Nova Iorque negocia a miseros 95 pontos em uma sessão, por Rodrigo Costa

Publicado em 16/04/2018 09:43

A ata do FOMC, equivalente ao COPOM brasileiro, trouxe as impressões dos oficiais do comitê apontando uma economia mais ativa e com maior risco de aquecimento após as medidas fiscais expansionistas implementadas neste ano.

Um ajuste quanto a perspectiva de resposta a juros mais elevados devolveu animo a moeda americana, que caia frente aos estudos indicando um crescimento da dívida dos Estados Unidos incompatível com o que Trump defendeu no seu plano de corte de impostos.

A resposta de França, Inglaterra e dos Estados Unidos em um ataque à Síria, alardeado pelo líder americano durante a semana – o mesmo que, por sinal, criticava telegrafar aos inimigos as ações militares – puxaram as commodities, lideradas, claro, pelos componentes energéticos.

O açúcar, o café e o milho foram as únicas matérias-primas da cesta do CRB que cederam, as duas primeiras como de costume andando quase juntas e mais negativas do que nunca.

No Brasil alguns produtores começaram a colher o arábica em cereja para preparar o café semi-lavado e lavado, com amostras chegando a alguns escritórios para serem comercializadas. Ainda há pelo menos um mês para o início da colheita de forma mais abrangente na maioria das regiões do arábica, enquanto o conilon deve ganhar velocidade a partir do fim de abril.

Se Nova Iorque não tem contribuído, com o contrato “C” na quinta-feira última negociando em um intervalo de apenas US$ 0.95 centavos por libra (uma raridade), ao menos aos brasileiros a desvalorização do Real dá um alento para segurar os preços no mercado interno.

Nas outras origens a performance do terminal machuca mais, tendo a Colômbia sofrido com a apreciação do Peso, que responde positivamente ao barril de petróleo ter subido ao mais alto patamar desde o fim de 2014.

Um dado interessante é que o terceiro maior produtor de arábica, mesmo com as cotações internacionais prejudicando os fazendeiros, autorizou a importação de robusta para a indústria local, conversa indigesta e praticamente proibida no Brasil.

Números de safras revisados para cima, como o da Nicarágua onde a produção de 2.3 milhões de sacas foi maior do que as 2 milhões estimadas anteriormente, assim como uma disponibilidade razoável de Honduras e do Perú, refletem as respostas aos bons preços nos últimos anos, em uma cultura de ciclo mais longo e, portanto, sujeita também a um período dilatado de quedas que resolvam a equação de superávits.  

As exportações brasileiras de março se mantiveram ao redor de 2.5 milhões de sacas, número esperado também para os três próximos meses.

O contrato de julho em Nova Iorque tem dois pontos a serem observados: 116.90 e 122.95, que aos serem rompidos definirão uma recuperação, provavelmente tímida, ou uma nova queda, também difícil de imaginar ser maior do que 5 ou, para exagerar, 10 centavos por libra-peso.

Enquanto isto quem tem vendido volatilidade está numa situação de agora ter de entrar short calls e puts com preços de exercício apenas 5 centavos equidistantes, um perigo, mas para alguns uma das poucas alternativas para cobrirem os seus altos custos-fixos.

Talvez reste apenas um vencimento para estes agentes se arriscarem tanto nas opções, pois imagina-se que durante o inverno brasileiro o risco desfavorável faça com que os traders sejam “desencorajados” pelos seus gerentes de risco.

Uma ótima semana e muito bons negócios a todos.

Rodrigo Costa*

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Fonte: Archer Consulting

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