Café: Bolsa de NY com cotações pressionadas e no mercado físico brasileiro só vende quem precisa fazer caixa
O recuo das cotações em Nova Iorque e o fortalecimento do real frente ao dólar - os investidores mostraram otimismo esta semana com um cenário mais positivo para a economia brasileira, à medida que avança no legislativo brasileiro a principal medida fiscal do governo Temer, a emenda à Constituição que institui um limite ao crescimento dos gastos – derrubaram as ofertas em reais no mercado físico brasileiro de arábica. O valor das ofertas para lotes de boa qualidade da safra 2016 recuaram para números próximos dos praticados no mercado físico do conilon, inviabilizando o fechamento de negócios.
Alguns vendedores acabam vendendo apesar dos preços baixos. São cafeicultores que precisam vender para fazer “caixa” e pagar suas despesas mais próximas e financiamentos.
Outro indicador da falta de realidade do valor das ofertas no mercado brasileiro de arábica foi o leilão de estoques governamentais realizado ontem. A CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento vendeu todas as 90 mil sacas de café arábica colocadas a venda. Os preços de venda, dependendo do lote, variaram entre R$ 426,52 e 451,52 a saca. Sobre esse preço incidem impostos e o custo do frete para a retirada. São cafés velhos de muitas safras atrás, amadeirados, desmerecidos em cor e sabor. Para comparação, no mercado físico brasileiro as ofertas para lotes de arábica de boa qualidade da safra 2016 ficaram entre 490 e 500 reais. O indicador CEPEA/ESALQ para café conilon estava ontem e a R$ 468,37 e houve negócios com café conilon esta semana até a R$ 480,00 por saca. É fácil de entender a resistência dos vendedores de café arábica.
As chuvas que começam a chegar aos cafezais brasileiros são necessárias para que tenhamos safra em 2017, mas elas não farão com que nossa próxima safra deixe de ser de ciclo baixo e menor que a atual. Não temos estoques remanescentes e as safras brasileiras de café 2016 e 2017 ficarão abaixo de nossas necessidades de grão para o abastecimento interno e exportação. Em 2017 não teremos nem os leilões da CONAB para ajudar no abastecimento. Nosso estoque governamental esta no final e será zerado até o início de 2017.
Os factoides lançados diariamente no mercado retardam a alta e prejudicam os cafeicultores que precisam vender agora, a maior parte deles sitiantes e pequenos produtores. Eles acabarão descapitalizados e sem condições de investir em seus cafezais para manter a produtividade e aumentar a área plantada. O consumo mundial está crescendo ao redor de três milhões de sacas por ano e o Brasil precisa caminhar rapidamente para safras médias de 60 milhões de sacas.
Os baixos preços oferecidos, os problemas climáticos, a cada ano mais severos e frequentes (tivemos chuvas de granizo em pleno outubro) e a competição de outros produtos agrícolas, crescentes em nossas exportações, são complicadores para avançarmos no aumento e na qualidade de nossa produção de café, cada vez mais necessária nos novos mercados que surgem a cada ano.
Até dia 06, os embarques de outubro estavam em 52.511 sacas de café arábica, 5.200 sacas de café conilon, mais 7.333 sacas de café solúvel, totalizando 65.044 sacas embarcadas, contra 87.764 sacas no mesmo dia de setembro. Até o mesmo dia 6, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em outubro totalizavam 455.850 sacas, contra 792.380 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 30, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 7, caiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 355 pontos ou US$ 4,70 (R$ 15,14) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 30 a R$ 650,93 por saca, e hoje dia 7, a R$ 630,59 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 160 pontos.