Café: Colheita da nova safra brasileira esta bem atrasada; mercado físico travado
Na área de atuação da COOXUPÉ- Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé, maior cooperativa de café do mundo e maior exportadora de café do Brasil, até o último dia 3 de julho, apenas 21,88% da produção havia sido colhida. Na safra passada, esse porcentual era de 42,89%. Na análise por regiões e considerando somente os cooperados da COOXUPÉ, a colheita em São Paulo está em 26,47% da área plantada. No sul de Minas Gerais, o porcentual passa para 24,48% e no cerrado mineiro, 17,50%. Incluindo os cooperados da Cooxupé e os cafeicultores não cooperados, nas três regiões levantadas pela cooperativa, a colheita estava no dia 3 em 20,35% da área total.
Chuvas sobre áreas produtoras de café no sudeste brasileiro, atípicas nesta época do ano, atrasaram o início dos trabalhos de colheita em maio e obrigaram muitos cafeicultores a começar a colheita apenas no início de junho. Chuvas irregulares continuam caindo em diversas regiões produtoras, dificultando a seca e o benefício da nova safra. Há possibilidade de maiores níveis de precipitação na próxima semana.
Pressionados por um ambiente de aversão ao risco e pela alta do dólar frente ao real, os contratos de café arábica na ICE Futures US em Nova Iorque recuaram novamente esta semana. O início do verão no hemisfério norte, quando o consumo de café é menor, contribui com o ambiente negativo nas bolsas de futuro.
A apatia dos operadores e o atraso na colheita do arábica pesa sobre o mercado físico brasileiro. Tivemos mais uma semana com poucos produtores interessados em vender seus lotes nas bases oferecidas pelos compradores. Eles estão com a atenção voltada para os trabalhos de colheita e benefício da nova safra.
Demonstram muita preocupação com o quadro atual: os preços do café recuam enquanto a inflação e o dólar sobem, levando os custos dos insumos a dispararem. A insegurança aumenta com as incertezas políticas e econômicas no país. Os que podem adiam vendas esperando que o panorama se defina melhor.
Com a divulgação esta semana da exportações brasileiras de café em junho último, foi confirmado o já previsto recorde brasileiro de exportação de café em um ano-safra. De julho de 2014 a julho de 2015 foram exportadas 36.492.298 sacas. O recorde anterior, no ano-safra 2010/2011, era de 35.271.463 sacas.
As exportações do ano-safra 2014/2015 (julho/junho) foram 6,9% maiores que nos 12 meses anteriores (2013/2014). Já a receita registrada no período ficou em US$ 6,854 bilhões, 28,0% maior que a do ano-safra 2013/2014.
O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, informou que no último mês de junho foram embarcadas 2.606.235 sacas de 60 kg de café aproximadamente 11% (311.904 sacas) a menos que no mesmo mês de 2014 e 11% (311.904 sacas) a menos que no último mês de maio. Foram 1.893.746 sacas de café arábica e 398.322 sacas de café conillon, totalizando 2.292.068 sacas de café verde, que somadas a 311.308 sacas de solúvel e 2.859 sacas de torrado, totalizaram 2.606.235 sacas de café embarcadas.
Até o dia 8, os embarques de julho estavam em 365.461 sacas de café arábica, 51.015 sacas de café conillon, mais 30.639 sacas de café solúvel, totalizando 447.115 sacas embarcadas, contra 384.524 sacas no mesmo dia de junho. Até o dia 8, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em junho totalizavam 673.571 sacas, contra 730.156 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 2, quinta-feira, até o fechamento de sexta-feira, dia 10, caiu nos contratos para entrega em setembro próximo, 115 pontos ou US$ 1,52 (R$ 4,81) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 2 a R$ 522,60 por saca, e dia 10, a R$ 528,23 por saca.
Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em setembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 100 pontos.