Café: Em NY, preços esboçam reação na semana e voltam a operar acima de US$ 1,40/lb
Um levantamento realizado pelo deputado capixaba Evair de Melo junto a cooperativas, armazéns, indústrias e exportadores do Espírito Santo, estimando que o estoque de conilon brasileiro esteja entre 4,5 e 5,5 milhões de sacas levou o Ministério da Agricultura a recuar, adiando a deliberação de autorizar a importação de café conilon. A próxima reunião da CAMEX – Câmara de Comércio Exterior será no dia 15 de janeiro e até lá o Ministério da Agricultura pretende fazer um novo levantamento dos estoques brasileiros de conilon.
Na última terça-feira, dia 13, o CNC – Conselho Nacional do Café e a Comissão Nacional do Café da CNA - Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil entregaram ao Ministério da Agricultura ofício conjunto que formaliza o posicionamento contrário do setor de produção à importação de café cru pelo Brasil. O posicionamento foi referendado pelas cooperativas produtoras e pelas Federações de Agricultura dos Estados cafeeiros com base nas informações do deputado Evair de Melo. Também registraram que: “os cafeicultores brasileiros produzem sob as mais rígidas legislações ambiental e social do mundo, investem e se capacitam para atender a exigências muito superiores às existentes nos outros países produtores de café, principalmente no quesito de contratação de mão de obra e respeito ao meio ambiente. Por outro lado, as certificadoras internacionais ignoram essa realidade diferenciada e, assim, nossos concorrentes, que não possuem nossas complexas leis ambiental e social, têm seus produtos verificados dentro do conceito de suas legislações, sendo, portanto, competidores do Brasil com custos infinitamente menores. Dessa forma, não entendemos como justo concordar com a importação tendo estoques de café conilon para o abastecimento da indústria”. (em Balanço Semanal do CNC — 12 a 16/12/2016)
Concordamos e já havíamos nos posicionado nesse mesmo sentido, contra a importação de café, em dois boletins semanais do Escritório Carvalhaes (números 48 de 01/12/2016 e 49 de 09/12/2016, disponíveis em nosso site). Não consideramos altos os preços do café. Os cafeicultores brasileiros investiram (e investem) muito para conseguirem chegar à produtividade e qualidade atual do café brasileiro. Enfrentaram dois anos de secas históricas e também o aumento dos custos de produção com a aceleração da inflação no Brasil. Precisamos de bons preços, acima dos praticados atualmente, para que os cafeicultores recuperem prejuízos de anos anteriores e invistam no aumento da produção. É necessário que o Brasil caminhe para safras médias de 60 milhões de sacas. O consumo mundial cresce acima de 1,5% ao ano e sem safras maiores não conseguiremos manter nosso “market share”. Os cafeicultores precisam de segurança para investir.
Esta semana as cotações reagiram ligeiramente em Nova Iorque e os contratos de café com vencimento em março próximo na ICE acumularam alta de 310 pontos, voltando a trabalhar acima dos US$ 1,40 por libra peso. O mercado físico brasileiro permaneceu calmo, praticamente sem vendedores nas bases oferecidas pelos compradores.
A "Green Coffee Association" divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.198.483 em 30 de novembro de 2016. Uma baixa de 8.522 sacas em relação às 6.207.005 sacas existentes em 31 de outubro de 2016.
Até dia 15, os embarques de dezembro estavam em 919.666 sacas de café arábica, 3.000 sacas de café conilon, mais 36.869 sacas de café solúvel, totalizando 959.535 sacas embarcadas, contra 912.238 sacas no mesmo dia de novembro. Até o mesmo dia 15, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em dezembro totalizavam 1.718.950 sacas, contra 1.776.106 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 9, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 16, subiu nos contratos para entrega em março próximo 310 pontos ou US$ 4,10 (R$ 13,88) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 9 a R$ 620,65 por saca, e hoje dia 16, a R$ 638,03 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em março a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 25 pontos.
Na FOLHA: Safra de café sobe e vai a 157 milhões de sacas, aponta USDA
Por Mauro Zafalon, na coluna vaievem das commodities
A produção mundial de café arábica sobe para 97 milhões de sacas na safra 2016/17, 11 milhões mais do que na anterior.
Já a produção de café robusta vai no sentido contrário. Deve recuar para 60 milhões de sacas, 6,5 milhões menos do que em 2015/16.
Os dados são do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e foram divulgados nesta sexta-feira (16). O órgão norte-americano prevê uma safra total de café de 156,6 milhões de sacas no período.
Embora o consumo mundial seja recorde, subindo para 153,3 milhões de sacas, vai ficar abaixo da produção.
Com relação aos estoques finais da safra 2016/17, o Usda prevê um volume declinante pelo segundo ano. Devem ficar em 33,3 milhões de sacas, abaixo dos 43 milhões de 2014/15.
Os novos números do Departamento de Agricultura dos EUA apontam uma safra de 56,1 milhões de sacas para o Brasil.
Desse volume, 10,5 milhões serão de café robusta, 6,5 milhões menos do que em 2014/15.
O Vietnã deverá produzir 26,7 milhões de sacas, 2,2 milhões menos do que em 2015/16, enquanto a produção da Colômbia sobe para 14,5 milhões de sacas.
PERSPECTIVAS
A OIC (Organização Internacional do Café) diz que as perspectivas de melhora na oferta futura de café e a depreciação do real geraram um enfraquecimento nos preços internacionais do produto em novembro.
A OIC atribui essa queda, ainda, a uma melhora no clima tanto no Brasil como no Vietnã, líderes mundiais na produção de café arábica e conilon, respectivamente.
Após ter atingido o pico de preço na primeira semana do mês passado (155,52 centavos de dólar por libra-peso), o indicativo da OIC registrou 137,01 centavos no final de novembro, apontaram dados divulgados nesta sexta-feira pela organização.
Em um período em que o Brasil discute a liberação de importação de café verde, a OIC mostra que os estoques certificados nas Bolsas de futuro de Nova York e de Londres tiveram uma queda de 30%, quando comparados os volumes de novembro deste ano –3,80 milhões de sacas– com os do mesmo período do ano passado.
A OIC aponta ainda que o deficit entre oferta e demanda de café atingiu 6,1 milhões de sacas nos anos de 2014 e 2015.
Essa queda ocorre depois de um superavit de 10,6 milhões em 2012 e 2013.
Na safra 2015/16, a produção foi de 148 milhões de sacas, para um consumo de 151,3 milhões.
Para 2016/17, a OIC vê uma melhor na oferta de café arábica, mas dificuldades na do produto tipo robusta.
Trabalhador na colheita de café no Sudão do Sul |
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*Soja * O potencial produtivo das lavouras de Mato Grosso e do Paraná se apresenta melhor do que o previsto anteriormente. Com isso, a Safras & Mercado já prevê a safra brasileira de soja de 2016/17 em 106 milhões de toneladas.
Como fica O Estado de Mato Grosso, líder nacional, deverá produzir 29,7 milhões de toneladas, 8% mais do que na safra anterior. Já os paranaenses devem obter 17,8 milhões de toneladas, 7% mais de que em 2015/16.