Café: Agora que as condições estão favoráveis aos produtores, querem importar café
O Balanço Semanal do CNC – Conselho Nacional do Café, distribuído hoje, informa que os interessados na importação emergencial de café conilon, obtiveram a sinalização favorável do ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
São dois pleitos: o primeiro das indústrias de solúvel que querem importar café conilon verde em regime de “drawback” – voltado ao beneficiamento e posterior exportação do mesmo - acenando com a possibilidade de perda de competitividade da indústria brasileira e, consequentemente, de “market share” do Brasil no mercado mundial de café solúvel. O outro, das indústrias de torrefação e moagem voltadas para o consumo interno brasileiro, que também pretendem importar café conilon verde e assim alterar o mínimo possível seus “blends”.
Consideramos essas importações prejudiciais ao cafeicultor brasileiro. Acabamos de colher uma safra de ciclo alto e, como não poderia deixar de ser, os armazéns estão cheios. Nossos produtores fizeram a “lição de casa” e vêm investindo, ano após ano, em seus cafezais, aumentando continuamente a produtividade por hectare e a qualidade dos cafés brasileiros. Além de maiores produtores e exportadores, já somos também os maiores exportadores mundiais de cafés diferenciados.
Os cafeicultores brasileiros investem ano após ano em suas lavouras e em diversas safras, quando os preços mundiais estão baixos, vendem seus cafés com prejuízo. Neste ano, quando as condições estão favoráveis aos produtores, querem importar café...
O consumo mundial está crescendo e o Brasil, maior produtor e exportador do mundo, além de segundo maior consumidor, está sem estoques remanescentes e enfrenta seguidos problemas climáticos. Só para manter nosso atual “market share” no consumo mundial, precisamos caminhar rapidamente para safras médias de 60 milhões de sacas. Além disso, precisamos refazer o estoque de segurança. Pela primeira vez, em nossa longa história de produtores e exportadores de café, estamos com os estoques de segurança zerados. O pequeno estoque público que resta será leiloado no início de 2017.
Precisamos de preços melhores que os atuais para nossos cafeicultores recuperarem prejuízos de safras passadas e se sentirem estimulados a aumentar a área plantada com café. Cafeicultor também precisa de bons lucros.
Não consideramos elevado o atual patamar de preços em Nova Iorque. Em outras épocas, com o dólar tendo poder de compra bem maior do que hoje, já esteve bem mais alto, muitas vezes acima de três dólares por libra peso. Para atender problemas pontuais, vamos colocar em risco uma atividade que se consolidou no Brasil ao longo de séculos e se transformou em parte de nossa identidade como nação. O preço do café verde, perto do valor gerado por ele para toda a cadeia produtiva e industrial, é insignificante.
A "Green Coffee Association" divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.207.005 em 31 de outubro de 2016. Uma alta de 7.982 sacas em relação às 6.199.023 sacas existentes em 30 de setembro de 2016.
Até dia 17, os embarques de novembro estavam em 834.652 sacas de café arábica, 12.358 sacas de café conilon, mais 65.228 sacas de café solúvel, totalizando 912.238 sacas embarcadas, contra 1.022.566 sacas no mesmo dia de outubro. Até o mesmo dia 17, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em novembro totalizavam 1.776.106 sacas, contra 1.842.095 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 11, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 17, caiu nos contratos para entrega em março próximo 100 pontos ou US$ 1,32 (R$ 4,46) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 11 a R$ 734,41 por saca, e hoje dia 17, a R$ 725,19 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em março a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 85 pontos.