Incêndio em acampamento do MST no Pará deixa 9 mortos
SÃO PAULO (Reuters) -Um incêndio atingiu na noite de sábado um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na cidade de Parauapebas, no sudeste do Pará, deixando nove mortos e oito feridos até o momento, informou o movimento neste domingo.
Segundo o MST, o incidente foi provocado por um curto-circuito na rede elétrica durante a instalação de fiação de internet no acampamento Terra e Liberdade por uma empresa local. Líderes comunitários disseram em coletiva de imprensa neste domingo que o curto aconteceu por volta das 20h, quando uma antena entrou em contato com a rede de alta tensão, incendiando cabos de energia e alguns barracos do assentamento.
Entre os nove mortos, seis eram moradores do acampamento e três eram trabalhadores da empresa de internet, segundo membros MST. Além disso, foram encaminhadas oito pessoas para o hospital, sendo que sete já foram liberadas e uma segue internada com queimaduras de segundo grau, mas sem risco de morte.
Segundo o MST, o fogo depois foi contido pelo Corpo de Bombeiros.
Membros do acampamento Terra e Liberdade disseram na coletiva deste domingo que já estão recebendo auxílio governamental, como a distribuição de água e alimentos e ajuda funerária.
Em nota, a prefeitura de Parauapebas disse que a Defesa Civil esteve no local neste domingo com equipes do setor social, para acolhimento e cadastramento das famílias a fim de realizar a entrega de kits humanitários.
Também foi montado um comitê de crise num cemitério local para agilizar a necropsia e o sepultamento dos corpos, juntamente com o IML e a Polícia Civil, disseram as autoridades municipais.
O governo federal informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e o presidente do Incra, César Aldrighi, viajem ainda neste domingo para o Pará de forma a "acompanhar o caso de perto e levar todo o apoio do Governo Federal às famílias das vítimas dessa tragédia".
Cerca de mil famílias moram no acampamento Terra e Liberdade, que, segundo o MST, fica próximo de, mas não checa a ocupar, um latifúndio de cerca de 60 mil hectares que abrange três municípios paraenses. Os moradores do acampamento questionam a propriedade vizinha e pedem vistoria do patrimônio, disseram os líderes comunitários na coletiva.
(Por Luana Maria BeneditoEdição de Pedro Fonseca)