Acordo que libera a entrada de carne bovina "in natura" do Brasil no mercado americano deve atrair novos compradores
Finalmente a liberação para exportação de carne bovina brasileira para os Estados Unidos deve ser oficializada nesta quinta-feira (28) em Washington.
O embargo que se arrastava desde 1999 marca um avanço para o mercado externo nacional, já que a comercialização será permitida também para regiões onde o gado é vacinado contra a febre aftosa. Até agora, eles só aceitavam carne de Santa Catarina que já era livre da doença.
Além da abertura de um novo mercado, o analista da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz, ressalta a importância do acordo "principalmente pela chancela que é acessar um mercado tão exigente como o norte-americano", dando a possibilidade de explorar o comércio com outros países que formam o bloco econômico com os EUA.
Apesar da oportunidade de fazer parte do mercado premium, que atualmente é dominado por países como Uruguai, Austrália, Nova Zelândia e Argentina, o analista lembra que de imediato os reflexos serão pequenos.
"Teoricamente se deslocássemos todos os outros exportadores poderíamos chegar a um teto de 60 mil toneladas, mas não é realista achar que de imediato iremos deslocar todo mundo", ressalta Ferraz.
Para ele os embarques efetivos para os EUA devem alcançar 20 mil toneladas nos próximos meses. É importante ressaltar, também, que no acordo os EUA impõem cotas para as exportações brasileiras, enquanto o Brasil não delimita a entrada de carne americana.
Cenário
Diante do consumo interno fraco, as exportações se tornaram neste ano uma importante via de escoamento da produção, colaborando para a receita das indústrias. Em meses de pico o país chegou a embarcar 110 mil toneladas, no entanto, com a queda do câmbio começou a afetar a competitividade da carne brasileira no mercado internacional.
Até a quarta semana - considerando dezesseis dias úteis -, as exportações somaram 64,4 mil toneladas, o que corresponde a uma média diária de 4,0 mil toneladas de acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Na comparação com junho deste ano, a média diária embarcada está 9,0% menor. Em relação ao mesmo período do ano passado, porém, o volume é 2,3% maior.
Para Ferraz "salvo o equivoco de uma política econômica que deixe o dólar cair abaixo de R$ 3,00" as exportações devem encerrar 2016 com saldo positivo frente ao ano anterior e, com condições de ampliar o mercado de carne bovina 'in natura' brasileira.
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