Café: Bolsa de NY fecha a semana em alta e mercado físico brasileiro reage
Com a mudança de sinal na ICE, o mercado físico brasileiro, que vinha acompanhando a calmaria em Nova Iorque, reagiu imediatamente e boa parte dos lotes oferecidos no mercado foram comprados com rapidez.
Com a aproximação do final de ano, o volume de café ofertado no mercado físico brasileiro deverá cair nas próximas semanas. Muitos cafeicultores planejam só colocar novos lotes no mercado no início do próximo ano.
O consumo de café no Brasil deve fechar o ano de 2015 com aumento de 4%, passando de 20,3 milhões de sacas de 60 quilos para 21,1 milhões de sacas (agência Safras) e o CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil informou que o Brasil caminha para fechar o ano de 2015 com 36 milhões de sacas exportadas. Portanto, para cumprir seus compromissos de exportação e consumo interno em 2015 o Brasil utilizara 57 milhões de sacas de café verde. Como a OIC – Organização Internacional do Café estima que o consumo mundial deverá crescer entre 1,5 e 2% nos próximos anos, o Brasil já precisa pensar em safras médias de 60 milhões de sacas, meta nunca atingida em nossa longa trajetória como produtores de café.
Apesar dos bons embarques brasileiros nos últimos meses, a "Green Coffee Association" divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 5.948.228 em 31 de Outubro de 2015. Uma baixa de 168.880 sacas em relação as 6.117.108 sacas existentes em 30 de Setembro de 2015.
Até dia 18, os embarques de novembro estavam em 1.332.885 sacas de café arábica, 106.246 sacas de café conillon, mais 59.839 sacas de café solúvel, totalizando 1.498.970 sacas embarcadas, contra 1.331.788 sacas no mesmo dia de outubro. Até o mesmo dia 18, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em novembro totalizavam 1.775.920 sacas, contra 1.979.119 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 13, sexta-feira, até o fechamento de quinta-feira, dia 19, subiu nos contratos para entrega em março próximo 640 pontos ou US$ 8,47 (R$ 31,63) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 13 a R$ 586,83 por saca, e dia 19, a R$ 603,59 por saca.
Na quinta-feira, nos contratos para entrega em março a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 645 pontos.
ENTREGA PEQUENA DO DEZEMBRO ESTIMULA COMPRAS (por Rodrigo Costa*, da Archer Consulting)
A ata da reunião do FOMC (equivalente ao COPOM brasileiro) reforçou a aposta dos mercados em um aumento de juros nos Estados Unidos em Dezembro, mas por outro lado revelou cautela de alguns delegados, sugerindo que futuros incrementos serão bem graduais.
Os mercados acionários responderam com uma alta consistente fazendo com que os ganhos acumulados do S&P500 nos últimos cinco dias tenham sido os melhores em uma semana desde dezembro de 2014. O índice do dólar também reverteu seus ganhos após a divulgação da ata, voltando a ganhar folego na sexta-feira quando então o presidente do Banco Central Europeu declarou que mais estímulos devem ser usados pela entidade para elevar a inflação o mais rápido possível na zona da moeda comum.
Os principais índices de commodities não alteraram a trajetória negativa. Houve uma reação relativamente positiva dos preços do petróleo dada uma percepção de maior risco geopolítico seguida aos tristes episódios em Paris e Beirute. Entretanto os investidores interpretaram que os efeitos serão contidos e entres os componentes do CRB apenas o café arábica, o suíno-magro, a gasolina, o açúcar demerara e o cacau subiram.
O café em Nova Iorque saiu de US$ 115.35 cts na quarta-feira batendo US$ 126.60 na sexta-feira, ou 9.75% de alta em dois dias, ajudado pelo pequeno interesse de entrega no primeiro dia de notificação do contrato de Dezembro e o posicionamento dos fundos que estavam vendidos novamente acima de 60 mil contratos, tendo um baixo open interest – comparando com suas posições. Outro fator que contribuiu foi a apreciação do Real Brasileiro que atingiu o nível mais alto desde o dia 2 de setembro último
A agressividade do movimento e o ceticismo de vários participantes levantam dúvidas (para alguns) se os preços continuarão sustentados. Em minha opinião os fundos ainda tem um volume grande de vendas a descoberto que, pelo que demonstra os gráficos, ainda não foram “triggered”. Falando de outra forma, eu acredito que os preços podem subir outros US$ 5 centavos para então ativarmos stops (recompra de fundos) que trarão uma aceleração ainda maior às cotações.
