Café: Após queda de mais de 2% na semana, cotações do arábica se aproximam US$ 1,15/lb

Publicado em 11/09/2015 17:46

Nesta sexta-feira (11), as cotações do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam praticamente estáveis pela segunda sessão consecutiva. No entanto, desta vez, do lado azul da tabela. Ainda assim, os vencimentos mais próximos permanecem abaixo do patamar de US$ 1,20 por libra-peso e se aproximam de US$ 1,15/lb. Em uma semana, o contrato mais negociado, dezembro/15, teve recuo de 2,18%.

No Brasil, as praças de comercialização fecharam a semana com preços praticamente estáveis, a alta do dólar ajuda a sustentar os preços no mercado interno. Mas os negócios continuam escassos.

No terminal norte-americano, os lotes com vencimento para dezembro/15 encerraram o dia com 116,55 cents/lb e alta de 15 pontos. O março/16 teve 120,00 cents/lb e o maio/16 registrou 122,30 cents/lb, ambos com 10 pontos de avanço. Já o contrato julho/16, mais distante, fechou a sessão com 124,40 cents/lb também com 10 pontos de valorização.

Durante esta semana, os futuros no terminal internacional foram pressionados, fundamentalmente, pelo avanço do dólar ante o real. O que acaba aumentando a competitividade das exportações brasileiras, a valorização da moeda norte-americana frente ao real significa mais reais por saca.

O rebaixamento do Brasil para o grau especulativo pela Standard & Poor's na quarta-feira ainda repercute bastante entre os investidores e faz com que a moeda brasileira recue ainda mais ante a norte-americana. O dólar chegou a R$ 3,90 nesta sexta-feira.

No aspecto fundamental, as chuvas recentes e a previsão de permanência de tempo fechado nos próximos dias, o que poderia beneficiar a florada da próxima safra (2016), também acaba pesando sobre o mercado.

Mapas climáticos da Somar Meteorologia apontam que até sábado chuvas fortes devem atingir a faixa que vai do norte do Paraná ao sul de Minas Gerais.

Em uma previsão mais estendida, a Climatempo acredita que ao longo dos próximos sete dias algumas áreas do Sul de Minas Gerais devem receber até 150 mm de chuva.

Apesar destas informações que movimentaram o mercado na semana, os agentes preferiram adotar uma postura mais cautelosa nesta sexta-feira. De acordo com o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães, a semana termina 'vagarosa'. "Dentro deste cenário de incertezas, os operadores preferiram não assumir ainda mais riscos e assim, um ar de melancolia acabou tomando conta de tudo e todos", afirma.

Vale lembrar que muitas companhias estão revisando para baixo suas estimativas para a safra do Brasil nesta temporada, algumas já estimam déficit global para 2016. Em 26 de agosto, por exemplo, a Volcafe mudou sua previsão para a safra 2015/16 de um excedente para um déficit global de 3,5 milhões de sacas de 60 kg.

» Volcafe prevê déficit de café para a próxima temporada

"Para a semana vindoura, tudo indica, que novas emoções poderão ser vistas já que dependendo do que for anunciado, tudo o que se tem por verdade pode ruir e recomeçar um novo pesadelo", afirma Marcus Magalhães.

Estimativa de safra

Nesta sexta-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) reduziu sua previsão para a safra de café em 1%, para 43,7 milhões de sacas de 60 kg, isso por conta da menor produção de café arábica em Minas Gerais, maior produtor da variedade no Brasil.

» IBGE reduz previsão de safra de café do Brasil por menor produtividade em MG

Andamento da colheita

De acordo com dados divulgados pela Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), a colheita de café da safra atual de seus cooperados chegou a 89% até 5 de setembro. Em 2014, neste mesmo período, 94,6% das lavouras já tinham os trabalhos finalizados.

» Colheita de café dos cooperados da Cooxupé avança para 89% do total

Mercado interno

No mercado físico nacional, não foi registrado grande avanço nos negócios nesta semana. Conforme pode ser visto no levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bitencourt Lopes, as oscilações são curtas nas praças de comercialização, o dólar mais alto ante o real ajuda a dar sustentação às cotações no Brasil.

Ainda assim, para o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), essa pequena volatilidade dos preços e o fôlego de caixa dado aos produtores pelas vendas de agosto têm desestimulado a oferta de novos lotes de café.

Nesta sexta-feira, o tipo cereja descascado teve maior valor de negociação na cidade de Guaxupé (MG) com saca cotada a R$ 528,00 e alta de 0,38%. Foi a maior variação no dia dentre as praças.

CEREJA DESCASCADO | Create infographics


Da sexta-feira passada para esta, a cidade que registrou maior variação foi Espírito Santo do Pinhal (SP) com alta de R$ 40,00 (+8,00%), saindo de R$ 500,00 para R$ 540,00 a saca nesta semana.

Hoje, o tipo 4/5 também registrou maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 528,00 a saca e valorização de 0,38%. A maior oscilação no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG) que teve alta de 0,44%, para R$ 459,00.

TIPO 4 | Create infographics


Para o tipo, a maior oscilação na semana foi registrada em Poços de Caldas (MG) que tinha na semana passada saca cotada a R$ 472,00, mas caiu 13,00 (-2,75%) e agora vale R$ 459,00.

Nesta sexta-feira, o tipo 6 duro teve maior valor de negociação na cidade de Varginha (MG) com R$ 444,00 a saca – estável. A maior oscilação ocorreu em Patrocínio (MG) com desvalorização de 2,22% e R$ 440,00 a saca.

TIPO 6 | Create infographics


A variação mais expressiva de preço na semana para o tipo 6 foi registrada em Araguarí (MG), por lá a saca estava cotada a R$ 480,00 na sexta passada, mas teve queda de R$ 20,00 (-4,17%), e agora está em R$ 460,00.

Bolsa de Londres

As cotações do café robusta na ICE Futures Europe tiveram mais um dia de forte desvalorização nesta sexta-feira. O vencimento setembro/15 está cotado a US$ 1543,00 por tonelada e o novembro/15 teve US$ 1552,00 por tonelada, ambos com recuo de US$ 14. Já o contrato janeiro/16 anotou US$ 1561,00 por tonelada e desvalorização de US$ 20.

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Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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