China compra mais 389 mil t de soja dos EUA nesta 4ª e mercado não reage em Chicago
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou, nesta quarta-feira (15), novas vendas de soja e milho para a China.
Foram 389 mil toneladas de soja e 132 mil toneladas de milho, sendo ambos os volumes da safra 2020/21. O anúncio é o segundo da semana, já que ontem o USDA já havia reportado operações com mais de 1 milhão de toneladas do cereal e 129 mil toneladas da oleaginosa.
A demanda da nação asiática continua bastante intensa por ambos os produtos e encontra combustível, principalmente, no setor de rações. A recomposição dos planteis chineses após a grave epidemia de Peste Suína Africana está acontecendo, ganhando força, mas ainda enfrentando algumas dificuldades.
Ainda assim, dá espaço também para melhores perspectivas para as exportações norte-americanas da safra 2020/21, especialmente de milho. A China tem feito grandes compras do grão no mercado dos EUA e a tendência é de que dê continuidade à este movimento. A compra desta terça (14) foi uma das maiores já feitas pela nação asiática no mercado americano.
"Nós sempre acreditamos que a demanda estava lá. Eles têm sofrido com a PSA, mas começam a tocar o sino da demanda, principalmente com estas compras de milho. E isso só mostra que quando os chineses estão no mercado eles podem, de fato, fazer as coisas se movimentarem", disse o CEO do Conselho de Grãos dos EUA, Ryan LeGrand, ao portal americano Agri-Pulse.
LeGrand destaca, além da suinocultura, um aumento da produção avícola na China e da continuidade do crescimento na aquicultura, além do incremento um pouco mais tímido na produção de outras proteínas, mas que também têm grande importância.
Números do USDA mostram que o consumo de carnes de aves pelos chineses poderia alcançar as 25 milhões de toneladas em 2020, contra 23 milhões de 2019 e 19 milhões de 2018. Entre os suínos, a perspectiva é de que a recuperação dos planteis possa chegar, ainda este ano, aos 70%. Assim, a perspectiva é de que o aumento da demanda por rações na China seja de 12% este ano.
REAÇÕES DO MERCADO
A notícia de novas compras pelo país asiático nos Estados Unidos, todavia, já exercem um impacto raso sobre o andamento das cotações na Bolsa de Chicago. Como já explicaram analistas e consultores, o mercado chegou a uma "exaustão especulativa" e precisaria de uma presença muito mais agressiva da demanda chinesa para encontrar espaço para ganhos consistentes.
Mesmo com o reporte do USDA, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago, por volta de 11h (horário de Brasília), subiam apenas de 1,50 a 3,75 pontos nos principais contratos, com o novembro valendo ainda US$ 8,79 por bushel. Entre os preços de milho eram registradas pequenas baixas de pouco mais de 1 ponto nos vencimentos mais negociados, com o dezembro sendo cotado a US$ 3,32.
Para Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest Commodities, o mercado ainda está bastante pressionado pelo sentimento de que os EUA tem uma oferta de soja ainda maior do que o atualmente estimado. A consultoria calcula que os estoques finais da safra 2019/20 acima de 20 milhões de toneladas e uma produção de 115 milhões de toneladas de soja na safra atual, ou seja, uma oferta total de 135 milhões.
Araújo complementa ainda explicando que a China está bem abastecida pela soja brasileira e que precisaria ainda comprar nos EUA, entre outubro e janeiro, cerca de 20 a 25 milhões de toneladas, volume que não causaria grandes impactos ao andamento dos preços neste momento.
"As compras ainda estão lentas porque toda essa oferta nos EUA seria uma garantia para a China comprar da mão para a boca e garantir seu suprimento", diz. "As exportações americanas estão muito fracas".
Mário Mariano, analista de mercado da Novo Rumo Corretora, complementa ainda afirmando que os EUA precisariam embarcar perto de 900 mil toneladas de soja por semana para alcançar a estimativa do USDA de exportações de 45 milhões de toneladas da safra 2019/20. No entanto, nas últimas semanas, o volume embarcado não tem conseguido superar 500 mil.
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