Rússia vai taxar exportação de fertilizantes e medida pode deixar mercado brasileiro menos destoado
A Rússia deverá taxar suas exportações de fertilizantes, segundo noticiou a agência de notícias Interfax, nesta sexta-feira (11), depois de meses de sinalização do governo russo. De acordo com as informações do ministro do Comércio Denis Manturov, o tributo deve ser estabelecido sobre todos os tipos de fertilizantes em 23,5% quando o preço estiver acima de US$ 450,00 por tonelada.
A notícia chega como mais um ponto de preocupação para o mercado, que segue vivendo uma crise na oferta de alimentos, esperando por uma boa safra da América do Sul nesta temporada e do Hemisfério Norte na seguinte para começar a recompor seus estoques e equilibrar as relações com a demanda.
Todavia, como explica o analista de fertilizantes da Agrinvest Commodities, Jeferson Souza, os impactos da medida deverão ser sentidos apenas mais a diante. "Mas, de certa maneira, pode segurar as disfunções que o mercado esteve acompanhando ultimamente", diz.
Souza explica também que a Rússia, em geral, é mais competitiva e que poderiam vir a diminuir a agressividade nos preços, apoiados nessa taxação. "Acredito que as tarifas de exportação de fertilizantes da Rússia poderão contribuir para vermos o mercado brasileiro menos destoado. Ultimamente, ao receber algumas cotações, percebo que existe uma grande diferença entre as empresas para o mesmo produto. Quem sabe essa diferença diminua".
"Mesmo com a guerra no Leste da Europa, a Rússia continua sendo a maior fornecedora de fertilizantes para o Brasil nos primeiros dez meses de 2022. De janeiro a outubro, a Rússia destinou para os principais portos brasileiros mais de 6,85 milhões de toneladas", complementa o analista.
Esta semana, ainda como explica Souza, terminou com praticamente todas as matérias-primas em queda, ao menos em dólares por tonelada. Em reais, os impactos da volatilidade cambial foram inevitáveis. "Nesta quinta-feira (10), a guinada do real deixou a matéria-prima mais cara na nossa moeda. Em algumas praças do Brasil, a ureia subiu quase R$100/t. Contudo, além do preço precisamos sempre olhar as relações de troca", orienta o analista.