Avanço do coronavírus causa preocupação para os frigoríficos brasileiros exportadores

Publicado em 11/03/2020 14:33
Problema logístico na China acaba comprometendo os desembarques de cargas e a fluidez do comércio em geral.

Os frigoríficos brasileiros que atuam nas exportações de carne bovina seguem atentos ao avanço do coronavírus na China e para outros países, principalmente a Europa. De acordo com a análise Mensal do Itaú BBA, o problema logístico é grande na potência asiática e isso acaba comprometendo os desembarques de cargas e a fluidez do comércio em geral.

“É possível que tenhamos um período tumultuado nos envios para a China, enquanto a logística interna seguir obstruída. Apesar disso, é factível que mais adiante tenhamos um efeito rebote nas exportações, na medida em que o necessário reabastecimento começar a ocorrer”, destacou o Banco.  

Os embarques de carne bovina in natura no mês de fevereiro tiveram um desempenho menor se comparado com outros meses.  O volume de carne exportada foi de 110,6 mil toneladas com uma queda de 4,2% frente ao mesmo período do ano passado. Com relação aos valores negociados, os preços registraram um recuo de 9,2% no último mês. “Embora a desvalorização do Real no período (4,7%) compense parte dessa redução em moeda nacional”, reportou o Itaú.

Após a ocorrência de abscesso em cargas enviadas e reações da vacina contra a febre aftosa, os Estados Unidos da América reabriram o mercado de carne bovina para os produtos do Brasil. “O mais importante nessa reabertura é a reconquista do status de exportador para os EUA, referência mundial em padrões sanitários, o que é seguido por outros importadores relevantes ainda não acessados pelo Brasil, caso do Japão e da Coréia do Sul”, afirmou os analistas no relatório.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que em fevereiro a produção de carne bovina brasileira deve crescer 3,4% em 2020. A produção deve ser em torno de 10,5 milhões de toneladas, impulsionada pelo aumento de produtividade (carcaças mais pesadas), exportações recordes (+10%) e bom consumo doméstico.

“Os norte americanos foram o segundo maior importador mundial em 2019 (atrás da China) e o terceiro maior exportador (atrás do Brasil e da Austrália). São grandes consumidores de carne de dianteiro (hambúrgueres) e exportadores de cortes de traseiro”, reportou o USDA.  

Pastagem

Os pecuaristas estão conseguindo segurar os animais já que o clima tem contribuído para os pastos ficarem em boas condições. Por outro lado, as indústrias frigoríficas devem testar preços de oferta mais baixas em função da carne ter se estabilizado no mercado interno nos últimos dias.

Segundo o levantamento do Banco, a tendência é que o mercado volte a firmar dado que as escalas de abate da indústria são curtas. “Esta época do ano, de pastagens fartas, ajuda muito o produtor a contornar um eventual recuo das compras, caso os frigoríficos sofram ainda mais com esta situação, mas, a julgar pela forte alta da curva de futuros relativamente há trinta dias, o mercado está bastante a favor do boi gordo”, ressaltou.

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Por: Andressa Simão
Fonte: Notícias Agrícolas

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