ENTREVISTA: Jornalista de MT é chamada a depor por conta de sua cobertura da volta dos produtores a Suiá-Missu
A jornalista Camila Nalevaiko, que cobriu o caso da terra indígena Suia-Missu, recebeu uma notificação da Polícia Federal para comparecer até Barra do Garças para depor sobre o caráter de seu trabalho. Sua abordagem sobre a volta dos produtores rurais às suas propriedades foi interpretada como uma incitação à violência. “Tudo indica, pelo o que meu advogado falou, porque eu ainda não depus, é que a justiça entende que eu, de alguma forma, incitei a violência e estaria incentivando as pessoas a voltarem para as áreas”.
Camila afirma que a cobertura do caso feita pela grande mídia não reflete a realidade da região. “A gente vê uma coisa, noticia uma coisa, mas a grande mídia, infelizmente, noticia outra”. Ela explica: “Não se se vocês têm conhecimento, mas há cerca de um mês, os produtores da Suiá-Missu que foram ‘abandonados’ pelo governo federal, estão retornando para dentro da área. E nós noticiamos isto, que as famílias estão voltando porque não tiveram o apoio do governo, não tiveram ressarcimento, simplesmente as pessoas foram jogadas ao léu”.
Questionada sobre a intenção da Polícia Federal a convoca-la, Camila confirma que trata-se de uma tentativa de cercear seu trabalho. “Eu acredito que estão querendo colocar medo na gente... Estou pronta para depor na Justiça, não tenho problema nenhum quanto a isso, porque acho que só estou exercendo a minha profissão”.
“Foi uma das maiores injustiças que eu já vi. Achei que nunca veria isso... Ver as famílias sendo tiradas de suas propriedades, sem o governo ter um lugar para colocá-las”, afirma a jornalista.
Camila, que mora na região do Araguaia, defende que o tratamento dado às famílias tiradas da Suiá-Missu não foi justo. “A gente não sabe o que o governo quer com isso... A Dilma diz que o Brasil é um país rico é um país sem miséria e sem pobreza, mas não é isso que a gente tem visto por aqui... Tenho sérios problemas emocionais depois do que eu vi ali... Eu não consigo admitir aquilo, até porque eu sou filha de produtores rurais. Eu nasci na roça, eu sei o que é trabalhar na roça, o que é plantar, o que é colher”.
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