Café: Brasil está se tornando um gigante no fornecimento de café, mas falta agregar valor ao produto

Publicado em 30/09/2016 18:08
Mais uma semana com a gangorra das cotações em Nova Iorque dificultando o andamento dos negócios de café no mercado físico brasileiro. Depois de muito sobe e desce no decorrer da semana, os contratos de café com vencimento em dezembro próximo na ICE fecharam hoje a US$ 1,5155 por libra-peso, 15 pontos acima dos US$ 1,5140 do fechamento de sexta-feira passada. As cotações sobem e descem reagindo à variação do dólar frente ao real e aos interesses de curto prazo dos grandes operadores. Quando as cotações ameaçam escapar do intervalo desejado, logo surge um boato para esfriar o mercado. Ontem as cotações para dezembro recuaram e acabaram fechando com 295 pontos de baixa porque “há uma elevada oferta de café de menor qualidade na América Central para abrir espaço para a produção da safra seguinte”. Hoje voltaram a subir e fecharam com 140 pontos de alta...

Em uma excelente apresentação no decorrer da “Semana Internacional do Café”, o diretor técnico do CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, Eduardo Heron, mostrou a grande evolução das exportações brasileiras de café neste início do século 21. Em 2000 o Brasil exportou 18,1 milhões de sacas de uma exportação global de 89,6 milhões de sacas. Em 2015 o Brasil exportou 37 milhões de sacas (recorde histórico) de uma exportação total de 114 milhões de sacas. Aumentamos em mais de cem por cento nosso volume exportado e, nosso market share nas exportações mundiais passou de 20 para 32%. O consumo interno brasileiro também cresceu significativamente nestes 15 primeiros anos do século 21. 

Cabe realçar que se estamos nos tornando um gigante no fornecimento de café, o mesmo não podemos falar da agregação de valor. Continuamos exportando café cru, como fazemos há mais de 150 anos. Avançamos bastante no mercado de cafés diferenciados, onde os preços são melhores (e os custos de produção maiores), mas estes também são embarcados crus. Mesmo na exportação de solúvel, onde agregamos o valor da industrialização, praticamente todos nossos embarques são a granel, com a marca sendo adicionada pelo comprador no destino. Em agregação de valor continuamos um anão. 

Para batermos sucessivamente em 2014 e 2015 nosso recorde em volume de café exportado, raspamos nossos estoques de passagem. Em 2016 e 2017 não conseguiremos repetir o desempenho dos dois últimos anos. 

Até dia 29, os embarques de setembro estavam em 1.410.979 sacas de café arábica, 25.448 sacas de café conilon, mais 184.243 sacas de café solúvel, totalizando 1.620.670 sacas embarcadas, contra 1.692.418 sacas no mesmo dia de agosto. Até o mesmo dia 29, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em setembro totalizavam 2.858.690 sacas, contra 2.825.882 sacas no mesmo dia do mês anterior. 

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 23, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 30, subiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 15 pontos ou US$ 0,20 (R$ 0,65) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 23 a R$ 648,28 por saca, e hoje dia 30, a R$ 650,93 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 140 pontos. 

Fonte: Escritório Carvalhes

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Com a presença de toda a cadeia produtiva, Semana Internacional do Café discute sobre os avanços e desafios da cafeicultura global
Em ano desafiador para a cafeicultura, preços firmes e consumo aquecido abrem oportunidades para o setor
Mercado cafeeiro trabalha com preços mistos no início da tarde desta 5ª feira (21)
Cooabriel fala sobre a expectativa da safra do café conilon para o Espírito Santo e Bahia
Café Produtor de Água: em visita à Cooabriel, presidente do CNC anuncia implantação do projeto no ES
Sustentabilidade, tecnologia e tendências de consumo são destaques no primeiro dia da Semana Internacional do Café
undefined