Café: Dólar compensou queda de NY e volume de negócios no mercado físico cresceu
A semana foi marcada por um clima tenso no mercado financeiro brasileiro. A insegurança cresceu com a decisão, na quarta-feira, do Copom – Comitê de Política Monetária em manter inalterada a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano, depois de sinalizar que a reduziria pelo menos mais uma vez.
O dólar apresentou forte valorização frente ao real e mesmo assim, a partir da quarta-feira as cotações do café na ICE Futures US em Nova Iorque, que haviam iniciado a semana em baixa, passaram para o campo positivo. Fecharam com pequenas altas na quarta, ontem quinta-feira e hoje. Mesmo com altas nesses três dias os contratos de café com vencimento em julho próximo perderam 140 pontos na semana.
A valorização do dólar compensou com folga a queda da semana em Nova Iorque e o mercado físico brasileiro de café movimentou-se. Com ofertas melhores, cresceu o volume de negócios. Vários lotes que estavam parados por diferenças de preços entre compradores e vendedores de 15 a 20 reais foram fechados. A frente fria que está subindo e deve chegar no sudeste brasileiro neste final de semana ajudou a movimentar o mercado de café.
Em seu segundo levantamento sobre a safra brasileira de café 2018/2019, a CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento estimou que nossa colheita será de 58 milhões de sacas de 60kgs beneficiadas. Esse número já estava previsto em sua primeira estimativa, divulgada em janeiro último, e não surpreendeu o mercado. Será o maior volume de café produzido pelo Brasil em sua história. O que chama a atenção é que apesar de recorde, a produção é justa para atender nossas necessidades para a exportação, que o CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil estima entre 35 e 37 milhões de sacas no novo ano-safra (julho de 2018 a junho de 2019), e consumo interno, que em 2017, segundo a ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café, ficou em 23 milhões de sacas e continua crescendo. Mesmo que a produção venha a ser um pouco maior, o que restar será necessário para complementar nossas necessidades no ano-safra seguinte 2018/2019 quando teremos uma safra de ciclo baixo.
Com estoques oficiais de café zerados pela primeira vez e com estoques privados pequenos (que ainda estão sendo usados para nossas exportações e consumo interno em maio e junho), nossa maior safra na história não nos trará tranquilidade para atendermos nossos compromissos na exportação e consumo interno. O mercado de café continuará tenso e difícil para todos os agentes.
Na sexta-feira passada, 11 de maio, o CNC – Conselho Nacional do Café realizou o Seminário "Estatísticas Brasileiras de Café – Aprimoramento Doméstico e Alinhamento Internacional", no MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Brasília. O evento contou com a participação de todos os representantes da cadeia produtiva, do Governo Federal, de renomadas instituições de ensino e pesquisa, representantes do agro com passagem relevante pela cafeicultura e do diretor executivo da OIC - Organização Internacional do Café, José Sette.
A metodologia adotada pela Conab para estimar as safras cafeeiras brasileiras, com uso de sensoriamento remoto, tecnologias de geoprocessamento e tratamentos estatísticos, surpreendeu positivamente os presentes (veja em nosso site mais informações sobre o seminário).
A "Green Coffee Association" divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.732.564 em 30 de abril de 2018. Alta de 165.248 sacas em relação às 6.567.316 sacas existentes em 31 de março de 2018.
Até dia 17, os embarques de maio estavam em 679.874 sacas de café arábica, 3.596 sacas de café conillon, mais 53.537 sacas de café solúvel, totalizando 737.007 sacas embarcadas, contra 702.265 sacas no mesmo dia de abril. Até o mesmo dia 17, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 1.284.528 sacas, contra 1.201.782 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 11, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 18, caiu nos contratos para entrega em julho próximo 140 pontos ou US$ 1,85 (R$ 6,91) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 11 a R$ 568,59 por saca, e hoje dia 18 a R$ 583,15. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em julho a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 10 pontos.