Globo.com: Saiba o que já acordado para a aprovação do novo Código Florestal
Por isso, 5,3 milhões de produtores rurais espalhados pelo país estarão de olho em Brasília. Entre eles os agricultores de Capanema, no Paraná. Eles chegaram à região no início da década de 60 e ocuparam a margem do Rio Iguaçu. Desmataram para receber financiamento dos bancos.
“Não podia ter mato. Eles iam ver a área - se estivesse limpo, eles financiavam”, conta Luiz Possan. Ele e outros 80 produtores foram multados em 2008 pelo desmatamento do passado, por plantar muito próximo de uma APP, - área de preservação permanente, onde é proibido retirar a vegetação natural e plantar. É um local frágil, por onde escoa a água que chega aos rios.
Arte Código Florestal 21h10 28/04 (Foto: Editoria de Arte / G1)
O Rio Iguaçu, na altura da propriedade, tem mais de 800 metros de largura. Se o Código Florestal for aplicado com rigor, não se poderia plantar nada em uma distância de 500 metros da margem do rio.
Busca de consenso
“Há uma vontade política tanto de ambientalistas quanto de agricultores de aproximarem as suas opiniões, de abrirem mão das suas convicções e de, a partir disto, construírem consenso que viabilizem a votação do novo Código Florestal. Dos pontos que envolvem hoje o novo Código Florestal, 98% nós temos acordo”, diz Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara.
Há acordo sobre o tamanho das áreas de preservação permanente (APPs). A área máxima de largura da APP vai continuar em 500 metros. A única mudança será a redução de 30 para 15 metros da faixa mínima de vegetação que deve ser recuperada às margens dos rios com até 5 metros de largura.
O café, a maçã, a uva, e outras culturas já consolidadas em encostas de morro não serão retiradas, mas terão que adotar técnicas de conservação do solo e da água. As multas aplicadas antes de julho de 2008 serão perdoadas desde que o produtor entre num programa de recuperação de áreas degradas. Acordo que agrada aos ambientalistas.
“A gente é contra a anistia ampla, geral e irrestrita porque o Brasil é um país de democracia muito recente. A pior coisa para o Brasil é o desrespeito à lei”, argumenta Paulo Adário, diretor do Greenpeace no Brasil.
Ainda há divergências sobre a reserva legal, a área de mata nativa que deve ser preservada dentro de uma propriedade rural. O relator do novo código, deputado Aldo Rebelo (PT-SP), vai manter a proposta que desobriga os pequenos agricultores de recompor a reserva legal. “Temos um acordo para a reserva legal, ou seja, todos estarão obrigados a ter reserva legal", afirma.
"Estamos em busca de uma solução para as pequenas propriedades que são aquelas, segundo a lei, de até quatro módulos fiscais”, explica o deputado. “A minha ideia é que essa propriedade declare como reserva legal a vegetação nativa existente ou remanescente até, por exemplo, a data de 2008”.
Propriedades maiores sem reserva legal terão 20 anos para recompor a vegetação. Falta decidir o prazo para quem quiser alugar ou comprar uma outra área para compensar a falta de reserva da fazenda. O relator quer 5 anos e o governo, apenas um ano.
'Adoção de árvores'
Manter a mata intacta em área de preservação permanente pode ser lucrativo. Em Santa Catarina, há um projeto que reúne agricultores para criar um mercado de adoção de árvores.
O projeto vai doar 500 mil mudas para pequenos agricultores e ajudá-los a ganhar dinheiro com as mata de pé. “Essas mudas vão ser plantadas e posteriormente elas serão comercializadas ou adotadas por empresas que necessitem cumprir a sua meta ambiental e fiscal” , diz o engenheiro agrônomo José Luiz Carraro.
“Nossa intenção é que isso passe a ser importante na fonte de renda da família agricultora, assim como é o milho, o feijão, os produtos orgânicos que ele vá produzir nessa s áreas de preservação permanente”.
Abaixo, segue um infográfico ilustrando o que muda com o projeto do novo Código Florestal:
Reserva legal no Código Florestal divide agricultores e ambientalistas
Novo projeto está em discusão no Congresso. Reserva legal é a área a ser conservada nas propriedades rurais.
Na discussão do novo Código Florestal, que acontece no Congresso, ambientalistas e produtores ainda estão longe de um acordo sobre o tamanho da reserva legal, a área de mata que os agricultores, por lei, precisam deixar preservada em suas propriedades.
