FAO pede cooperação do G20 enquanto metas de erradicação da fome seguem fora de alcance
O Diretor-Geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), QU Dongyu, pediu hoje uma maior cooperação dentro da família de nações do G20, visto que as metas globais de erradicação da fome continuam preocupantemente fora de alcance.
Em seu discurso de abertura na Reunião Ministerial do Grupo de Trabalho de Agricultura do G20 (GTA), na Chapada dos Guimarães, Qu lembrou ao público que 733 milhões de pessoas no mundo continuam a passar fome, o que significa que o mundo ainda está longe de alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2 (Fome Zero).
Embora tenha havido progresso notável na região da América Latina e Caribe, o Diretor-Geral observou que a fome continua a aumentar na África e permanece relativamente inalterada na Ásia.
As mudanças climáticas, os choques econômicos e os conflitos são fatores significativos que impulsionam a fome global e estão causando “crises alimentares de uma magnitude não vista há muitos anos”, disse Qu.
No Sudão, por exemplo, estima-se que mais de 25 milhões de pessoas enfrentaram altos níveis de insegurança alimentar aguda entre junho e setembro. Em Gaza, toda a população de 2,2 milhões de pessoas continua a necessitar de assistência alimentar e de subsistência urgente. Enquanto isso, no Afeganistão, na República Democrática do Congo, em Mianmar, no Sudão do Sul, no Paquistão, no Haiti e na Nigéria, mais de 1 milhão de pessoas em cada país enfrentam uma emergência alimentar.
"Não podemos deixá-los na mão", disse o Diretor-Geral. "Precisamos intensificar a assistência alimentar enquanto desenvolvemos e implementamos estratégias que protejam o meio ambiente e gerem rendas justas para os agricultores."
Os agricultores familiares, em particular, desempenham um papel central na garantia da segurança alimentar global, já que representam mais de 90% das fazendas do mundo, ocupam de 70 a 80% das terras agrícolas e produzem mais de 80% dos alimentos do mundo em termos de valor.
“Transformar nossos sistemas agroalimentares para torná-los mais eficientes, mais inclusivos, mais resilientes e mais sustentáveis exige um compromisso político mais forte, uma agenda social e contribuições abrangentes, que fortaleçam o papel dos agricultores familiares, pequenos produtores, povos indígenas e comunidades tradicionais”, afirmou.
Cooperação no G20
Em seu discurso, o Diretor-Geral destacou que um dos principais valores do G20 é servir como um fórum de coordenação política entre as maiores economias do mundo. Um grande exemplo disso é o Sistema de Informação de Mercados Agrícolas (AMIS), sediado na FAO, que agora é um pilar consolidado do mercado agrícola global.
Qu também destacou o progresso na redução da fome na América Latina, especialmente no país anfitrião, o Brasil, e o apoio unânime do G20 à proposta brasileira de lançar uma Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza.
“O mundo precisa de mais cooperação dentro do G20. Por isso, gostaria de parabenizar o governo do Brasil por trazer a segurança alimentar de volta ao centro das discussões do G20 e por promover e garantir o apoio além do G20 para acabar com a fome por meio da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza”, disse o Diretor-Geral.
Ele acrescentou que a FAO tem orgulho de apoiar a Aliança Global, hospedando seu Mecanismo de Apoio em Roma, organizando sua Cesta de Políticas e contribuindo aos seus três pilares.