Colonoscopia e endoscopia com humor, por Osvaldo Piccinin

Publicado em 17/03/2015 15:37
Osvaldo Piccinin, engenheiro agrônomo, formado pela USP-Esalq, em 1973. Natural de Ibaté, é empresário e agricultor e mora em Campo Grande/MS.

Que bicho é esse? Se você não é da área da saúde e nem fez 45 anos ainda, provavelmente terá dúvidas em responder. Saiba, pois, tratar-se de mais um daqueles exames preventivos – câncer de estômago e intestino -,  a exemplo da próstata e outros feitos rotineiramente. Felizmente tenho uma esposa que cuida com esmêro de nossa saúde, não nos deixando vacilar.

Nesta coluna quero explorar um pouco o lado humorístico deste desagradável, mas importantíssimo exame, que graças a Deus é realizado de três em três anos. Felizmente acabei de me submeter e terei, portanto, três anos pela frente para tentar apagar da lembrança os procedimentos exigidos, antes de  encara-lo novamente.

Os preparativos começaram dois dias antes do exame em si. Até hoje fico em dúvida se precisava ser realmente assim  ou  se houve exageros por parte da esposa. Começou pela alimentação á base de arroz branco, sem feijão, batatas em forma de purê, ovos cozidos, e remédio para acelerar a evacuação a fim de ir limpando a serpentina. Não se pode comer nada pigmentado, por exemplo: saladas verdes, cenouras, beterrabas, tomates e por ai vai.

No segundo dia, pode-se repetir o cardápio, ou optar por uma canja de galinha pálida -, bem ralinha. Mas a coisa começou a ficar feia mesmo, na madrugada que precedeu o exame. O relógio despertou as quatro da matina lembrando-me de tomar outros dois comprimidos de laxante, mais um litro de limonada, misturado com algum remédio -, creio ser laxante também o tal de Manitol.

Aí amigo, fiquei de três a quatro horas sentado no vaso no maior “dilurimento”,  rezando para que o tempo passasse depressa. Sem contar que uma hora antes, a enfermeira, muito educada, ligou diretamente no meu celular perguntando  quantas vezes eu havia ido ao banheiro, nas últimas duas horas. 

Respondi, sem pensar, para não esticar muito a conversa: - mais ou menos cinco. Imagina que iria ficar contando quantas vezes foram! Mal sabia ela que depois daquela inofensiva limonada, madrugadeira, colei a bunda no sanitário até a saída para a clínica. Foi simplesmente uma ligação direta com o intestino.
Faltando meia hora para o dito cujo, tomei um banho caprichado e vesti a cueca mais nova. Passar perfume Francês, jamais, também já seria demais. Francamente!

Até ali se passaram dois dias de preparação e aí pensei: ainda bem que já estou a caminho da clínica e acabará logo esta agonia “evacuística”. Ledo engano, amigo. Assim que terminei o preenchimento da ficha, uma enfermeira deu uma ordem educada, mas direta. 

- Senhor por gentileza dirija-se até o banheiro, faça sua necessidade -, que a essa altura eu não via mais necessidade - e não dê descarga, para que eu possa verificar se o senhor está apto para o procedimento. Este pra mim é quase o pior momento, porque o pior mesmo ainda estava por vir. 

Depois de tanto constrangimento fui me tornando “cara de pau” e disposto a enfrentar o que aparecesse pela frente. Entro na sala pisando firme e autoconfiante, apesar das olheiras frutos de duas noites mal dormidas, cuidando da válvula de escape.

Encontrei à minha espera uma médica, provavelmente, recém-formada pela pouca idade que aparentava, e uma enfermeira experiente. Fiquei desconfiado e perguntei com voz aveludada: - doutora é a senhora que fará o exame? – Não -, me respondeu educadamente, sou a anestesista, o doutor está a caminho.

Nesse instante, a enfermeira ordenou: - o senhor pode tirar toda roupa e colocar o avental. Era um tipo saiote que só cobre a frente deixando o trazeiro exposto. Fiquei encabulado, mas obedeci. O que me Ajudou um pouco, suavizar a timidez, foi o ambiente  “penumbroso”.

Em seguida deitei-me na maca. - De ladinho disse-me ela. Com o “forever” ao vento em posição vulnerável, daquele jeitinho que “Napoleão perdeu a guerra”, e aguardei a anestesia agir enquanto o médico não chegava. Sinto-me acuado, mas não ao ponto de  me borrar de medo, afinal nessa altura nem seria possível.  Anestesiado não viria e nem sentiria nada. Como se diz: podem bolinar a vontade! 

Quando falo sobre a importância de fazermos este exame com alguns amigos, a primeira coisa que me perguntam é se a sonda entra pela garganta ou por baixo. Eu respondo que pouco importa  afinal, “morto” não sente. O momento mais gratificante é quando recebo o resultado, e vejo que fui aprovado com louvor!

Confio muito no meu médico que, por duas vezes, encontrou a formação de pólipos no intestino. Para quem não sabe os pólipos se não retirados a tempo, poderão se transformar em câncer. E câncer, nestes órgãos, é enfermidade de alta periculosidade.

“Na juventude aprendemos; com a idade, compreendemos”. “Se não acreditares na idade, não envelhecerás até o dia da tua morte”. 

E VIVA A SAÚDE PREVENTIVA!

osvaldo.piccinin@agroamazonia.com.br

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Fonte: Osvaldo Piccinin

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