O fluxo de negócios no físico corrobora com o argumento altista, podendo sim ser desmontado se o dólar voltar a subir frente a diversas moedas, ou o real desvalorizar rapidamente. Também podemos adicionar um enfraquecimento do robusta negociado em Londres como um terceiro ingrediente potencialmente negativo, significando uma arbitragem muito aberta – mas não vejo os vietnamitas jogando a toalha, por ora.
Os estoques de café americanos em outubro caíram 168,880 sacas, para 5,948,228 sacas – menor do que as 6 milhões armazenadas há um ano. No Japão a queda no mês foi de 65.9 mil sacas, ficando em 2.16 milhões de sacas – comparando com as 2.98 milhões de outubro do ano passado.
Relatórios do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) foram divulgados na semana para o Brasil, Colômbia e Indonésia. O órgão revisou as safras brasileiras de 13/14 e 14/15 incrementando nos dois ciclos um total de 4.3 milhões de sacas, para justificar as exportações elevadas e o consumo interno. Desta forma o estoque de passagem de 14/15 ficou em 9.398 milhões de sacas. A produção de 15/16 foi revisada para baixo, estimada agora em 49.4 milhões de sacas, o que com uma exportação de 33.33 milhões de sacas e um consumo de 20.33 milhões de sacas levará o carrego em junho de 2016 para 5.198 milhões de sacas.
Para a Colômbia a expectativa é da maior colheita desde os anos 90, ou 13.4 milhões de sacas. As chuvas erráticas no país não devem ter impacto na produção, segundo os analistas do USDA. Entretanto os custos elevados com a mão-de-obra aumentou a contribuição destes gastos de 40% para 60% no custo do café produzido. A renovação do parque cafeeiro por lá elevou a produtividade de nossos vizinhos para 21 sacas por hectare.
Finalmente na Indonésia a previsão da safra 15/16 é de 10,61 milhões de sacas, maior do que as 8,8 milhões do ciclo anterior, recuperando depois de um ano que sofreu com as perdas climáticas.
No fim das contas quando o relatório que traz o resumo do quadro global for divulgado, tudo indica mostrará um superávit baixo. Como exemplos podemos citar uma respeitada trade-house em sua análise do terceiro quarto do ano indicando uma sobra de apenas 2.2 milhões de sacas – muito pouco, principalmente se o El Nino atrapalhar os prognósticos exagerados para a colheita destes três países produtores importantes mencionados acima.
O contrato “C” precisa se manter acima de US$ 120.00 centavos por libra para não perder o “momento” positivo. Ao mesmo tempo novas quedas serão aproveitadas pelos comerciais para comprar mais futuros.
Mantenho o meu tom construtivo para os preços, que podem surpreender e fazer as cotações visitarem novamente os patamares de US$ 140.00 centavos por libra em Nova Iorque.
Uma excelente semana e muito bons negócios a todos,
Rodrigo Costa*
- *Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
REFLEXÃO SOBRE A SAFRA DE CAFÉ:
Estimativa ou Potencial?: Safra poderá ser de até 62 milhões de sacas
O agronegócio café evoluiu significativamente nos últimos anos nos aspectos estruturais, tecnológicos, mercadológicos e com grandes avanços na qualidade da bebida e na produtividade, traduzindo a sinergia existente entre os elos da cadeia, sempre visando assegurar a satisfação do cliente final, nosso eterno desafio. Daí a importância do equilíbrio entre a qualidade, a disponibilidade, a consistência, e o valor percebido e conquistado.
