Índios invadem, depredam e saqueiam sede da Cambará, em Iguatemi/MS

Publicado em 06/08/2013 17:29 e atualizado em 29/02/2020 21:29

Na última segunda-feira (5), por volta das 16h, cerca de 30 índios da etnia Guarani-Kaiowá invadiram a sede da fazenda Cambará, no município de Iguatemi/MS. A lateral da casa foi cercada por indígenas que ameaçaram o capataz da propriedade, Vanderlei Pereira, e sua família. 

Pereira conseguiu deixar a propriedade com sua esposa e dois filhos pequenos e apenas com a roupa do corpo, porém, seu carro guarda as marcas de pedradas e pauladas que o atingiram na saída. "Eles chegaram gritando, dando ordens para que a gente saísse e soltando fogos na casa. Nós só não fomos machucados e até mortos porque fomos rápidos para sair", disse o capataz. 

Depois de invadida, a casa foi depredada e os principais itens de valor e as compras de alimentos e suprimentos para o dia a dia foram saqueadas. "O que eles não levaram, destruíram". 

A Cambará já está invadida há cerca de dois anos por índios Guarani-Kaiowá, da aldeia Sosoró, porém, a sede nunca havia sido invadida antes. "Tem um acampamento dos índios na fazenda, mas nunca aconteceu deles virem até aqui na sede. Mas dessa vez eles atravessaram o rio e vieram fazer isso. E alguns estavam encapuzados e outros com a cara pintada", relatou Vanderlei Pereira à equipe do Notícias Agrícolas. 

O proprietário da fazenda Cambará, em Iguatemi, Osmar Bonamigo, tem o título da propriedade há mais de 90 anos. 

Conflitos no MS - As invasões em propriedades rurais por índios já acontecem há muitos anos no Mato Grosso do Sul e as duas frentes continuam aguardando soluções efetivas para o problema. Porém, a reunião da comissão criada para tentar resolver os conflitos que tinha até o último dia 5 para apresentar medidas foi adiada para quarta-feira (7). 

"Os caminhos jurídicos, os valores das áreas e as prioridades são absolutamente definidas, agora, o governo federal tem que ter vontade política de definir o orçamento e colocar na mesa para que essa solução seja encaminhada", disse o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) Eduardo Riedel ao G1 MS. 

Ainda segundo informações do G1, a comissão deverá utilizar o relatório do Conselho Nacional de Justiça, aprovado no dia 24 de julho, que traz seis caminhos para colocar um fim nos conflitos do Mato Grosso do Sul. 

No link abaixo, confira uma reportagem feita pelo jornalista João Batista Olivi sobre as invasões de propriedade no MS, entre elas a fazenda Cambará, em Iguatemi, município onde a Funai pretende criar a nação Guarani. A reportagem foi realizada em abril deste ano. 

>> Reportagem - Conflitos agrários em MS

E veja ainda, no link a seguir, a notícia do adiamento da reunião para a apresentação de soluções para o conflito no MS:

>> Comissão adia anúncio de propostas para solucionar conflito em MS

Indígenas ignoram Justiça Federal e saqueiam propriedade

Apesar da determinação da Justiça Federal, para que os indígenas permanecem em 100 hectares da Fazenda Cambará, localizada em Iguatemi, o produtor rural Osmar Bonamigo teve a sede da propriedade invadida e saqueada por Guaranis Kaiowá. O mesmo grupo que invadiu a área da fazenda no ano passado, avançou para a sede nesta segunda-feira (5) e, segundo Boletim de Ocorrência registrado na delegacia do município, furtou pertences da família. A Força Nacional e a Polícia Federal (PF) vistoriaram o local na manhã de hoje (6), depois que os indígenas se retiraram.
 
De acordo com o advogado do produtor, Armando Albuquerque, o BO e os documentos referentes ao crime serão apresentados à desembargadora federal do Tribunal Regional Federal 3ª Região, Cecília Mello, relatora do processona segunda instância. O advogado do produtor também afirma que a PF investigará o caso. “A Polícia Federal fotografou o local e fará busca dos objetos roubados”.
 
Como em outras invasões, os indígenas estavam encapuzados e utilizaram rojões e pedaços de madeira, enquanto outros dois grupos bloqueavam as estradas que dão acesso à propriedade. O caseiro, que também teve bens subtraídos, foi expulso com sua família e buscou abrigo em propriedade vizinha.
 
A Fundação Nacional do Índio (Funai) formou grupos de estudos – primeiro passo do processo demarcatório – para análise de três novas terras indígenas na região, a Iguatemi-Pegua I, II e III.  A Terra Indígena Iguatemi-Pegua I, com portaria já publicada, abrange área de 41,5 mil hectares, o que equivale a 14% do município de Iguatemi. As Terras Indígenas Iguatemi-Pegua II e III, caso publicadas, abrangerão 5% de Amambai, 25,2% de Paranhos, 28,9% de Tacuru, além de 53,1% de Coronel Sapucaia, em um total de 159,8 mil hectares.
 
A Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Sistema Famasul) entregou no início do ano à presidente da República, Dilma Rousseff, documento relatando o impacto da demarcação dessas terras à economia do Estado. A área inclusa nos estudos da Funai corresponde a 21% do território sul-mato-grossense e gera 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, que conta com 66 propriedades invadias. Amanhã (07), o presidente da Federação, Eduardo Riedel, participa de reunião agendada com o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para tratar das invasões.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas + Famasul

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário