No ESTADÃO: A supersafra, ainda maior do que se previa

Publicado em 16/08/2017 04:42
Editorial econômico do Estadão se em estimativas da Conab. "Em termos de produtividade, as grandes estrelas continuam a ser soja e milho"
A nova estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2017/2018 reforça a expectativa de que não haverá pressão sobre os preços dos alimentos básicos nos próximos meses e em 2018, o que contribuirá para manter baixa a inflação.
 
Além disso, as exportações de produtos agrícolas deverão continuar a assegurar boa parte dos saldos da balança comercial. De acordo com a Conab, a safra de grãos pode chegar a 237,2 milhões de toneladas, 1 milhão de toneladas a mais que o previsto em levantamento anterior, e aumento de nada menos do que 51,6 milhões de toneladas em relação à safra 2016/2017 (186,6 milhões de toneladas), um avanço de 27,7%.
 
Em termos de produtividade, as grandes estrelas continuam a ser soja e milho. No caso da soja, a área plantada cresceu 2%, mas o volume estimado de produção teve alta de 19,5%, podendo alcançar 114 milhões de toneladas.
 
Quanto ao milho, o Brasil firma sua posição como terceiro produtor mundial, abaixo dos EUA e da China, com um volume esperado de 97,2 milhões de toneladas, somadas a primeira e a segunda safras, 36,1% acima da safra 2015/2016, com ampliação da área de 9,7%.
 
O crescimento da produção desses grãos deve refletir-se nos preços das rações animais, o que pode contribuir para estabilidade ou redução dos preços das carnes.
 
A recuperação do feijão apontada pela Conab, com a produção devendo alcançar 3,4 milhões de toneladas, graças à reavaliação positiva da produção da Região Nordeste, deverá regularizar o abastecimento interno desse produto essencial na mesa do brasileiro.
 
Os técnicos da Conab asseguram que não haverá necessidade de importação de feijão em futuro próximo.
 
Com supersafras seguidas, o País poderá continuar elevando suas vendas externas de commodities agrícolas, ainda que as cotações internacionais sejam menos atrativas.
 
A queda dos preços poderá ser compensada pelo aumento do volume exportado.
 
Como já tem sido observado, a renda e o emprego no agronegócio tendem a aumentar, com impacto direto sobre o ritmo de atividade econômica em geral. O quadro poderia ser ainda mais benéfico se mais investimentos fossem destinados à expansão e à melhoria da infraestrutura necessária ao escoamento das safras, de modo a reduzir perdas milionárias com deficiências de transporte e armazenagem.
 

Safra recorde faz valor de produção crescer no país (por MAURO ZAFALON, na FOLHA)

A grande safra de grãos deverá salvar o resultado final do VBP (Valor Bruto de Produção) neste ano, estimado em R$ 535 bilhões, 4,5% mais do que em 2016. 
 
Os 20 produtos agrícolas pesquisados pelo Ministério da Agricultura vão atingir R$ 367 bilhões, 10% mais do que em 2016.

O principal aumento nesse setor fica para o algodão, cujo valor sobe para R$ 21,1 bilhões, 76% mais do que em 2016.

A soja, o item de maior valor de produção neste ano —R$ 116 bilhões—, terá evolução de apenas 2,3%.

Tanto algodão como soja têm safras recordes, mas os preços externos do algodão são mais favoráveis que os da soja.

Um dos destaques negativos neste ano fica para o trigo, cujo valor de produção recua para R$ 3,3 bilhões, 31% menos que em 2016. Essa queda resulta de área menor de plantio e de problemas climáticos nas lavouras.

Segundo José Gasques, coordenador-geral de Estudos e Análises da SPA (Secretaria de Política Agrícola), a situação da pecuária (bovino, frango, suíno, leite e ovos) não foi tão favorável neste ano quanto a da lavoura.

A queda do faturamento na produção de frango e de bovinos forçou uma redução de 6% no setor neste ano.

Afetado por várias crises no primeiro semestre, o faturamento total da pecuária deverá cair para R$ 167,5 bilhões.

PERDAS

A pecuária foi a grande perdedora nas duas principais regiões de maior faturamento do agronegócio: Centro-Oeste e Sudeste. Enquanto as lavouras aumentaram o VBP em ambas, a pecuária teve queda de 9% e 6%, respectivamente.

Gasques mostra que São Paulo, o maior VBP do país, recebeu a influência positiva da cana-de-açúcar, cujo valor de produção subirá para R$ 31,1 bilhões neste ano.

Já Mato Grosso, o segundo principal Estado em faturamento agropecuário, perde receitas na soja, produto que tem a liderança nacional na produção.

Após ter atingido volume financeiro de R$ 31,1 bilhões em 2016 no Estado, a oleaginosa deverá render R$ 28,2 bilhões neste ano.

Outro baque em Mato Grosso ocorreu na pecuária. O valor de produção do setor de bovinos recua para R$ 9,9 bilhões, 7% menos.

Detentor do maior rebanho do país, Mato Grosso perde receitas devido à queda de preços dos animais, provocada pelas operações da Polícia Federal no setor de carnes.

*

Pelo Norte - As exportações de soja de Mato Grosso atingiram 16 milhões de toneladas até julho, segundo o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).

Pelo Norte 2 - Desse volume, 41% saíram pelos portos do chamado Arco Norte. Há cinco anos, esse percentual era de apenas 18%. Os portos localizados no Arco Norte vêm substituindo gradativamente os do Arco Sul.

Fertilizantes - As importações brasileiras deverão crescer 2,8% neste ano, somando 25,5 milhões de toneladas. A previsão é de Fábio Silveira, da MacroSetor Consultores.

Fertilizantes 2 - As vendas de fertilizantes, porém, vão recuar, em relação às de 2016. Silveira estima entregas de 33,5 milhões de toneladas, 1,8% menos do que as de 2016.

Fonte: ESTADÃO/FOLHA

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