Um novo olhar para a pecuária brasileira, por Agroanalysis/FGV
?
Temos tudo para mostrar que a pecuária brasileira tropical com manejo de pastagem intensiva é o nosso principal trunfo para cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris. Essa forma de manejo integra várias técnicas que aumentam a produtividade e o aproveitamento dos pastos. O modelo diminui em até quatro vezes as emissões e aumenta o sequestro de carbono. Cientistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) descobri- ram que, graças ao manejo intensivo, a pecuária já é capaz de retirar carbono da atmosfera mesmo sem o plantio árvores.
Por outro lado, não queremos varrer fatos para debaixo do tapete: os bovinos ainda possuem papel relevante na emissão de GEE, sobretudo quando criados de maneira isolada, em pastagens mal manejadas e com baixo investimento. Felizmente, a pecuária brasileira está cada vez mais aberta a incorporar tecnologias nos sistemas de produção, um passo importante para reverter esse cenário.
A tendência foi comprovada por um estudo da consultoria Athenagro publicado em fevereiro de 2019. O levantamento mostra como a pecuária vem conseguindo aumentar a produção em áreas cada vez mais reduzidas. De 2003 a 2018, os produtores brasileiros expandiram a produção em 500 milhões de toneladas usando uma área com quase 10 milhões de hectares a menos. A produtividade aumentou 84% no período como resultado de dedicação e ousadia na implementação de técnicas mais modernas de produção no campo.
O estudo conclui que nos últimos 27 anos a evolução na pecuária evitou que outros 253 milhões de hectares fossem desmatados. As estatísticas são geradas por fontes o?ciais e pesquisas ?nanciadas, inclusive por quem não admite essa conclusão.
Isso sem contar o compromisso social da pecuária brasileira na produção de alimentos. Precisaremos aumentar a nossa oferta de comida em mais de 70% até 2050 para alimentar uma população mundial estimada em 9,8 bilhões de habitantes. Só vamos fazer um Brasil referência mundial em segurança alimentar com boas práticas de gestão e uso de insumos, genética, integração e aproveitamento de resíduos, transformando alimentos pobres e não digeríveis pelo ser humano em proteína nobre de altíssima qualidade.
A realidade, portanto, é uma só: o bom pecuarista cumpre legislações – trabalhista, sanitária e ?orestal – altamente exigentes e está alinhado a tecnologias e boas práticas de manejo, ciente dos processos de gestão na propriedade e preocupado em aliar sustentabilidade ao processo produtivo.
Para acompanhar todas as informações disponibilizadas pela revista Agroanalysis, clique aqui.