Medida que prejudique o crescimento será adiada
Por esse motivo, ela decidiu segurar a adoção de novas medidas nas áreas de contenção de crédito e de apreciação cambial nos primeiros meses de governo, marcando para março uma reunião de avaliação sobre o cenário econômico.
A seu pedido, a equipe econômica elaborou um conjunto de medidas nessas duas áreas levando em conta o aumento da inflação e do endividamento das famílias.
Assessores relatam que Dilma deseja um crescimento econômico de pelo menos 4% em seu primeiro ano de governo e não quer tomar decisões que possam comprometer esse desempenho.
Além das medidas para conter o crédito já anunciadas e da alta de juros, há o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento, cujo impacto ainda precisa ser avaliado.
VINICIUS TORRES FREIRE Sai por uma porta, entra por outra
O GOVERNO aumentou o capital da CEF e o do BNDES. Esses bancos públicos terão assim mais dinheiro para financiar investimentos. Em breve, o governo deve ainda emprestar mais dinheiro para o BNDES, algo em torno de R$ 50 bilhões. Nesse caso, o governo vai fazer dívida, tomar dinheiro no mercado a uma taxa de uns 12% (a Selic) e vai emprestá-lo a uns 8%. Parece bom. Para quem? |
Nas estimativas discutidas de forma mais reservada pelo governo, no entanto, há um risco de o crescimento ficar abaixo de 4%. Com base nisso, definiu-se que esse seria o piso a ser administrado, com a adoção de medidas para evitar um esfriamento maior.
BOM SINAL
Apesar de 4% ser um recuo forte, já que o crescimento de 2010 deverá ficar em torno de 7,5%, a avaliação do economista Roberto Padovani, do banco WestLB, é de que essa taxa de expansão será um bom sinal.
"Mostra que o país é responsável, tem uma gestão econômica racional, buscando uma taxa de equilíbrio, e isso ajudará a manter o ciclo de investimentos."
Segundo Padovani, mesmo com 4% de crescimento, o Brasil deve enfrentar problemas de falta de mão de obra em várias áreas. Se a economia crescer 5% neste ano, isso levará a inflação para perto de 6,5%, o teto da meta do ano, afirma ele.
Nas projeções de Gustavo Loyola, ex-presidente do BC, a inflação só deve convergir para a meta em 2012. "As extravagâncias [de gastos] dos últimos dois anos estão dando ressaca." Para ele, Dilma está ciente da necessidade de desacelerar a economia neste ano para não comprometer a estabilidade de preços.