Leite: “Média Brasil” registra queda de quase 6 centavos em agosto
Pelo segundo mês consecutivo, os preços do leite recebido por produtores registraram queda. Segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, a “Média Brasil” líquida[1]de agosto, referente à captação de julho,fechou a R$ 1,3466/litro, recuo de 4,25% frente ao mês anterior (ou de quase 6 centavos/litro), em termos reais (deflação pelo IPCA de julho/19).As cotações do leite no campo iniciaram o movimento de baixa em julho, masa queda acumulada nesses dois meses já é de 12%, em termos reais.
Esse cenário tem sido atrelado à pressão das indústrias, que tiveram suas margens espremidas no primeiro semestre, por conta dos altos preços da matéria-prima e das fracas negociações dos lácteos. Enquanto o preço do leite no campo acumulou consecutivas altas até junho, influenciados pela oferta limitada e pela grande concorrência entre laticínios, o repasse dessa valorização aos derivados foi dificultado, devido à estagnaçãoeconômica e ao consequente consumo enfraquecido.
Até o momento, o comportamento do mercado lácteo está bastante semelhante ao de 2017, com preços elevados no primeiro semestre, em decorrência da oferta reduzida de matéria-prima, e queda brusca na segunda metade do ano, após a recuperação do volume de leite(safra do Sul). Contudo, a diferença entre esses anos parece estar centrada no fôlego da recuperação da produção. A saída de produtores da atividade nos últimos anos e a grande insegurança em realizar investimentos de longo prazo frente às incertezas no curto prazo devem prejudicar a captação em 2019. Além disso, a safra do Sul foi menor neste ano porque as forrageiras de inverno foram prejudicadas pelo clima desfavorável.
Assim, os agentes entrevistados pelo Cepea afirmam que a oferta continuou limitada em agosto. Para assegurar a matéria-prima, diminuir a ociosidade não planejada (que se traduz em custos) e manter seus shares de mercado, as indústrias continuam atuando com concorrência acirrada, o que impulsionou as cotaçõesno mercado spot na primeira e segunda quinzenas de agosto.Em Minas Gerais, onde se concentra o maior volume negociado no mercado spot, a média de agosto (R$1,55/litro) ficou 16% maior que a de julho, em termos reais. Esse cenário pode atenuar o movimento de queda em setembro ou até mesmo gerar condições de estabilidade.