Futuros para o Boi Gordo registram valorizações de 22% em um mês na Bolsa Brasileira

Publicado em 15/11/2019 19:16
Altas nas cotações futuras estão sendo impulsionadas pela habilitação de novos frigoríficos e oferta restrita de animais

As boas notícias no mercado físico do boi gordo têm refletido em valorizações significativas nos principais contratos negociados na Bolsa Brasileira. O cenário altista no setor é resultado da demanda externa e interna aquecida e da baixa oferta de animais prontos para abate.

O analista da Cross Investimentos, Caio Junqueira, destaca que as boas informações do mercado físico estão refletindo mercado futuro. “Os negócios na Bolsa Brasileira é um termômetro do que está acontecendo no mercado físico, na qual está sendo impactado positivamente pelo volume recordes embarcado de carne bovina in natura”, comentou em entrevista ao Notícias Agrícolas.

No mês de outubro, o volume embarcado de carne bovina in natura foi de 160,1 mil toneladas e a demanda externa está ajudando a enxugar o excedente de produto no mercado interno.  “O crescimento foi puxado pela habilitação de novas plantas para a China. Além disso, os preços médios em reais da tonelada embarcada durante o período também foram relativamente remuneradores, principalmente na comparação anual”, afirmou a Radar Investimentos.

Um dos fatores que pode ter impulsionado o avanço do mercado futuro nesta semana foram às recentes habilitações de novas indústrias frigoríficas a exportar carne bovina. Na última segunda-feira (11), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) divulgou que Arábia Saudita habilitou oito frigoríficos brasileiros a exportar carne bovina e produtos.

A abertura do mercado árabe foi em decorrência do sucesso das negociações da viagem do presidente Jair Bolsonaro à Arábia Saudita. Em seu twitter, o presidente agradeceu a Ministra da Agricultura. "Após China anunciar habilitação da exportação de nosso miúdo suíno, a Arábia Saudita faz o mesmo com 8 estabelecimentos do Brasil com a carne bovina. Geração de emprego e produção”, escreveu Bolsonaro.

Na última terça-feira (12), a Ministra da Agricultura informou através das redes sociais que a China habilitou mais 13 plantas frigoríficas brasileiras a exportar carne, sendo cinco para bovinos, cinco para suínos e três para aves. “Mais uma notícia muito boa para os produtores, para a pecuária brasileira. Acabei de receber a notícia de mais 13 plantas habilitadas pra China. Cinco de bovinos, cinco de suínos e três de aves. Essa é a grande notícia do dia”, disse a Ministra Tereza Cristina.

“Parece que o ministério tem dado uma ênfase de não beneficiar apenas os três grandes players do mercado e tem favorecido plantas frigoríficas menores. Podemos ver um impacto nas exportações no final de novembro e começo de dezembro”, ressaltou o analista da Cross Investimentos.

O analista da Agrinvest, Marcos Araújo, detalhou em seu artigo que mercado do boi gordo vive uma sequência de preços recordes na B3 e neste momento é muito oportuno para o pecuarista garantir o preço futuro. “As importações de carnes pela China deverão crescer muito no próximo ano em função da queda na produção de carne suína, em que o mercado asiático exigirá forte crescimento de suas importações”, disse o analista.

O Brasil conta com um rebanho de 214 milhões de cabeças e no mercado futuro são negociadas em uma média 400 mil cabeças na Bolsa Brasileira. “O pecuarista sabe muito dentro da porteira pra dentro e tem evoluído muito nos últimos anos com relação à produção e pastagens, porém quando se fala em mercado futuro é como colocar um quadro negro”, disse o analista da AgroAgility, Gustavo Figueiredo, em entrevista ao Notícias Agrícolas.

O analista ainda reforça que o mercado futuro é uma ferramenta que ajuda a proteger a margem do pecuarista dentro da propriedade. “Os contratos futuros não são um bicho de sete cabeças, mas é uma forma de minimizar as perdas na gestão da propriedade”, afirmou Figueiredo.

Contrato novembro registra alta de 32,22% (comparado a 2018)

Segundo o levantamento realizado pelo o Notícias Agrícolas, o contrato novembro/19 que terminou a sessão desta quinta-feira (14) precificado a R$ 198,50/@, registrou um incremento de 19,94%  frente ao fechamento do dia 01 de outubro, que estava cotado a R$ 165,50/@. Em 2018, o novembro/18 trabalhava a R$ 146,80/@, ou seja, houve um aumento de 35,22% nas referências.

No último pregão, o vencimento Dezembro/19 encerrou a R$ 205,00/@ e teve um ganho de 22,39% se comparado com o fechamento do primeiro dia útil do mês anterior, na qual estava precificado a R$ 167,50/@. A valorização é ainda maior quando analisada com o ano de 2018 que teve acréscimo de 37,58% e que a arroba estava cotada a R$ 149,00.

A referência para o janeiro/19 estava em torno de R$ 150,20/@ no ano passado e teve um avanço de 336,48%% se comparada com os preços atuais que estão ao redor de R$ 205,00/@. Em um mês, o vencimento janeiro/20 registrou um incremento de 19,53% se comparado com o preço observado no dia 01 de outubro, na qual o valor estava a R$ 171,50/@.

O vencimento Outubro/20 encerrou a quinta-feira ao redor de R$ 211,00/@ e teve uma alta de 19,89% frente ao fechamento do pregão do dia 01 de outubro, na qual estava cotado a R$ 176,00/@. Foi na sessão do dia 07 de novembro que foi registrada a primeira negociação nos patamares dos R$ 200,00/@.

Confira a evolução contrato Outubro/20 negociado no período 01 de outubro a 14 de novembro

Mudança na Metodologia

No final de outubro, a Bolsa Brasileira informou que uma nova metodologia para os contratos futuros de boi gordo entrará em vigor a partir do dia  2 de janeiro de 2020. A alteração ocorreu após a pressão dos pecuaristas, fundos de investimentos e corretoras especializadas no setor.

A metodologia de captação dos preços para os contratos futuros de boi gordo estavam provocando distorções nos preços do gado. Tendo em vista, que essa diferença chegava a ser de R$ 8,00 por arroba entre o mercado físico e o futuro. Além disso, o setor apontava a a metodologia como uma das responsáveis pela expressiva redução do número de contratos negociados.

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Por: Andressa Simão
Fonte: Notícias Agrícolas

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