Reconhecidamente as empresas comercializadoras, participantes desse mercado, contribuíram, contribuem e poderão contribuir para com o sucesso da cadeia café; com seus modelos de gestão, novas modalidades de negociação, troca de produtos, venda futura, premiando a qualidade e incentivando a produzirmos cada vez mais com respeito às questões sociais e ambientais, através dos inúmeros programas de incentivo às boas praticas agrícolas.
Contudo, algumas vezes são veiculadas na mídia, depoimentos de comerciantes sobre previsões de safras de café, que podem ocasionar sérios problemas, gerando inúmeras dúvidas.
Como essas declarações nem sempre, vêm acompanhadas pelas metodologias utilizadas, permitindo ao leitor uma análise transparente da construção dos dados, estas resultam numa margem muito grande de interpretações das mais variadas e inimagináveis.
Independente de ser uma previsão próxima da realidade ou não, o fato é que precisamos ter conhecimento de como foi feito o levantamento na sua íntegra. Como por exemplo: Qual período do levantamento? Foi logo após da florada? Quanto é de café Arábica? Quanto é de café Conilon? As previsões anteriores se confirmaram? Em quais regiões do Brasil foi feita a pesquisa? Quantas propriedades foram visitadas? Essas possuem histórico de participação na pesquisa? Qual o Tamanho da área? São lavouras irrigadas ou não? Dentre outros.
Essas respostas são importantes para que possamos minimizar o “achismo” nos nossos planejamentos (previsto e realizado), pois a safra que se encerra em 2015 recebeu inúmeras previsões e a sua maioria ficou aquém do previsto pelas empresas.
Olhando para o futuro, vamos cuidar dos nossos cafeicultores disponibilizando a eles informações mais detalhadas das previsões e se possível registrando-as em cartório, permitindo as revisões se necessário, para que eles possam tomar decisões de venda ou não, minimizando seus riscos.
As incertezas climáticas estão trazendo à cafeicultura nacional um novo componente que é o aumento da temperatura, percebida inclusive nas últimas estações (inverno e primavera). Aqui pairam outras dúvidas e inseguranças: o que isso poderá afetar a safra de 2016? Vamos ter outro veranico em janeiro e fevereiro? O fenômeno meteorológico El Niño existe? Seremos lembrados na Conferência do Clima (COP 21), no mês de Dezembro, em Paris?
Infelizmente não temos pesquisas que possam nos assegurar se teremos danos ou não. Por mais eficaz que seja nossa gestão nas lavouras, não temos como saber se a nossa produção será prejudicada.
O que podemos afirmar é que os nossos irmãos capixabas cafeicultores produtores de Conilon e Arábica, estão tendo sérios problemas com a seca, em seu estado o Espírito Santo.
E a outras regiões como estão?
Enfim, o objetivo aqui não é discordar dos números, mas sim da forma como vem sendo apresentado às previsões de safras de café.
Estimativas de safra ou de estoques, sem a disponibilidade para o conhecimento de todos da metodologia utilizada, com embasamentos técnicos, colocam em risco toda uma cadeia do agronegócio, podendo ainda prejudicar, o elo fundamental que é o produtor.
Tomemos uma ATITUDE! Pensemos nisso!
Francisco Sérgio de Assis
Presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado
Região do Cerrado Mineiro – Denominação de Origem
Fonte: Agnocafé + Peabirus
Safra de café 15/16 do Brasil estimada em 49,4 mi sacas, diz adido agrícola dos EUA
A produção de café do Brasil para o ano comercial de 2015/16 foi revisada para baixo para 49,4 milhões de sacas de 60 quilos, uma queda de 9 por cento ante temporada anterior, por causa de produtividades abaixo do esperado e tamanho menor dos grãos em algumas áreas produtoras, disse o adido agrícola dos Estados Unidos no país em relatório nesta quinta-feira.
As exportações de café no ano comercial de 2015/16 foram estimadas em níveis históricos em 36,57 milhões de sacas, apesar da seca severa de 2014 em Minas Gerais e São Paulo.
Estoques finais de safras anteriores a 2014 apoiaram o fluxo estável de exportações. Os estoques finais para o ano comercial de 2015/16 tiveram queda estimada para 5,2 milhões de sacas, informou o adido.