Em Uruguaiana, na fronteira do Brasil com a Argentina, está um dos mais eficientes polos de produção de arroz do mundo. E também uma trincheira contra a reserva legal. “O pampa, ao natural, não tem árvores, ninguém desmatou essas áreas. Então, reserva legal não vai acrescentar em nada”, diz o produtor Ramiro Toledo.
O professor Heinrich Hasenack, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, se especializou no estudo do pampa gaúcho. Ele defende a reserva como vital para o equilíbrio de qualquer ambiente. “Queremos e temos interesse de conservar todo tipo de paisagem. Se isso vale para uma região, deve valer para outra também”, diz.
O projeto do novo código florestal em debate na câmara dos deputados propõe três tamanhos de reserva legal: 80% para imóveis na Amazônia Legal, 35% em área de cerrado e 20% nas demais regiões do país.
O projeto inova ao autorizar que a área de preservação permanente - APP - locais frágeis à beira de rios, topos e encostas de morro - seja usada para compor a reserva legal, o que atualmente não é permitido.
A Confederação Nacional da Agricultura resiste à exigência de deixar uma parte da propriedade intocada. “Não é justo com os brasileiros que possamos diminuir a área de produção de alimentos para depois importar alimentos de países que não têm código florestal e muito menos reserva legal”, diz a presidente da CNA, Kátia Abreu.
Os ambientalistas defendem a reserva legal como um benefício também para a agricultura brasileira. “A gente tem uma imensa oportunidade de criar uma marca ‘made in Brazil’ igual a ambientalmente correto, sem contribuir para o desmatamento e sem contribuir para o aquecimento global”, argumenta Carlos Scaramuzza, da organização WWF.
A recomposição da reserva legal não se fará do dia para a noite. Quem desmatou mais do que podia terá até vinte anos para recuperar a vegetação. Vai poder também alugar de quem tem reserva em excesso. Ou comprar uma outra área para compensar a falta de reserva da fazenda.
Foi o que fez a família Smaniotto, de Sorriso, Mato Grosso, que comprou uma área de cerrado a 600 quilômetros de distância, em Santo Antônio do Araguaia, onde o hectare custa R$ 600, contra R$ 10 mil reais em Sorriso. “Fica difícil para a gente tirar uma área dessa para plantar uma árvore, sem fins lucrativos”, argumenta Henrique Smaniotto
Compensação
O projeto do novo Código Florestal propõe a compensação dentro do mesmo bioma, que pode ir de uma ponta a outra do país. Ambientalistas querem reduzir essa distância para a mesma bacia hidrográfica, área sob influência de um grande rio.
Gerd Sparovek, especialista da USP, defende a análise de caso a caso. “A maioria das cidades do Sul e Sudeste não tem áreas disponíveis para fazer a compensação no mesmo estado. Já Paragominas, no Pará, cadastrou agricultores e pecuaristas e constatou que tem áreas para compensar dentro do próprio município”. Existe uma relação de propriedades que tem passivo e uma relação de propriedades que tem cota excedente de reserva florestal.
O problema é grave também nas pequenas propriedades. José Mello chegou a Alta Floresta, Mato Grosso, em 1976, quando a ordem era desmatar e ocupar a terra para conseguir financiamento nos bancos. Hoje, usa 57 hectares para criar 50 cabeças de gado. Dezenas de agricultores do município vivem situação semelhante.
“Se for para reflorestar 80%, a maioria deixaria a terra. Não tem dinheiro para reflorestar e não tem como sobreviver em pouco espaço”, diz o agricultor. O projeto do novo Código desobriga os pequenos agricultores de recompôr a reserva legal. Mas quem ainda têm a mata de pé deve preservá-la.
"Se ao pequeno proprietário você impõe a reserva legal, você pode tornar a atividade econômica dele inviável”, justifica o relator do projeto, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Os ambientalistas temem que a mudança facilite o desmatamento. Defendem a recuperação das áreas com incentivos oficiais e uso das terras para o extrativismo, como a produção de sementes e mel.
4 comentários
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wagner martins Maringá - PR
Ola,sou bisneto de agricultor moro na zona rural e acho muito importante a preservaçao do meio ambiente,mais nao somos somente nos os agricultores responsaveis por tamanhas tragedias climaticas,onde moro por exemplo existia um rio onde muioto pesquei quando criança,hoje oque existe la e um esgoto a ceu aberto nem larvas de mosquito da dengue nasce naquela agua.As app estao todas formadas dentro da lei,mais medidas tem q ser tomadas para parar a poluiçao das cidades e indenizarquem esta recebendo toda esta poluiçao.
