Café: Preços futuros do café arábica recuperaram-se parcialmente nesta semana
COESÃO EM DEMANDAS — Na quarta-feira, 26 de agosto, a convite da Frente Parlamentar do Café, participamos da Comissão Geral, no Plenário da Câmara dos Deputados, para debater o tema “Políticas Públicas para o Café”. Na oportunidade, o presidente executivo do CNC, Silas Brasileiro, apresentou um breve relato sobre o cenário atual da cafeicultura e evidenciou que, para a implantação de políticas públicas necessárias ao setor, a cadeia produtiva do café precisa ter coesão em suas propostas.
Entendemos que todos os elos da cafeicultura precisam sentar, apresentar as dificuldades e os anseios da base, debater e, por fim, apresentar uma demanda setorial plausível de aplicação por parte do Governo Federal e coerente com nossas necessidades. Isso é um ponto fundamental, pois se não houver um brainstorming nesse sentido, continuaremos vivenciando um cenário de diversas propostas, muitas sem embasamento técnico ou infundadas mediante a legislação, e um travamento por parte dos governantes, haja vista que o próprio setor não define suas prioridades possíveis de execução.
Em meio ao supracitado, o Conselho Nacional do Café reitera sua disposição a sempre se unir às demais lideranças representativas da cadeia e procurar os melhores caminhos a serem traçados junto aos governos estaduais e federal em prol de uma cafeicultura cada vez mais sustentável e rentável a todos os segmentos.
ESTOQUES PRIVADOS — Na quinta-feira, 27 de agosto, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou o levantamento dos estoques privados de café referentes a 31 de março de 2015. Segundo a estatal, o Brasil possuía 14.369.048 sacas de 60 kg em seus armazéns privados, o que representou uma queda de 5,58% na comparação com as 15.217.572 sacas no mesmo período de 2014.
Do total apurado, 12,983 milhões de sacas são de café arábica e as outras 1,386 milhão de sacas de robusta. As cooperativas respondiam por 38,52% do total armazenado em 31 de março. Na sequência vieram os exportadores, com 22,53%; as indústrias de torrefação, com 10,47%; e as indústrias de solúvel, com 1,79%. Por fim, os estoques guardados por outros estabelecimentos privados representavam 26,69% do total.
Frente ao volume de estoques privados apresentado pela Conab, o CNC reitera seu posicionamento de que o Brasil, mesmo registrando níveis reduzidos de café armazenado e duas quebras consecutivas de safra, terá condições para honrar seus compromissos com os mercados externo (exportação) e interno (consumo), o que possibilitará a manutenção de nossomarket share e a não cessão de espaço a nossos concorrentes. Por outro lado, alertamos que o estoque de passagem de 2016 será, certamente, o mais baixo de toda a história cafeeira do País.
CONTRATAÇÕES DO FUNCAFÉ — Também na quinta-feira, a Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou, no Diário Oficial da União (DOU), extrato informando a contratação de R$ 118 milhões do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) por parte do Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes). Do volume contratado pela instituição, R$ 110 milhões são destinados à linha de Custeio, R$ 7 milhões para Capital de Giro das Indústrias de Torrefação e Moagem e R$ 1 milhão para as Indústrias de Solúvel.
Até o momento, os agentes financeiros contrataram R$ 3,276 bilhões, ou 79,21% do total de R$ 4,136 bilhões (clique aqui e confira planilha de contratação) disponíveis para a safra 2015 de café do Brasil. O CNC recorda que, apesar dos contratos firmados, para que o Governo libere os recursos do Funcafé é necessário que os interessados procurem as instituições e apresentem seus interesses para que essas demandem a necessidade de verba junto ao gestor do Fundo. Até a última sexta-feira (21), o Mapa comunicou que haviam sido repassados R$ 989,3 milhões do total contratado. Os agentes e valores já destinados à cada linha estão disponíveis no site do CNC (https://www.cncafe.com.br/site/interna.php?id=11246).
MERCADO – Os preços futuros do café arábica, negociados na Bolsa de Nova York, recuperaram-se parcialmente no pregão de ontem após as perdas significativas registradas no início da semana. O cenário externo turbulento, derivado das incertezas sobre os rumos da economia chinesa, afetou negativamente os preços das commodities nos últimos dias, entre elas o café.
O mercado tem sofrido pressão baixista devido ao real desvalorizado ante o dólar e às previsões de chuvas, nas principais origens nacionais, para o início de setembro, muito embora elas não tenham reflexo no montante que vem sendo colhido este ano. De acordo com a Climatempo, está prevista, entre os dias 27 de agosto e 10 de setembro, ocorrência de precipitação acumulada de 10 a 30 milímetros sobre o cinturão cafeeiro.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informou que pequenas e pontuais floradas já foram observadas em lavouras de arábica, entre julho e agosto, no Sul de Minas. Novas aberturas dependem do aumento da umidade. Em relação às áreas de conilon, no mês de agosto foram registradas duas floradas no Espírito Santo e uma em Rondônia. Porém, o pegamento dessas flores dependerá das condições climáticas.
No Brasil, o dólar atingiu fechamentos superiores a R$ 3,60 nesta semana, maior patamar desde fevereiro de 2003. Além dos impactos da turbulência financeira gerada pelo tombo das bolsas asiáticas no início da semana, as questões políticas e econômicas domésticas e a indefinição sobre o momento da elevação dos juros dos Estados Unidos continuam pesando sobre o câmbio. Ontem, o dólar comercial foi cotado a R$ 3,5528, acumulando valorização de 1,6% em relação à última sexta-feira.
Na ICE Futures US, o vencimento dezembro do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,2455 por libra-peso, com queda de 190 pontos em relação ao fechamento da semana passada. As cotações do robusta, negociadas na ICE Futures Europe, permaneceram praticamente estáveis na comparação com a última sexta-feira, encerrando o pregão de ontem a US$ 1.641 por tonelada.
No mercado físico nacional, os vendedores se mantiveram retraídos. Os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 448,55/saca e a R$ 326,51/saca, respectivamente, com variação de -0,1% e 0,3% em relação ao fechamento da semana anterior.
A instituição também informou que os impactos da desvalorização cambial sobre as relações de troca de sacas de café por fertilizantes variam conforme a região. No Espírito Santo, os cafeicultores necessitam, em média, de 4,17 sacas de 60 kg de café robusta tipo 6 para adquirir uma tonelada de ureia. No mesmo período do ano passado, esse número era de 4,38 sacas. No Sul de Minas, por sua vez, os produtores precisam de 3,28 sacas de café arábica do tipo 6 para comprar uma tonelada de ureia, um aumento de 0,5 saca em relação a agosto de 2014. Também houve diminuição semelhante do poder de compra nas regiões do Cerrado Mineiro, em Garça (SP) e no Norte do Paraná.