Mercado de café: Quem comprará depois dos fundos?, por Rodrigo Costa
O mercado futuro de títulos do governo americano precifica um corte de vinte cinco pontos básicos da taxa de juro já para a próxima reunião do FED de julho.
Com a criação de postos de trabalhos bem aquém do esperado em maio e a revisão para baixo do número de abril os investidores ficaram mais confiantes em comprar ações, ajudando o S&P500 e o Dow Jones a encerrar a semana com ganhos de quase 5%.
Em contra partida o índice do dólar tomou um baita tombo devolvendo os ganhos dos últimos dois meses e estancando por ora a queda do CRB, cujo a maior parte dos componentes caíram – exceção à recuperação do petróleo (tímida comparado com o que andou perdendo), do açúcar, do cacau e dos metais preciosos.
O café em Nova Iorque teve dias de fortes oscilações com o contrato de julho negociando a US$ 106.15 centavos por libra (maior nível desde fevereiro) na terça-feira, para então afundar mais de 700 pontos no dia seguinte.
Londres tem acompanhado os movimentos, muito embora com uma amplitude menor.
Os produtores mundiais têm aproveitado o rally para vender seus cafés ou fixar o que vinham rolando para frente.
No Brasil tem sido reportado um fluxo grande de negócios não apenas para os cafés que tem sido carregados da safra 18/19, como também cafés novíssimos e cafés de safras futuras – uma ótima oportunidade e estratégia disciplinada de muitos.
A natureza da puxada de preços das últimas duas semanas tem se mostrado ser basicamente de liquidação parcial da posição vendida dos fundos, como vimos na queda forte do numero de contratos em aberto e também divulgado pelo relatório do CFTC.
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
No COT de sexta-feira podemos notar que os torradores, estando confortavelmente comprados, pouco ou nada fazem, as tradings tem saído de alguns longs e as origens não estão perdendo tempo para vender o que podem.
Tecnicamente o mercado tenta se manter acima de médias-móveis importantes para confirmar uma mudança de tendência, mas pode ter dificuldade frente à um fundamento percebido como frágil para segurar mais ganhos.
Desta forma os fundos tão logo parem de recomprar um pouco mais de seus shorts vão passar o bastão adiante e caso não encontrem alguém para continuar a corrida o efeito pode ser perigoso para os que andaram comprando a bolsa recentemente.
Tenho, inclusive, o receio do contrato “C” fazer uma nova mínima, pois os especuladores estando mais leves em suas posições podem voltar a pressionar as cotações com uma falha técnica severa.
Mesmo com o Real um pouco mais forte não custa lembrarmos que o arábica já esteve próximo de US$ 90.00 centavos por libra peso quando o BRL negociava em patamares parecidos com o atual.
O USDA divulgou outras estimativas de produção nesta semana, desta vez para Etiópia, Uganda, México, Nicarágua, Tanzânia e Quênia.
Individualmente há variações representativas, percentualmente falando, como a queda de 15% entre 18/19 e 19/20 da Nicarágua (371 mil sacas a menos) ou o incremento de 15.37% do Quênia (100 mil sacas).
Entretanto a estimativa de 271 mil sacas a menos, somando os seis países, corroboram para confirmar a razão do mercado em geral focar sua atenção basicamente no Brasil – onde a safra 19/20 será 5.5 milhões a menos (também segundo o próprio Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
O contrato de setembro 2019, que logo já terá maior liquidez, precisa segurar acima de US$ 97.90 centavos por libra-peso para evitar uma nova onda de vendedores.
O vencimento das opções de julho na quinta-feira, dia 13 de junho, deve ter pouca influência em uma queda do terminal, mas pode assustar caso as cotações voltem para próximo de US$ 110 centavos por libra.
Uma ótima semana e bons negócios a todos.
Rodrigo Costa*