Vilson Ambrozi Chapadinha - MA
Pòr aqui ,onde resido a 25 anos ,MARANHÃO,principalmente na Baixada Maranhense 90% das pessoas que vivem no meio rural,ou residem ou plantam e criam à margem dos rios,o Rio Parnaiba,possui ao redor de 1200 km de comprimento e em suas margens desnudas vivem milhares de pessoas.Em suas margens existem centenas de lagoas em cujo leito é plantado o arroz de muda ,ru disse de muda,isto é :quando a lagoa baixa o arroz é arrrancado e mudado para mais adentro da lagoa .e é daqui que o dep Sarney Filho busca força(votos) para defender a ilegalidade de seus eleitores,amaioria de seus votos são do s grotões dos chamados ribeirinhos ,que por serem muito pobres são presa facil dos apadrinhados da familia .,os cabos eleitorais.aregimentados com dinheiro de contribuintes.Alguém ,ou algum deputado poderia indaga-lo sobre "COMO ELE ADMINISTRA ESTA POSIÇÃO AMBIGUA,a de dar uma mão aos ambientalistas e pedir votos aos ribeirinhos CRIMINOSOS.
Giovanni Rezende Colinas do Tocantins - TO
Trabalho em uma propriedade que em sua primeira escritura dizia ser "cerrado...". Hoje ela é classificada como em "Bioma Amazônico". À época da abertura dela, a lei dizia ser necessário a preservação de 20% de sua área. A classificação do proprietário junto aos bancos é de médio. Médio em pecuária, pois é o que existe na região, quer dizer micro em relação à agricultura. A situação é muito mais complexa do que parece. 80% de Reserva Legal vai expulsar aproximadamente 60% da população dessa região. O problema social não foi mensurado na Capital Federal, ou melhor, na "Ilha da Fantasia". Estão resolvendo os problemas do Nordeste, Sul e Sudeste do país, e deixando o Norte em situação crítica. O centroeste de forma intermediária. A Constituição Federal de 1.988, além de determinar o respeito ao Direito Adquirido, ao Ato Jurídico Perfeito e à Coisa Julgada, criou o FNO, o FNE, e o FCO para diminuir as desigualdades sociais entre as regiões do nosso Brasil. A falta de conhecimento das políticas públicas pré e pós governos militares, a falta de coerência, e a sucumbência aos interesses internacionais, mostram a falta de capacidade intelectual, e de patriotismo, de nossos governantes. A "MASSA" não tem noção que essas regiões em que serão suprimidas a condições do "ganha pão" de uma multidão de pessoas, exportarão essa população para essas regiões "privilegiadas". Aumentem seus efetivos policiais e o tamanho do "Bolsa Família", pois vários brasileiros que se deslocarão do Norte rumo ao Sul do Brasil, estarão à procura de seu "ganha pão". Esses outros brasileiros provavelmente, " vão invadir a sua praia".
reginaldo massuia nhandeara - SP
sou um pequeno produtor rural e me sinto um inutil perante essas pragas de ambientalistas e politicos que nao estao nem ai com o produtor rural, essas ongs saem de seus paises de origem onde nao se tem uma app e nem reserva legal e vem para o brasil atazanar a vida do produtor rural, e o pior é que tudo o que acontece com o meio ambiente é culpa do produtor rural, que alem de colocar comida quase de graça na mesa do povo da cidade, ainda tem que fazer reserva legal com o seu dinheiro e perdendo parte do seu patrimonio, pq essas pragas de politicos e ambientalistas nao vao na cidade mexer com o pessoal dela, pois é la que vem toda a poluiçao dos rios e outros tipos de poluiçao, pq nao vao la exigir que cada quintal tenha 20% de reserva pra plantar arvore, cade as apps nas beiras dos corregos que crusam as cidades, constroem avenidas encima dos corregos, mas la nao vao mexer, pq la perdem votos e ainda enfrentam protestos e mais protestos, entao o mais facil e colocar como sempre, tudo nas costas do produtor rural, chegamos a uma situaçao que nao tem mais jeito, ou o produtor rural acorda e vai a luta ou vamos viver a vida toda dando comida de graça e fazendo tudo o que os espertos querer que a gente faz, chega, tem q dar um basta nisso!!!!!