FPA e MAPA divergem sobre atual momento de crise no agro do BR, com linha de crédito prevista para março, aquém do esperado

Uma linha emergencial para capital de giro, entre medidas de apoio ao produtor brasileiro, deverá ser anunciada pelo Ministério da Agricultura em março, segundo informações da pasta reportadas nesta quarta-feira (28). Ainda não há custos finalizados sobre tais medidas, mas está pré-definido que os setores da soja, do milho e da pecuária serão os atendidos neste momento. A linha contará com dois anos de carência e mais três para amortização, mas o volume de recursos ainda não foi oficializado ou divulgado. 

Em uma coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (27) após a reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Carlos Fávaro, da Agricultura, deu alguns detalhes do encontro e afirmou que "o presidente determinou que a gente continue a construção de medidas para minimizar qualquer impacto no setor. Estamos trabalhando em conjunto com o Ministério da Fazenda e o BNDES".

Mais do que isso, Fávaro voltou a afirmar que "não é uma crise. Precisamos evitar inadimplência e atender quem teve problema de safra, para trazer tranquilidade para este setor que está sendo uma mola precursora da economia brasileira". 

No mesmo dia, entretanto, o presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), o deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), afirmou que o agronegócio brasileiro vive uma crise que precisa ser assumida e indicada pelo governo federal. "São dois, três anos de enfrentamento pela frente. Temos que nos adaptar a uma nova realidade que está pesando demais para os produtores. A quebra de safra é desequilibrada em diversas regiões e vemos um montante de crise gigantesco", afirmou Lupion após a reunião semanal de frente.

As conversas entre o MAPA - que tem se alinhado também com o Ministério da Fazenda e o BNDES - e a FPA têm acontecido e uma série de pleitos já foi encaminhada à pasta. E na análise de Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, esta nova linha chega apenas como um "chazinho de camomila para acalmar alguns, apenas uma parte do mercado". E ele complementa afirmando que cerca de 50% da safra 2023/24 do Brasil foi afetada por adversidades climáticas de alguma natureza e que os produtores que não conseguiram fazer negócios antecipados sofrem agora com os menores níveis da temporada - entre preços de soja e milho, por exemplo - e enfrentarão dificuldades sérias para cumprir todos os seus compromissos financeiros. 

"É uma medida que ajuda, mas não muitos. E é preciso entender saber em quais taxas de juros essa linha de crédito vem, se não níveis com que o produtor consiga arcar", diz. 

Ainda direto da reunião da FPA, o senador Jaime Bagattoli (PL-RO) falou sobre a seriedade do momento e a urgência das medidas de amparo ao produtor brasileiro. "É a primeira vez que vivencio essa situação. O pior é que a segunda safra também será um problema sobre o milho safrinha e o algodão. A quebra de safra é um problema gravíssimo que estamos enfrentando e ainda pode durar mais do que se imagina", alerta.

NO MAPA: Presidente Lula e ministro Fávaro alinham ações para fortalecer agro brasileiro

Encontro pontuou medidas para trazer estabilidade para o setor e reforçou oportunidades, como a ampliação das exportações do agronegócio brasileiro

presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, realizaram reunião para debater ações estratégicas para fortalecer a agropecuária brasileira e abordaram os desafios do setor. O encontro foi realizado nesta terça-feira (27), no Palácio do Planalto, em Brasília.

“Conversei com o ministro Carlos Fávaro e falamos das parcerias estratégicas do setor e de ações futuras para aquecer setores da agropecuária. O trabalho do Governo Federal continua”, reforçou o presidente Lula.

Na ocasião, o ministro Fávaro detalhou que tratou com o presidente sobre ações que estão sendo realizadas para fortalecer a estabilidade da agropecuária brasileira. Pontuou, ainda, que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) vem fazendo o acompanhamento da safra, que atualmente está em cerca de 40% da colheita, para elaborar propostas conforme se apresenta o desempenho da produção, visando enfrentar qualquer dificuldade vivenciada pelo produtor nacional.

“Falamos sobre o momento da agropecuária e o presidente determinou que a gente continue a construção de medidas para minimizar qualquer impacto no setor. Estamos trabalhando em conjunto com o Ministério da Fazenda e o BNDES. Vamos ajudar quem precisa e devemos anunciar medidas em março", explicou o ministro Fávaro. “Não é uma crise. Precisamos evitar inadimplência e atender quem teve problema de safra, para trazer tranquilidade para este setor que está sendo uma mola precursora da economia brasileira”, completou.

Durante coletiva de imprensa, o ministro Fávaro evidenciou o trabalho que vem sendo realizado em apoio ao agronegócio, trazendo segurança jurídica para o setor. Exemplificou citando que em 2023 foram abertas 78 novas possibilidade de mercado para o Brasil, em 39 países, superando os números dos últimos quatro anos. Ainda, completou reforçando que neste ano o ritmo está ainda mais acelerado, com 16 novos mercados, um recorde bimestral.

Também foi debatido na reunião os esforços do Mapa para ampliar a exportação de carnes para a União Africana. A iniciativa parte de um pedido do presidente Lula, que identificou a oportunidade comercial com a região durante os encontros bilaterais com líderes dos países africanos, na viagem realizada neste mês. O plano é estruturar uma comitiva especializada para estreitar relações comerciais com o continente africano. O trabalho visa gerar oportunidades, empregos e movimentar a economia brasileira.

O ministro Fávaro também informou que irá reunir líderes do agronegócio para conversar com o presidente Lula no Palácio do Planalto, com foco em ouvir o setor de perto e entender as necessidades e oportunidades. Ainda, estão previstas viagens para visitar obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que beneficiam a agricultura e a pecuária do país.