Mercado de café: "Mais do mesmo - II", por Archer Consulting
O contrato Julho-20 (N0) trabalhou a semana toda praticamente dentro do mesmo intervalo da semana passada (máxima/mínima de 97,55/93,45 centavos de dólar por libra-peso, fechando a semana a 95,65 centavos de dólar por libra-peso). Na quarta-feira mercado criou expectativas que poderia ocorrer uma alta nos preços voltando a negociar acima dos 100 centavos de dólar por libra-peso com a proximidade do vencimento do contrato Julho-20 e valorização do Real! Porém o Real voltou a desvalorizar e os fundos voltaram a vender (adicionando mais 3,516 lotes no lado vendedor) aumentando a posição vendida para -27.669 lotes.
O Real voltou a ser o destaque da semana junto com o cenário político doméstico e piora do quadro mundial iniciando a semana valorizando +3,45% (saindo de 5,3180 para 5,1347 R$/usd) para em seguida desvalorizar -6.98% e fechando a semana a 5,4604 R$/usd (prisão do Queiroz, declarações dos presidentes da Câmara dos Deputados e Senado contra as medidas do governo, e a mídia seguindo na tentativa de desestabilizar o governo). No final, na semana o café Julho-20 valorizou +2,02% e o Real desvalorizou -2,68%!
Apesar de nova frente fria começando nesse final de semana os modelos climáticos estão descartando o risco de geadas para os próximos 10 dias. Previsão da temperatura é oscilar entre mínima/máxima 5-18 graus no Paraná, São Paulo e sul de Minas Gerais e entre 10-24 graus nas demais regiões produtoras!
Colheita segue avançando com 30-35% já colhido, com alguns atrasos pontuais. Próxima semana deveremos ter novos atrasos em função das chuvas previstas para as regiões produtoras no estado de São Paulo e Minas Gerais.
Nos demais países produtores o clima segue positivo com chuvas pontuais ocorrendo na América Central, África (Etíopia, Uganda, Kenya e Tanzania), Vietnam, Indonésia e Índia favorecendo as próximas safras. Desta forma as previsões do USDA para safra 21/22 com superávit de 8 milhões de sacas deverá ocorrer. Seguimos baixistas no médio/longo prazo, ficando atento a eventual risco de geadas até final de julho-20 no Brasil.
O contrato com vencimento Setembro-20 (U20) fechou cotado a 96,65 centavos de dólar por libra-peso e apresenta suporte nos 92,00 centavos de dólar por libra-peso e resistência no 104,50 centavos de dólar por libra-peso.
O contrato com vencimento Julho-21 (N21) fechou cotado a 103,60 centavos de dólar por libra-peso e apresenta suporte nos 100,10 centavos de dólar por libra-peso e resistência no 111,30 centavos de dólar por libra-peso.
No curto prazo seguimos sugerimos a proteção contra eventual alta comprando o “Call-Spread” (compra e venda simultanêa da opção de Compra com strike mais baixo vendendo a opção com strike mais alto) no Setembro-20 de 100,00 x 115,00 centavos de dólar por libra-peso vendendo a Put (opção de venda) de 85,00 centavos de dólar por libra-peso no Dezembro-20 (Z20).
Para safra 21/22 sugerimos a proteção contra novas baixas comprando o “Put-Spread” (compra e venda simultanêa da opção de Venda com strike mais alto vendendo a opção com strike mais baixo) no Julho-21 de 105,00 x 90,00 centavos de dólar por libra-peso e vendendo a Call (opção de Compra) de 117,50 centavos de dólar por libra-peso no Julho-21 (N21) junto com hedge cambial (essa operação, considerando o câmbio no Julho-21 @ 5,60 R$/usd representa uma venda ao redor dos 690 r$/saca e um piso a 590 r$/saca (desde que o contrato liquide no vencimento das opções no Julh0-21 acima de 90 centavos de dólar pro libra-peso).
Produtores fiquem atentos aproveitando as oportunidades para garantir preços mínimos para safra 2021/22 e 2022/23. Dias ainda incertos pela frente!
Para indústria, não faria nada por enquanto.
Boa semana a todos!
Marcelo Fraga Moreira*