
MS: índio morre e quatro ficam feridos em confronto com a polícia
Um índio terena morreu e quatro ficaram feridos na manhã desta quinta-feira após confronto entre a polícia e tribos índigenas na Fazenda Buriti, em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande (MS), de acordo com informações da Polícia Militar. Os indígenas cercaram a polícia que cumpria mandado de reintegração de posse, segundo a PM.
Segundo a polícia, os cinco indígenas chegaram a ser encaminhados ao Hospital Elmíria Silvério Barbosa, mas um deles, que havia sofrido uma perfuração a bala na região abdominal, não resistiu aos ferimentos. Os outros foram encaminhados para a Santa Casa de Campo Grande.
Os indígenas reivindicam uma área de 17,2 mil hectares, mas a Justiça mandou que desocupassem o local em favor dos proprietários das terras, segundo a assessoria de imprensa da Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul. Na região vivem nove aldeias e cerca de 4,5 mil índios, conforme a procuradoria.
O clima na área é de confronto. PMs da Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais (Cigcoe) usam balas de borracha e bombas de efeito moral para tentar controlar e retirar do local os índios, que estão armados com lanças e revidam atirando pedras. Alguns agentes da PF também ficaram feridos.
O Hospital Elmíria Silvério Barbosa, em Sidrolândia, confirmou a morte e a transferência de um dos feridos para a Santa Casa em Campo Grande. Outros três indígenas permanecem hospitalizados em Sidrolândia.
A sede da fazenda chegou a ser incendiada pelos indígenas, mas o fogo foi controlado pelo Corpo de Bombeiros.
O acesso para a propriedade está bloqueado. Foram encaminhados para o local quatro ônibus e pelo menos cinco viaturas do Cigcoe, pelo menos dez viaturas da Polícia Federal e duas dos Bombeiros. Após o confronto, a PM mandou mais equipes para o local, de acordo com o comandante da corporação, coronel Carlos Alberto David dos Santos.
“Determinei a ida das equipes táticas de três batalhões de Campo Grande. Mandei também mais policiais da Cigcoe e mais munições”, afirmou. Segundo ele, a decisão foi tomada após a informação de que os terenas incendiaram a sede da fazenda e resistiram à desocupação. A quantidade de agentes não foi divulgada.
Conflito
A fazenda Buriti foi a primeira a ser ocupada, no dia 15 de maio, e única que ainda continua com indígenas dentro de seus limites. Os terena também chegaram a entrar em outras três propriedades, já desocupadas. Um mandado de reintegração de posse para a Buriti foi expedido pela Justiça no mesmo dia da invasão, mas foi suspenso no último dia 20 em razão da reunião de conciliação que já estava marcada para quarta-feira (29).
Segundo a Funai, os indígenas reivindicam aceleração do processo de demarcação e não querem deixar o local.

Sem acordo
Indígenas e produtores reuniram-se em audiência de conciliação na quarta-feira, mas não houve acordo e a Justiça determinou, então, que a desocupação fosse imediata.
Ronaldo José da Silva, juiz substituto da 1ª Vara Federal de Campo Grande, afirmou que a reunião foi "infrutífera", estipulou multa diária de R$ 10 mil para as pessoas que impedirem o cumprimento da reintegração de posse e determinou que a Fundação Nacional do Índio (Funai) comunicasse os índios sobre a decisão.
Briga judicial
A Terra Indígena Buriti foi reconhecida em 2010 pelo Ministério da Justiça como de posse permanente dos índios da etnia terena. A área, localizada entre Dois Irmãos do Buriti e Sidrolândia, foi delimitada em portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU) e abrange 17.200 hectares.
Após a declaração, o processo segue para a Casa Civil, para a homologação da presidência da República, o que ainda não foi feito. Durante nove anos, as comunidades indígenas aguardaram a expedição da portaria declaratória. O relatório de identificação da área foi aprovado em 2001 pela presidência da Funai, mas decisões judiciais suspenderam o curso do procedimento demarcatório.
Em 2004, a Justiça Federal declarou, em primeira instância, que as terras pertenciam aos produtores rurais. A Funai e o Ministério Público Federal recorreram e, em 2006, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) modificou a primeira decisão e declarou a área como de ocupação tradicional indígena.
No entanto, os produtores rurais entraram com recurso de embargos de infringentes e conseguiram decisão favorável em junho de 2012.
Filho de indígena morto após saber da morte do pai, em hospital. (Foto: Marcos Tomé/ Região News)

3 comentários

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Para aproveitar as novas oportunidades que surgem será necessário aumentar a produtividade
Renato Ferreira Dourados - MS
São esses vândalos que querem terra para produzir alimentos?
Izabel Lima Mococa - SP
Era o que a funai precisava e todos aqui já previam...Agora a funesta autarquia já tem seu cadáver para legitimar seus atos insanos e antidemocráticos...
Edison tarcisio holz Terra Roxa - PR
funai tem que ser responsabilizada junto com ministro da injustisa