Preços do etanol deverão recuar
Conforme as pesquisas, na média nacional, o litro do etanol hidratado custa R$ 1,90, e a gasolina automotiva com 20% de álcool anidro, R$ 2,60.
Nas usinas produtoras, o álcool hidratado está sendo negociado a R$ 1,00 por litro, e o anidro, a R$ 1,20.
Em decorrência, proprietários de veículos flex estão optando pelo derivado do petróleo na maioria dos estados brasileiros, com exceção de Goiás e Mato Grosso.
Com o início da safra de 2010/2011, em março, a expectativa dos analistas é de que o cenário deverá mudar sensivelmente com a maior oferta do etanol às distribuidoras, pois os estoques encontram-se praticamente zerados diante do consumo, que cresceu mais de 16% no ano transcorrido.
Em fevereiro, o governo deliberou pela diminuição da mistura à gasolina de 25% para 20%, o que piora as emissões dos carros e a qualidade da gasolina vendida.
Com efeito, a octanagem aumenta com a percentagem na mistura: 20%: 80,3; 25%: 82,0 e 30%: 84,0.
Ademais, em face do excesso das chuvas, a produção do etanol foi menor do que as previsões em 4 bilhões de litros.
Com o excesso de água nas lavouras canavieiras, o rendimento industrial foi prejudicado.
Os insuficientes preços recebidos pela indústria do etanol foram compensados pelas exportações do açúcar, com a saca do alimento comercializada a R$ 61, 78% a mais do que o verificado em janeiro.
Para os plantadores de cana, a recuperação dos preços do açúcar e do etanol foi, igualmente, benéfica, passando o lavrador a receber R$ 62 por tonelada, enquanto a média da safra passada foi de R$ 45.
Altamente positiva no período que antecede à próxima safra, a informação da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, Environmental Protection Agency) de que o derivado da cana é um "biocombustível avançado" e que as suas emissões de CO2(dióxido de carbono, ou gás carbônico) são 61% inferiores às da gasolina.
(dióxido de carbono, ou gás carbônico) são 61% inferiores às da gasolina.
Outro parecer favorável ao uso dos biocombustíveis foi emitido pela Associação dos Fabricantes de Veículos do Japão (JAMA), o que representa um importante passo para a internacionalização do etanol, transformando-o em commodity, segundo a Unica.
A auspiciosa declaração da instituição americana poderá ajudar significativamente o Congresso norte-americano a eliminar os entraves existentes às exportações brasileiras para a grande nação, que consumirá 136 bilhões de litros de biocombustível nos próximos doze anos.
Daí, as inúmeras parcerias celebradas de capital estrangeiro (Louis Dreyfus, Bunge, Shell, Amyris e Sheree Renska) com empresários nacionais, o que poderá consolidar o etanol no mercado global.
A indústria brasileira tem condições efetivas de fornecer a quantidade de etanol desejada pelos americanos e outras nações, graças ao domínio de tecnologia, terras agricultáveis, preços competitivos e mão de obra especializada.
Com a previsão de produção de mais de 2 milhões de barris diários de petróleo no pré-sal, além da já existente, caso os projetos de exploração da Petrobras sejam aprovados no Congresso, o Brasil poderá ser o grande exportador de combustíveis fósseis e renováveis do universo.
As reservas estimadas brasileiras do pré-sal são da ordem de 50 bilhões de barris de petróleo.
Existem, porém, inúmeros entraves, entre eles, fundamentalmente, a mobilização de recursos financeiros indispensáveis para o pré-sal (112 bilhões de dólares na próxima década) e os marcos regulatórios do etanol, a fim de que o governo estabeleça estoques estratégicos, bancados pelo Estado, à semelhança do petróleo, além de afastar os interesses imediatistas, partidários e políticos.