Scot Consultoria: Mercado do boi está quase parado

Publicado em 17/03/2020 16:58 e atualizado em 18/03/2020 02:52
Por Thayná Drugowick, zootecnista da Scot Consultoria

Quantidade de negócios quase a zero; 

No fechamento do mercado dessa terça-feira (10:10 h), em São Paulo, boa parte das indústrias estavam fora das compras.

Mantivemos as cotações vigentes na sexta-feira, último dia com quantidade expressiva de negócios, para referência. 

Há frigoríficos que suspenderam as operações em algumas unidades por meio de férias coletivas, e outros que estão em compasso de espera, em função das consequências no consumo de carne bovina no mercado interno e do fluxo de exportação, e das medidas sanitárias para desacelerar a propagação do coronavírus.

As que estão ativas, abriram as ordens de compra, para não comprar, pois as ofertas estão até R$ 15,00/@ abaixo da referência, sem negócios concretizados.

As programações de abate estão, em função disso, encurtando. 

Contraponto no sudeste de Rondônia

Na região a cotação do boi gordo caiu 2,3% na comparação dia a dia. Assim como nas outras regiões, as ofertas de compra diminuíram bruscamente, porém, ao contrário das outras praças, no sudeste de Rondônia houve negócios efetivados.

O boi gordo está cotado em R$170,00/@, à vista, bruto, R$169,50/@, à vista, com o desconto do Senar e em R$167,50/@, à vista, livre de impostos (Senar + Funrural).

Arroba bovina recua com frigoríficos fora dos negócios por coronavírus

SÃO PAULO (Reuters) - As cotações da arroba bovina recuaram nesta terça-feira em importantes praças do país, pressionadas pela menor demanda por carne e a ausência de frigoríficos nas negociações, em meio às consequências da pandemia de coronavírus que resultaram em paralisações em algumas unidades.

O Indicador do Boi Gordo Cepea/B3 caiu 2,59% na variação diária, para 199,40 reais por arroba. No comparativo mensal, a baixa foi de 1,16%, segundo o indicador, uma média de praças do Estado de São Paulo.

Alguns frigoríficos estão suspendendo abates de bovinos como medida preventiva contra a transmissão do coronavírus e também por problemas logísticos decorrentes de estratégias de controle do vírus adotadas na China e que afetam as exportações.

A Minerva Foods anunciou nesta terça-feira que operações de abate serão suspensas em quatro unidades. Já a JBS disse na véspera que vem monitorando os reflexos do coronavírus no mercado e admitiu que "avalia a implantação de férias coletivas exclusivamente em algumas das suas unidades de processamento de bovinos no Brasil".

Segundo analistas ouvidos pela Reuters, a ausência de players importantes no mercado, ainda que temporária, deve pressionar a arroba em algumas das principais praças pecuárias, como Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul.

No mercado interno, a redução da alimentação fora de casa, atendendo à orientação do governo de que a circulação nas ruas ocorra somente quando necessário, também prejudica a demanda por proteína e contribui para o viés negativo de preços em toda a cadeia.

Minerva anuncia suspensão de abates em 4 plantas em meio a efeitos do coronavírus

SÃO PAULO (Reuters) - A Minerva Foods anunciou nesta terça-feira que operações de abate serão suspensas em quatro unidades da companhia no Brasil como medida preventiva contra a transmissão do coronavírus e por problemas logísticos também relacionados à doença.

A partir do dia 23, serão concedidas férias coletivas aos colaboradores das unidades Janaúba (MG), José Bonifácio (SP), Mirassol D´Oeste (MT) e Paranatinga (MT), que devem durar entre dez e quinze dias, a depender da planta, disse a companhia em nota.

"A decisão também está alinhada à piora dos cenários doméstico e global, que inclui queda da demanda no segmento de food service e limitações logísticas em diversas partes do mundo", acrescentou a empresa.

O anúncio da companhia confirma reportagem publicada pela Reuters na véspera com informação de fontes, segundo a qual a Minerva deveria suspender operações de abates em algumas unidades no Brasil em meio a problemas logísticos na China decorrentes do combate ao coronavírus.

(Por Nayara Figueiredo)

JBS e Minerva avaliam suspender abates em algumas unidades de bovinos por coronavírus

SÃO PAULO (Reuters) - A JBS e a Minerva Foods avaliam suspender operações de abates em algumas unidades de bovinos no Brasil em meio a problemas logísticos na China decorrentes de ações para conter o coronavírus, disseram nesta segunda-feira a JBS e fontes próximas à Minerva.

