chinês mantém a tendência de revisão negativa, colocando pressão nos mercados emergentes e nas commodities em geral.

Loucura mesmo foi a movimentação do Real que apenas na quinta-feira oscilou 7%, negociando a 4.2478 e voltando para 3.9479 no final da sessão. Nem a vitória parcial de Dilma no congresso, evitando a derrubada de grande parte de seus vetos, conseguiu acalmar os ânimos. A falta da presença da presidente para falar da situação e dar alguma explicação dá a impressão, ao mercado e a população, de que o barco continua sem comandante, fazendo com que os investidores prefiram pular fora a se aventurar a continuar ou entrar em uma viagem que não se sabe o destino. O Banco Central interveio nos juros na própria quinta-feira e Alexandre Tombini declarou que as reservas são um seguro que podem e devem ser utilizadas se preciso, por ora segurando o câmbio.

Com este pano de fundo tanto o robusta como o arábica fizeram novas mínimas sendo empurrados mais por especuladores e fundos de algoritmo e menos por origens que aguardam um “milagre” da moeda brasileira para reverter a tendência negativa dos preços.

A dimensão das perdas, entretanto, foi menor do que se podia imaginar, reflexo de uma disponibilidade baixa de grãos nas origens produtoras dos suaves, e no Brasil um comportamento defensivo dos produtores que virtualmente já acabaram a colheita e tem menor necessidade de caixa.

Na verdade em tempos de incertezas a saca de café, que é um ativo dolarizado, serve de “porto seguro” caso a moeda brasileira ou a inflação se descontrolem ainda mais, sem mencionar que os grãos de melhor qualidade que são sempre guardados para escalonar a venda no período de entressafra tem um interesse grande dos compradores internacionais.

O volume negociado no físico foi razoável, mas sabiamente os produtores acompanhando a desvalorização do real e a curva dos juros inclinada, preferem travar um pouco de vendas para a safra 16/17 (cuja florada foi exemplar) sem pressa de aparecer no mercado à vista.

Por falar nisto as atenções na continuação das chuvas é grande dada a importância das precipitações regressarem ao cinturão do café na primeira quinzena de outubro. Na sexta-feira, por exemplo, os institutos meteorológicos estavam prevendo chuvas esparsas e em menor volume para o começo de outubro, de certa forma ajudando os preços dos mercados futuros recuperarem.

Um atraso no prognóstico do retorno das precipitações tem um potencial explosivo, já que os fundos estão com uma posição vendida muito grande, relativa e absoluta, mais ainda se levarmos em consideração o número de participantes vendidos. Não chovendo logo as potenciais vendas de Brasil devem secar com um recuo natural de quem tem o receio de não ver vingar as flores que saíram.

Alguns agentes se protegeram de uma alta, durante a semana passada, comprando calls (opções de compra), e por outro lado expondo os market-makers que proveram liquidez a uma baixa volatilidade implícita.

Tecnicamente o rompimento dos níveis de 125.25, 126.85 e 128.60, no contrato de Dezembro2015 da ICE, deve encontrar buy-stops (compras) de fundos que estão vendidos, acelerando a alta que no curto-prazo pode chegar acima de 130.00 centavos – isto não contando com as incertezas climáticas.

Ao mesmo tempo com os juros inclinados e o Real fraquíssimo, é inteligente a decisão dos produtores que puderem garantir algumas vendas para o ano que vem as fazerem, ainda mais se for a preços próximos de R$ 600.00 a saca.

Estarei no Coffee Dinner na Basiléia – Suiça, passando as minhas impressões aos leitores no próximo comentário. Aos que estão indo uma boa viagem e nos encontraremos por lá.

Uma excelente semana e muito bons negócios a todos,

por Rodrigo Costa, da Archer Consulting*

 

EDUARDO CARVALHAES: Necessidade de embarque e alta do dólar movimentou o mercado e preços melhoraram

A séria crise política e econômica brasileira continuou trazendo grande insegurança aos mercados. Esta semana a situação nos mercados de câmbio e de juros se agravou mais ainda e ontem pela manhã o dólar chegou a R$ 4,24 e os juros passaram dos 17% ao ano! O Banco Central agiu para acalmar as expectativas e a cotação do dólar frente ao real recuou, fechando hoje um pouco abaixo dos quatro reais, mas ainda acima do fechamento de sexta-feira passada. 

As cotações do café em Nova Iorque oscilaram bastante, influenciadas pelas idas e vindas da cotação do dólar no Brasil, maior produtor e exportador mundial de café. Os contratos com vencimento em dezembro próximo na ICE Futures US, a “bolsa de Nova Iorque”, acumularam alta de 435 pontos na semana.

No físico brasileiro, a alta do dólar e a necessidade de café para embarque movimentou o mercado. Os preços ofertados pelos compradores melhoraram e houve um volume maior de negócios fechados entre produtores e exportadores.

Já estamos no final de setembro e o baixo volume de arábicas finos que chegam ao mercado preocupam os compradores. Os trabalhos de colheita estão bem próximos do fim e já é consenso entre produtores que houve uma quebra maior na produção do que a estimada antes do início da colheita. Lotes de café com alta porcentagem de peneiras 17 e 18, escassos nesta safra, são bastante disputados e valorizados.

Como era esperado, abriram floradas em diversas regiões produtoras de café do sudeste brasileiro. Agora precisaremos de chuvas e boas condições climáticas nas próximas semanas para que ocorra o “pegamento” das flores e o desenvolvimento dos chumbinhos. Os últimos dias do inverno e os primeiros desta primavera nas regiões produtoras de café se caracterizaram por temperaturas altas, acima da média esperada para esta época do ano.
Até o dia 24 os embarques de setembro estavam em 1.464.853 sacas de café arábica, 251.150 sacas de café conillon, mais 138.599 sacas de café solúvel, totalizando 1.854.602 sacas embarcadas, contra 1.709.536 sacas no mesmo dia de agosto. Até o dia 24, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em setembro totalizavam 2.297.428 sacas, contra 2.186.358 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 18, sexta-feira, até o fechamento de sexta-feira, dia 25, subiu nos contratos para entrega em dezembro próximo, 435 pontos ou US$ 5,75 (R$ 22,84) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 18 a R$ 617,60 por saca, e dia 25, a R$ 644,85 por saca. Na sexta-feira os contratos para entrega em setembro a bolsa de Nova Iorque fecharam com alta de 440 pontos. (ANÁLISE DO ESCR. CARVALHAES).
 

 

Tags:

Fonte: Archer + CARVALHAES

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Café: Com safra de Brasil andando bem, preços voltam a recuar
Café: Mercado tem ajustes negativos, mas preocupação com oferta pode limitar baixas
Café: Safra é mais rápida, mas rendimento no Brasil preocupa e cotações avançam
Sebrae Minas, Senai e Expocacer assinam parceria que beneficiará cafeicultores do Cerrado Mineiro
Confirmando volatilidade esperada, bolsas voltam a subir e arábica avança para 240 cents/lbp
Região do Cerrado Mineiro lança campanha inédita para proteger origem autêntica de seu café