Mercado reage sem entusiasmo à notícia de que a China pode comprar US$ 20 bi dos EUA
A agência de notícias Bloomberg informou, nesta quinta-feira (24), que a China já estaria comprometida em comprar cerca de US$ 20 bilhões em produtos agrícolas dos EUA no primeiro ano, depois de os dois países terem alcançado um acordo parcial no início deste mês em Washington. O mercado, no entanto, ainda não sabe quando este "primeiro ano" começará e quando as importações da China começarão a ser contabilizadas para alcançarem os US$ 20 bilhões.
Novamente, a notícia chega sem grandes detalhes e mantém o mercado na defensiva. Depois do anúncio, o futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago seguiam operando com estabilidade, subindo entre 1,50 e 2 pontos nos principais contratos.
Apesar disso, o mercado especula com boas perspectivas essa nova fase das relações comerciais entre China e EUA, mas sem manter sua cautela, contendo a euforia e evitando posicionamentos mais agressivos.
Caso esses US$ 20 bilhões se confirmem, as compras da nação asiática no mercado norte-americano alcançariam volumes financeiros semelhantes aos de 2017, antes do início da guerra comercial. Um levantamento feito pela especialista Karen Braun, da Reuters Internacional, mostra que há dois anos as importações da China nos EUA de itens agropecuários resultaram em uma receita de US$ 19,48 bilhões, sendo os maiores responsáveis a soja - 63%; o algodão - 5%; sorgo - 4% e carne suína - 3%.
O gráfico abaixo mostra a evolução das compras chinesas nos EUA nos últimos anos.
Fonte: Karen Braun
Como explica Tarso Veloso, diretor da ARC Mercosul, o mercado atua diante de 'manchetes de jornal', ainda esperando para entender o que vai acontecer. "E não temos como saber o que vai acontecer porque as negociações são políticas. É preciso saber o quanto será fechado, como será, e assim conseguimos entender como o mercado pode reagir", complementa. "É bom, mas é especulação", conclui.
O Ministério do Comércio da China não respondeu ao pedido de comentários sobre as compras agrícolas feito pela agência de notícias Bloomberg até o fechamento desta matéria.
Ainda segundo Veloso, vários números de cifras e volumes de produtos a serem comprados pelos chineses têm circulado pelo mercado. Inclusive, especula-se que a metade das compras poderia ser feita em frutas e legumes, por exemplo. Outra situação poderia vir ser confirmada ainda com esse total de compras da nação asiática de US$ 40 bilhões a US$ 50 bilhões serem totalizadas em cerca de três anos. "Há muitos ruídos ainda em torno disso tudo", diz.
Caso as negociações avancem em um ritmo considerável, o presidente americano Donald Trump e o chinês, Xi Jinping, devem se encontrar em novembro, no Chile, para a assinatura do acordo parcial. Ainda de acordo com informações de agências internacionais, ambas as partes estariam trabalhando na construção do texto do que foi acordado no último dia 11, em Washigton.
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou uma nova venda de soja para a China nesta quinta-feira (24). Foram 264 mil toneladas da safra 2019/20. Nesta quarta (23), o departamento já havia informado um outra compra de 128 mil toneladas para destinos não revelados.