Em nota, a JBS afirmou que vem monitorando os reflexos do coronavírus no mercado e admitiu que "avalia a implantação de férias coletivas exclusivamente em algumas das suas unidades de processamento de bovinos no Brasil".

A companhia, que também atua em carnes de frango, suínos e alimentos processados, não detalhou quais serão as plantas que poderão ter as operações suspensas.

Fontes do mercado consultadas pela Reuters disseram que a expectativa é de que o movimento atinja outras empresas do setor.

No caso da JBS, as paralisações podem ocorrer em unidades dos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, onde estão algumas das maiores operações.

De acordo com as fontes, que pediram para ficar no anonimato, a avaliação de paralisar as unidades ocorreu devido à dificuldade de exportação por falta de contêineres, que foram enviados para a China e ainda não retornaram.

As conversas para definir em quais plantas da JBS a medida seria adotada começaram na última sexta-feira e, por se tratar de um problema que afeta o mercado de bovinos em geral, paralisações também devem ocorrer na concorrente Minerva, segundo uma das fontes.

"Estamos discutindo várias coisas, mas provavelmente a definição sairá amanhã (terça-feira)", afirmou uma fonte próxima à Minerva. Procurada, a companhia não se manifestou.

De acordo com reportagem da Reuters publicada na semana passada, o congestionamento nos portos chineses está diminuindo, mas ainda há reflexos para o setor de contêineres.

A amplo fluxo de embarques de carnes durante o fim de 2019 fez com que muitos contêineres fossem enviados à China, com o objetivo de abastecer a demanda local para o Ano Novo Lunar, ocorrido no fim de janeiro.

O surto do Covid-19 no país asiático, também em janeiro, suspendeu a distribuição de cargas que estavam nos portos e impediu que os contêineres retornassem.

"Agora que a logística começou a ser liberada na China, os contêineres, que demoram quase 40 dias para se deslocar até o Brasil, ainda não estão disponíveis aqui", acrescentou uma fonte.

Na Marfrig Global Foods, ainda não há previsão de suspensões de abates, porém, uma fonte próxima à companhia afirmou que a empresa também está acompanhando o cenário.

Procurada, a Marfrig preferiu não comentar o assunto e informou que as operações seguem normalmente.

JBS dará férias coletivas de 20 dias já a partir desta semana em cinco unidades, diz Estadão

Os frigoríficos estão em estado de alerta com a pandemia do novo coronavírus que, além de afetar o Brasil, reduziu drasticamente as exportações de produtos para grandes clientes, como a China. O Estado apurou que a JBS vai dar férias coletivas de 20 dias em cinco das 37 unidades no Brasil. Serão fechadas temporariamente quatro fábricas do Mato Grosso e uma do Mato Grosso do Sul entre os dias 19 de março e 9 de abril.

Minerva avalia fazer o mesmo em cinco de suas dez plantas no País. A companhia está definindo quais serão as unidades a serem desativadas por um tempo. Procurada, a JBS confirmou apenas que “avalia a implantação de férias coletivas”. Minerva não comentou. A Marfrig fechou uma unidade, a de Salto, no Uruguai, por casos suspeitos do novo coronavírus na própria fábrica. No Brasil, a empresa encerrou as atividades de Tarumã (PA) para concentrar suas atividades em outras unidades mais produtivas. A BRF comentou que não vai fazer alterações no momento. 

Sem dar muitos detalhes, em nota, a JBS confirmou apenas que avalia adoção de férias coletivas. Foto: Ueslei Marcelino/ Reuters

Com o fechamento do mercado europeu e a queda do consumo da China, “as exportações brasileiras vão passar por um momento crítico”, admite Antônio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Na China, segundo ele, o consumo caiu significativamente por conta da pandemia. Na Europa, o mercado está praticamente fechado. “Acredito que no Brasil, por conta da similaridade dos casos, seremos afetados. O setor de food service (comida fora do lar) também vai ser atingido.”

O rápido aumento de casos do novo coronavírus no Brasil também levou representantes da indústria e dos trabalhadores a iniciarem medidas para suspender a produção em caso de necessidade. A Volkswagen protocolou ontem à tarde no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC a intenção de dar férias coletivas por 10 dias na unidade local a partir do dia 30. 

O presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, informa que vai convocar dirigentes dos 83 sindicatos representantes dos trabalhadores do setor para discutir um plano de contingência para o período mais difícil. O setor emprega 310 mil trabalhadores, dos quais 60% são nas linhas de produção. “Vamos negociar banco de horas para quem ficar parado e parcelamento de salários, caso as indústrias passem por dificuldade.”

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, onde estão, por exemplo, a Embraer, e Caoa Chery e uma das fábricas da General Motors iniciou ontem o envio de cartas às empresas propondo a adoção de licença remunerada, em caráter emergencial. “Há um temor muito grande entre a categoria e estamos sendo cobrados por isso”, diz Renato Almeida, vice-presidente da entidade. “A produção poderá ser recuperada futuramente, as vidas não”. Segundo ele, hoje está prevista uma reunião com representantes da GM e o assunto também será debatido.

Ontem, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, cidade que também abriga uma fábrica da GM, esteve com a direção da empresa e ocorreram conversas sobre a adoção de medidas como férias coletivas, licença remunerada e lay-off (suspensão temporária de contratos) caso a situação provocada pelo covid-19 exija esse tipo de medida.

“Por enquanto a produção está normal, inclusive talvez parte dos funcionários tenha de trabalhar no sábado para dar conta da demanda pelo novo Tracker”, informa o presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva. Segundo ele, desde janeiro a empresa contratou entre 400 e 450 funcionários para incrementar a produção do modelo, o primeiro utilitário esportivo (SUV) fabricado pela marca no País. A empresa não confirma esses dados.

Home office

Muitas empresas já estão adotando ou ampliando o trabalho remoto na área administrativa. Ontem, a Vale anunciou que adotou o home office para 1,8 mil funcionários da sua sede no Rio. A Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul de eletrodomésticos, adotou o trabalho em casa para cerca de mil funcionários que trabalham nos escritórios em São Paulo. Entre as montadoras, GM, Ford, Pirelli, FCA Fiat Chrysler, Mercedes-Benz, Renault e Toyota também optaram pelo trabalho remotoHonda e Nissan adotaram home office em casos específicos. 

João Carlos Brega, presidente da Whirlpool para América Latina, diz que deu autonomia para gestores administrarem o home office e frisa que há uma campanha de conscientização dos funcionários. “Não adianta o funcionário ficar em casa e ir para o shopping.” 

Brega admite que a epidemia terá impacto na demanda por eletrodomésticos. No entanto, até agora as três fábricas funcionam normalmente. Ele argumenta que a prioridade é a saúde dos funcionários e que é difícil prever quais medidas serão adotadas para ajustar a oferta à menor demanda.

Exportação de soja perde ritmo devido às chuvas, diz Secex

SÃO PAULO (Reuters) - As exportações brasileiras de soja atingiram média de 429,3 mil toneladas por dia nas duas primeiras semanas de março, abaixo do ritmo da primeira semana do mês, de 489,1 mil toneladas/dia, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados nesta segunda-feira.

Até a primeira semana, a média diária indicava um aumento na exportação mensal em março, uma vez que no mês completo do ano passado o país exportou 445,2 mil toneladas de soja ao dia.

Apesar da queda, com a colheita de soja no Brasil tendo sido finalizada em cerca de 60% da área até a última semana, há indicações de que os embarques saltem na comparação com fevereiro, quando as exportações foram prejudicadas por chuvas.

Há expectativas de que as exportações se acelerem fortemente em março também em função do tempo menos chuvoso nos portos.

CARNES

Segundo a Secex, a média diária de embarques de carne bovina in natura do Brasil atingiu 6 mil toneladas nas duas primeiras semanas de março, ante 5,7 mil toneladas na primeira semana do mês, volume inferior à média de 6,1 mil toneladas apurada em fevereiro e à de 6,2 mil toneladas obtida em março de 2019.

No segmento de carne suína in natura, os embarques brasileiros nas duas primeiras semanas de março atingiram 3 mil toneladas, abaixo da média registrada na primeira semana do mês (3,5 mil toneladas) e aquém de fevereiro (3,2 mil toneladas). Em relação ao mesmo período do ano passado, a média diária está cerca de 20% mais alta.

Já em carne de frango in natura, a média diária de vendas alcançou 15 mil toneladas, abaixo da média de 17,5 mil toneladas da primeira semana e das 18 mil toneladas de fevereiro. O volume também ficou abaixo das 16,7 mil toneladas registradas em março de 2019.

Fonte: Scot Consultoria/Reuters

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