Os preços dos grãos negociados na Bolsa de Chicago dispararam na sessão desta segunda-feira (29). Os contratos futuros do milho terminaram o dia no limite de alta - 40 pontos positivos -, a soja registrou ganhos entre 22,75 e 41 pontos, e o trigo subiu de 21 a 24,25 pontos.
O principal fator que impulsionou as cotações foi o clima adverso nos Estados Unidos. O plantio da nova safra norte-americana se inicia sob um clima bastante desfavorável com baixas temperaturas, chuvas excessivas - que já causam o alagamento de importantes regiões produtoras -além das geadas.
Com isso, os trabalhos de campo tanto para o milho quanto para o trigo no país já estão bem atrasados, tanto em relação ao ano passado quanto à média histórica, e isso já vem sendo refletido pelos preços. Nesta segunda-feira (29), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) atualiza seu relatório de acompanhamento de safra e deverá confirmar essa situação.
"O mercado está esperando que possam acontecer mais alagamentos e o plantio possa atrasar mais um pouco. O que se espera para o relatório de hoje é de que o plantio venha abaixo dos 10% contra uma média de mais de 30%", explica o analista de mercado Paulo Molinari, da Safras & Mercado.
Ainda de acordo com o analista, até agosto o mercado de grãos deverá ficar bastante sensível ao andamento do clima nos Estados Unidos, já que são essas informações que irão tirar ou colocar alguns pontos nas cotações daqui em diante.
"Até o momento, a certeza absoluta é de que a safra está bastante atrasada, o que vai atrasar, consequentemente, a colheita também, trazendo, portanto, alguns pontos também para a safra velha", afirma Molinari.
No mercado da soja, outro fator positivo ainda é o cenário de fundamentos. A demanda pela soja norte-americana continua muito aquecida e a oferta do país está muito escassa, já que quase todo o seu volume destinado à exportação já foi vendido.
O quadro acaba oferencendo suporte para os preços da soja também no mercado físico dos EUA, já que, segundo analistas, diante desse potencial de alta, os produtores vêm segurando sua safra à espera de preços melhores.
"A partir de amanhã nós entramos no período de entrega dos contratos de maio tanto para a soja quanto para milho. Nós sabemos que o mercado físico nos Estados Unidos tem pouco produto, com compras difíceis, trabalhando com níveis acima dos que estavam sendo operados na Bolsa", explica Glauco Monte, analista de mercado da FCStone.
Paralelamente, um dia positivo para o mercado financeiro contribuiu para as altas no mercado de commodities, inclusive entre as agrícolas, uma vez que o sentimento de aversão ao risco era maior, fator que acabou atuando como um catalisador para as altas.
Às 17h30 - USDA: Plantio do milho nos EUA segue muito atrasado e está concluído em 5% da área
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou nesta segunda-feira (29) mais uma relatório de acompanhamento de safra indicando o plantio de milho concluído em apenas 5% da área do país até o último dia 28. A evolução em relação à semana anterior foi bastante tímida, de apenas 1 ponto percentual, quando a semeadura estava concluída em 4%.
Nesse mesmo período do ano passado, o número já estava em 49% e a média dos últimos cinco anos é de 31%.
Já o plantio do trigo de primavera evoluiu de 7% para 12% da área até o
dia 28 de abril. Em 2012, nesse mesmo período, o índice já era de 70% e a média dos últimos cinco anos indica os trabalhos de campo em 37%.
Veja como ficaram os preços dos grãos no fechamento desta segunda-feira:
>> TRIGOFechamento do mercado interno
Por Fernanda Custódio
Os preços da soja praticados no mercado interno brasileiro registraram um aumento nesse início de semana, acompanhando o movimento altista na Bolsa de Chicago. O número de negócios no Brasil também apresentou uma melhora, mesmo que em pequenos lotes. A soja foi negociada nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Goiás e São Paulo.
Na cidade de Passo Fundo (RS), a saca de 60 kg da oleaginosa avançou de R$ 56,50 para R4 57,50. No porto de Rio Grande, os preços subiram de R$ 61,00 a saca para R$ 62,00. Da mesma forma, em Cascavel (PR) a cotação passou de R$ 54,50 para R$ 55,00. Já em Rondonópolis (MT) o aumento foi pouco expressivo, a saca da oleaginosa passou de R$ 48,20 para R$ 48,50. Enquanto que em Dourados (MS), o grão foi negociado a R$ 51,00, o valor anterior era de R$ 50,00.