Relatório dos comitentes mostra que ninguém acredita na alta, por Rodrigo Costa
O crescimento do PIB americano no terceiro trimestre do ano em 3.5% anualizado, melhor do que se esperava, não impediu que o S&P500 e o Nasdaq cedessem quase 4% na semana, pressionados pelos resultados e prognósticos menos encorajadores de pesos-pesados como Amazon e Google.
O reposicionamento de estratégias de investimentos após retornos excelentes nos nove meses foi misturado na semana por envios de pacotes potencialmente com explosivos para o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama, à ex-senadora Hillary Clinton e aos estúdios da CNN – causando um nervosismos nos mercados.
O índice do CRB devolveu os ganhos todos de outubro com quedas acentuadas da gasolina, do níquel e do suco de laranja.
Os mercados de café também cederam em uma semana de grande oscilação de preços para os dois terminais, tendo os fundos continuado a liquidar parte de suas apostas de baixa.
As cotações do arábica em Nova Iorque em centavos de pesos-colombianos por libra-peso atingiram o mais alto patamar desde novembro de 2017, uma grande noticia para os produtores da Colômbia que apressam sua colheita para aproveitar a oportunidade
Convertendo o arábica da ICE em Lempiras (moeda de Honduras) ou em Sol (do Perú) também faz dos gráficos positivos, mas no caso do primeiro o efeito é quase todo relativo aos ganhos do “C”.
Já a expectativa de uma vitória inquestionável de Jair Bolsonaro na eleição de hoje (domingo) e um otimismo dos analistas sobre indicações de nomes para compor sua equipe de profissionais/técnicos qualificados, fez o Real buscar níveis do fim de maio último, mantendo os preços em reais basicamente de lado.
Os fundos mantiveram a estratégia de cobrir parte de suas vendas, estando agora com menos da metade dos 113 mil lotes vendidos que tinham em 18 de setembro e os mesmos especuladores pouco se animaram em apostar em uma alta, ainda que indicadores técnicos estejam favorecendo uma continuação da alta do terminal.
Aqueles envolvidos diretamente com o café, classificados como “comerciais” no relatório dos comitentes, aproveitam para fixar seus contratos ou desfazer posições de alta.
Analisando o comportamento destes dois grandes “players” a conclusão é de que pouco se acredita em novas altas sustentáveis, com a justificativa dos baixistas do mesmo superávit que tem se falado há quase dois anos.
Estoques certificados crescentes são outros fatores negativos, mas a volatilidade alta e uma repentina onda de otimismo pós-eleições brasileiras pode torcer o braço (judiado) dos traders que apanharam com a queda de Nova Iorque abaixo de 110 centavos e agora dormem preocupados com um potencial exagero de uma alta acima de US$ 130 centavos por libra.
Olhando para os diferenciais os altistas diriam que o arábica está vulnerável para cima, e como o fluxo dos suaves deve pesar apenas a partir do fim de outubro, uma continua cobertura dos fundos pode ter sobrevida para uma apreciação do terminal por alguma semanas a mais.
O fechamento acima da média de 200 dias está sendo crucial para deixar os altistas em controle, enquanto uma queda abaixo de US$ 119.00 centavos por libra (que não venha seguida de uma recuperação) pode levar os preços para próximo dos 110 centavos, onde devemos encontrar torradores animados em fixar novamente.
Uma ótima semana e bons negócios a todos.
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting